segunda-feira, outubro 31, 2005
Drummond faria 103 anos.
Este foi o Drummond que eu conheci e amei, não amor físico apenas afeto.
Esta entrevista está ótima, mostra bem a rapidez das respostas dele, o jeito matreiro, ele era muito divertido, leve. A entrevista é datada de 15 agosto, mas deve ter sido feita bem antes, a filha dele morreu em agosto, na ocasião da entrevista ainda vivia, ele evita falar nisto, vivia um drama com a filha com câncer, num colchão de água, muito triste.
Ainda não digitei a crônica que fez para mim, tenho preguiça, é grandinha, um dia digito, sou péssima aqui no teclado.
Drummond gostava de falar no telefone à noite depois que Dolores ia dormir, tomava um licor, ele dizia, ouvia música clássica e se soltava, fazia perguntas que me perturbavam, dizia que eu não deveria me encabular afinal sou psicanalista, era muito sacana. Tenho saudades e choro quando ouço a voz dele tão conhecida em gravações. Estranha a vida, nos conhecemos ele já velhinho, eu cheia de vida, exuberante, cheia de cachos, saltos muito altos, ele se encantou. Um dia me beijou na rua, quase morri de vergonha, não conto detalhes, acho desnecessário, eu fiquei preocupada, eu não queria namorá-lo, eu tinha um amor, uma paixão intensa na época e ele sabia.
Como vocês já sabem devo meus dois filhos a Drummond, quem não conhece a história leia aqui.
Mundo grande
Ouça na voz dele aqui.
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que ele estale.
Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos – voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)
Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.
Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.
Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.
Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos.
À meia-noite, pelo telefone
À meia-noite, pelo telefone,
conta-me que é fulva a mata do seu púbis.
Outras notícias
do corpo não quer dar, nem de seus gostos.
Fecha-se em copas:
“Se você não vem depressa até aqui
nem eu posso correr à sua casa,
que seria de mim até o amanhecer?”
Concordo, calo-me.
Sugar e ser sugado pelo amor
Sugar e ser sugado pelo amor
no mesmo instante boca milvalente
o corpo dois em um o gozo pleno
que não pertence a mim nem te pertence
um gozo de fusão difusa transfusão
o lamber o chupar e ser chupado
no mesmo espasmo
é tudo boca boca boca boca
sessenta e nove vezes boquilíngua.
Ouça mais se quiser aqui.
Mais Drummond nos meus arquivos. Leia aqui também.
sábado, outubro 29, 2005
O sapo sorri?
Eu adorei esta foto, tks Paulo- PPsam, você tem mandado fotos lindas.
A gente não se sente às vezes assim, se agarrando como pode?
Muito engraçado o sapinho. Hoje estou alegrinha, que bom, não há motivo especial, apenas em paz e feliz interiormente.
Leiam isto, está engraçado, recebi pela internet, deve estar rolando por ai, é muito divertido, vou dividir com vocês, dá vontade de continuar brincando e acrescentar mais coisas, Denise vai gostar. Gente, é brincadeira, nada de patrulha, hein?
Mulheres.
Não sei por que ninguém entende as mulheres...
Fazer uma mulher feliz é muito fácil. Só é necessário ser:
1) Amigo
2) Companheiro
3) Amante
4) Irmão
5) Pai
6) Chefe
7) Educador
8) Cozinheiro
9) Mecânico
10) Canalizador
11) Decorador de Interiores
12) Estilista
13) Eletricista
14) Sexólogo
15) Ginecologista
16) Psicólogo
17) Psiquiatra
18) Terapeuta
19) Audaz
20) Simpático
21) Desportista
22) Carinhoso
23) Atento
24) Cavalheiro
25) Inteligente
26) Imaginativo
27) Criativo
28) Doce
29) Forte
30) Compreensivo
31) Tolerante
32) Prudente
33) Ambicioso
34) Capaz
35) Valente
36) Decidido
37) Confiável
38) Respeitador
39) Apaixonado
40) Sensível
41) RICO
E é muito importante ainda, não esquecer as datas: Aniversário, noivado, casamento, formatura, menstruação, data do primeiro beijo.
E também: Aniversário da tia, irmão ou irmã mais querida, dos avós, da melhor amiga, do cachorro e do gato.
Como ganhar pontos com a mulher:
Veja como ganhar e perder pontos com uma
mulher!!!
1) Tarefas simples
- Você faz a cama (+1)
- Você deixa a tampa da privada levantada (-5)
- Você troca o papel higiênico que acabou (+2)
- Você vai ao mercado só pra comprar papel higiênico (+5)
- Na chuva (+8)
- Mas retorna com cerveja (-15)
- Você levanta de noite, pois ela ouviu um barulho estranho (0)
- Você levanta de noite, mas o barulho não foi nada (0)
- Você levanta de noite e o barulho era de um rato (+5)
- Você mata o rato (+10)
2) Social
- Você fica ao lado dela a festa inteira (0)
- Você vai beber ao lado dos amigos (-2)
- Entre os amigos está uma mulher chamada Fernandinha (-4)
- Fernandinha é loira e magra (-16)
- Fernandinha o conhece (-180)
3) O aniversário dela...
- Você a leva para jantar fora (0)
- Leva para jantar fora e não é o restaurante de sempre (+1)
- É o restaurante de sempre (-2)
- É um boteco (-3)
- É um boteco e a TV está mostrando futebol (-10)
4) Passeios com amigos
- Você sai com um amigo (-5)
- O amigo é solteiro (-14)
- O amigo é cheio de namoradas (-27)
- O amigo dirige um conversível (-180)
- A Fernandinha vai junto!!! (-500)
5) Uma noite fora
- Você a leva para o cinema (+2)
- Para ver um filme que ela gosta (+4)
- Para ver um filme que ela gosta e você odeia (+6)
- Você a leva para ver um filme que você gosta (-2)
- O filme se chama ´O massacre da serra elétrica III´ (-13)
- Você mentiu e disse que seria um filme francês de amor (-135)
- Na saída do cinema você encontra a Fernandinha e ela faz "aquela" cena:
Queriiiiiiiidooooo, há quanto tempo!!!" (-750)
6) Grandes questões
- Ela pergunta "Eu estou gorda?"(-1) (é amigo, nessa você perde um ponto de qualquer jeito!)
- Você diz que não (-10)
- Você pensa antes de responder (-35)
- Você diz que gosta dela mesmo que ela esteja gorda (-280)
- Você faz comentários a respeito do corpo da Fernandinha (-450)
7) Comunicação (ela quer te contar algo)
- Você ouve com uma expressão atenta (0)
- Você ouve por mais que 30 minutos (+5)
- Ouve por mais q 30 minutos s/ olhar para a TV (+10)
- Ela percebe que você está dormindo de olhos abertos (-320)
- Você balbucia o nome da sua amiga Fernandinha, enquanto está dormindo de olhos abertos (-1.000.000 + divórcio + pensão pro resto da vida)
Você percebeu que agradar uma mulher não é tarefa tão difícil assim.
Basta um pouco de boa vontade...
AAHHH!! E Não ter uma amiga chamada Fernandinha, ou qualquer outra INHA,
assim como Fe, Lia, Ma, Ka, Lú, Pat, etc
Tá vendo... é tão simples... e ainda existem aqueles que não conseguem...
francamente!
Bom domingo moçada.
sexta-feira, outubro 28, 2005
Mini conto. A herança da avó.
Araucaria. Foto Ana Moraes.
Ela sempre foi velha, tinha mais de 50 quando eu nasci, vestia saia preta até as canelas, meias de lã grossas, sapatinho preto em pés muito pequenos, nunca saia de casa, fazia a comida todos os dias, cheirava a alho.
Não sorria, nem fazia carinhos nos netos, era soturna.
A casa vivia fechada, tinha não sei quantas fechaduras, corrente, chaves, numa época em que ladrões roubavam galinhas nos quintais.
Ao entrarmos no longo corredor escuro ao entardecer:
-Vó onde você está?
-Aqui na sala.
E lá estava ela sentada no sofá, mal a víamos, silêncio total.
No quintal havia morangos, poucos, nem bem amadureciam, ela catava e dava um para cada neto. Naquele quintal matava galinhas torcendo o pescoço, impregnada naquele cheiro nauseante de penas na água quente.
A coberta de cama tinha cheiro de sol, era preciso colocar na janela para evitar o mofo, um acolchoado de penas de ganso, os travesseiros...
Fomos embora para muito longe. Um dia voltei, ela agora realmente velha, beirava os 80 anos, pela primeira vez me olhou com carinho ao se despedir e chorou. Não sei se chorou por saber que estava se despedindo da vida ou por mim.
Que delícia de foto.
Abud escreveu um conto excelente dia 25 de outubro, fortíssimo, erótico, vão ler.
Lucia fez uma crônica divertidíssima ontem, vão rir, aliás, todos os dias ela me faz rir. E hoje é seu aniversário acabo de descobrir, agora de noite.
Leila tem feito posts ótimos sobre o que acontece lá nos States, confira aqui.
Denise está fazendo um concurso ótimo, vão ler e participar, eu vou hihihi será que tenho chance?
quinta-feira, outubro 27, 2005
Contardo Calligaris. Folha, 27 outubro 2005
Saber ler e escrever
Em 2003, o governo lançou o programa "Por um Brasil Alfabetizado". Desde então, periodicamente, há cerimônias solenes de formatura para os adultos que aprenderam a ler e a escrever e para os que completaram o ensino fundamental. Com freqüência, o próprio presidente Lula felicita a turma.
No sábado passado, no Rio de Janeiro, o presidente disse aos alunos que, uma vez formados, eles poderão mais facilmente encontrar emprego e ganhar mais do que um salário mínimo. Além disso, o progresso na qualificação dos trabalhadores contribuirá para o desenvolvimento nacional.
Um mês atrás, em circunstâncias análogas, o presidente evocou uma lembrança tocante: seu pai, analfabeto, comprava o jornal para que os outros não descobrissem que ele não sabia ler. Juntando Fome Zero, programa de alfabetização e campanha da auto-estima brasileira, ele afirmou: "Comer e estudar possibilitam ter força para trabalhar. Possibilitam estufar o peito e dizer "eu sou brasileiro e não desisto nunca'".
Não há como não concordar: o analfabetismo é injustamente vivido como vergonha, o esforço de quem se alfabetiza na idade adulta pode e deve ser motivo de grande orgulho e, certamente, é mais fácil trabalhar comendo e sabendo ler e escrever.
Mas resta que, nos discursos citados, nada parece ser dito sobre o que significa mesmo aprender a ler (não tenho acesso à íntegra desses discursos, talvez minha observação valha apenas para a seleção relatada na imprensa).
Algum leitor tomará a dianteira: "Agora ele vai nos dizer que o importante, na alfabetização, não é melhorar o acesso ao mercado do trabalho e permitir o exercício digno da cidadania (saber ler formulários, votar, informar-se). Ele vai dar uma de intelectual e afirmar que o pessoal deve se alfabetizar para ler Camões e Machado de Assis".
É quase isso. Explico.
No começo dos anos 1970, em Genebra, fiz parte de um pequeno grupo de acadêmicos italianos que organizou um curso noturno para os imigrantes que quisessem completar o ensino fundamental. Leitores de Paulo Freire, tínhamos a ambição de fazer de nossas aulas um momento de "conscientização" (era a palavra na moda).
Pois bem, as pequenas turmas que ajudamos se interessavam, obviamente, pelo diploma (que era a condição para se candidatar a um emprego público na Itália). Mas o que todos queriam, o que os motivava, depois de um trabalho brutal, a passar as noites numa sala de aula era outra coisa.
Foi a pedido deles que inventei um jeito de resumir muitos daqueles livros sem os quais o mundo fica mais triste e pobre. Resumi a "Divina Comédia", "Dom Quixote", "Crime e Castigo" e "Moby Dick". Resumi "Édipo Rei" e a "Fedra" de Racine. Resumi "O Jovem Törless" e "O Coração das Trevas". Para cada livro, eu contava a história, mostrava como ela nos tocava de perto e trazia um parágrafo ou dois de um momento crucial, para a gente ler e comentar. Às vezes, mudava as palavras ou endireitava a sintaxe, simplificava o texto.
Mais pelo fim do curso, a gente ia ao cinema aos sábado. Depois do filme, durante noitadas das quais ainda sinto saudade, no café Landolt, era um festival de nexos e interpretações: "Ele fez que nem o capitão Ahab", "Ela era uma Fedra mesmo", "O outro se tomava pelo Grande Inquisidor" e por aí vai. As conversas se confundiam com o papo dos estudantes de letras nas mesas ao lado da nossa. Emocionava-me a familiaridade com a qual tratavam a tradição literária, mas o fato mais comovedor, para mim e para eles, era que sua experiência e sua fruição do mundo eram, de repente, mais ricas, mais complexas, mais humanas.
Como é possível que, na hora de promover o programa nacional de alfabetização, só pareçam importar as vantagens materiais e sociais do diploma? Qual incompreensão do sentido da cultura e de seu uso faz que os discursos que felicitam os candidatos só falem de emprego e mudança de status?
Não vale responder que os candidatos têm necessidades imediatas (trabalho, arroz e feijão), enquanto a cultura é um luxo: negar esse "luxo" sob pretexto de que ele não enche a barriga significa negar a humanidade dos que se sentam num banco de escola.
No discurso de setembro que citei antes, o presidente concluiu: "Se um filho de pai e mãe analfabetos, um torneiro mecânico de formação chegou a presidente da República, vocês acreditem que se quiserem podem chegar muito mais alto do que os livros dizem que vocês podem chegar. É só ter vontade, e não parem de estudar." (obviamente, o destaque é meu).
Paradoxo: se os livros dizem que a gente não pode subir na vida, por que aprender a ler e por que continuar estudando? Ah, claro, tinha esquecido: para ganhar um emprego melhor...
Não sei de quais livros o presidente está falando, mas sei que os livros de que gosto (e que meu alunos de Genebra gostavam) não dizem ao leitor que ele não pode subir na vida. Ao contrário, esses livros ensinam a sonhar, a viver a vida mais plenamente e a levá-la a sério. Em suma, eles ensinam a ser gente. Das várias maneiras de "subir na vida", é a que mais vale a pena.
Em 2003, o governo lançou o programa "Por um Brasil Alfabetizado". Desde então, periodicamente, há cerimônias solenes de formatura para os adultos que aprenderam a ler e a escrever e para os que completaram o ensino fundamental. Com freqüência, o próprio presidente Lula felicita a turma.
No sábado passado, no Rio de Janeiro, o presidente disse aos alunos que, uma vez formados, eles poderão mais facilmente encontrar emprego e ganhar mais do que um salário mínimo. Além disso, o progresso na qualificação dos trabalhadores contribuirá para o desenvolvimento nacional.
Um mês atrás, em circunstâncias análogas, o presidente evocou uma lembrança tocante: seu pai, analfabeto, comprava o jornal para que os outros não descobrissem que ele não sabia ler. Juntando Fome Zero, programa de alfabetização e campanha da auto-estima brasileira, ele afirmou: "Comer e estudar possibilitam ter força para trabalhar. Possibilitam estufar o peito e dizer "eu sou brasileiro e não desisto nunca'".
Não há como não concordar: o analfabetismo é injustamente vivido como vergonha, o esforço de quem se alfabetiza na idade adulta pode e deve ser motivo de grande orgulho e, certamente, é mais fácil trabalhar comendo e sabendo ler e escrever.
Mas resta que, nos discursos citados, nada parece ser dito sobre o que significa mesmo aprender a ler (não tenho acesso à íntegra desses discursos, talvez minha observação valha apenas para a seleção relatada na imprensa).
Algum leitor tomará a dianteira: "Agora ele vai nos dizer que o importante, na alfabetização, não é melhorar o acesso ao mercado do trabalho e permitir o exercício digno da cidadania (saber ler formulários, votar, informar-se). Ele vai dar uma de intelectual e afirmar que o pessoal deve se alfabetizar para ler Camões e Machado de Assis".
É quase isso. Explico.
No começo dos anos 1970, em Genebra, fiz parte de um pequeno grupo de acadêmicos italianos que organizou um curso noturno para os imigrantes que quisessem completar o ensino fundamental. Leitores de Paulo Freire, tínhamos a ambição de fazer de nossas aulas um momento de "conscientização" (era a palavra na moda).
Pois bem, as pequenas turmas que ajudamos se interessavam, obviamente, pelo diploma (que era a condição para se candidatar a um emprego público na Itália). Mas o que todos queriam, o que os motivava, depois de um trabalho brutal, a passar as noites numa sala de aula era outra coisa.
Foi a pedido deles que inventei um jeito de resumir muitos daqueles livros sem os quais o mundo fica mais triste e pobre. Resumi a "Divina Comédia", "Dom Quixote", "Crime e Castigo" e "Moby Dick". Resumi "Édipo Rei" e a "Fedra" de Racine. Resumi "O Jovem Törless" e "O Coração das Trevas". Para cada livro, eu contava a história, mostrava como ela nos tocava de perto e trazia um parágrafo ou dois de um momento crucial, para a gente ler e comentar. Às vezes, mudava as palavras ou endireitava a sintaxe, simplificava o texto.
Mais pelo fim do curso, a gente ia ao cinema aos sábado. Depois do filme, durante noitadas das quais ainda sinto saudade, no café Landolt, era um festival de nexos e interpretações: "Ele fez que nem o capitão Ahab", "Ela era uma Fedra mesmo", "O outro se tomava pelo Grande Inquisidor" e por aí vai. As conversas se confundiam com o papo dos estudantes de letras nas mesas ao lado da nossa. Emocionava-me a familiaridade com a qual tratavam a tradição literária, mas o fato mais comovedor, para mim e para eles, era que sua experiência e sua fruição do mundo eram, de repente, mais ricas, mais complexas, mais humanas.
Como é possível que, na hora de promover o programa nacional de alfabetização, só pareçam importar as vantagens materiais e sociais do diploma? Qual incompreensão do sentido da cultura e de seu uso faz que os discursos que felicitam os candidatos só falem de emprego e mudança de status?
Não vale responder que os candidatos têm necessidades imediatas (trabalho, arroz e feijão), enquanto a cultura é um luxo: negar esse "luxo" sob pretexto de que ele não enche a barriga significa negar a humanidade dos que se sentam num banco de escola.
No discurso de setembro que citei antes, o presidente concluiu: "Se um filho de pai e mãe analfabetos, um torneiro mecânico de formação chegou a presidente da República, vocês acreditem que se quiserem podem chegar muito mais alto do que os livros dizem que vocês podem chegar. É só ter vontade, e não parem de estudar." (obviamente, o destaque é meu).
Paradoxo: se os livros dizem que a gente não pode subir na vida, por que aprender a ler e por que continuar estudando? Ah, claro, tinha esquecido: para ganhar um emprego melhor...
Não sei de quais livros o presidente está falando, mas sei que os livros de que gosto (e que meu alunos de Genebra gostavam) não dizem ao leitor que ele não pode subir na vida. Ao contrário, esses livros ensinam a sonhar, a viver a vida mais plenamente e a levá-la a sério. Em suma, eles ensinam a ser gente. Das várias maneiras de "subir na vida", é a que mais vale a pena.
quarta-feira, outubro 26, 2005
Vento
terça-feira, outubro 25, 2005
Eu não conhecia esta foto, vi hoje aqui.
Mulheres chinesas tinham linguagem secreta. Você sabia? Eu não, leia aqui.
Lembrei de "As boas mulheres da China" de Xinran, lembram? eu já dei dica aqui, ótimo livro.
Responda rápido:
Você tem medo da gripe do frango? NoMinimo
Eu tenho mais pelos meninos.
Pós referendo. Estou meio deprê, acho que tem a ver com isto também, falta de esperança, tristeza diante do que se vê.
Leiam o Zuenir aqui.
“Seja feliz e faça os outros felizes” (editora Civilização Brasileira), uma seleção de trinta e quatro crônicas de Antonio Maria organizada pelo jornalista e também cronista, de “O Globo”, Joaquim Ferreira dos Santos. As crônicas serão lançadas dia 26 de outubro,na loja Maria Bonita Extra, Ipanema, às 19 horas. Quem puder vá até lá, vale conferir.
Vocês conhecem o Victor Az?
Vão conhecer, é o primeiro baiano tímido que conheço- só o conheço daqui,portanto posso me enganar, mas vão ler os poemas dele.
Dois poeminhas do Victor:
I
Era uma poesia curtinha
sem espaço para o amor
ou outra frivolidade
possuia apenas
vinte palavras e um ponto final.
II
Olhar no espelho
frio
Cano da arma
frio
Chão do quarto
frio
Sangue
frio
Tiro quente
segunda-feira, outubro 24, 2005
Acordei tão cansada hoje, por que? nem eu sei.
Estás distante como o sol
Calidez remota neste dia cinzento.
Esta frase é de um poeminha antigo.
Ontem vi Michel Legrand dizendo que não guarda nada em casa, cria tudo novo por isso está sempre jovem apesar dos 70 anos, ou mais. Acho que ele tem razão.Tão bom se pudéssemos viver novas emoções sempre, não nos atermos às antes vividas, não é?
O pior é quando a nova vem com sensação de déja vu, aí dá paura. Estar maduro é reconhecer esta emoção e não entrar de gaiata numa roubada, ou entrar, mas sabendo o que está fazendo, não é?
Lembro da frase do Vittorio Gassman, não esqueço jamais:"Deveriamos viver duas vezes, uma como no teatro, apenas ensaio". Acho que faria tudo de novo. hihihi não, mentira, eu seria menos ansiosa em algumas circunstâncias, com certeza.
domingo, outubro 23, 2005
Amanheci lembrando " A flor do meu segredo" por que não sei, devo ter associado a algo que sonhei. Mas lembrei das botas de Denise, no filme tem uma cena hilária e ao mesmo tempo dramática da personagem tentando tirar as botas dos pés e não consegue. Marisa Paredes faz a mulher apaixonada, neurótica, vocês conhecem o filme? não é considerado dos melhores do Almodóvar, mas eu gosto muito, me identifico com a mulher, acredito que a maioria das mulheres se identificam com aquele amor obsessivo. Ela se vestindo, abrindo a porta para o marido, depois no fim o encontro com outro homem, não vou contar, é bom que vejam. Tem uma cena de dança com Joaquin Cortés linda, ele faz o filho da empregada Uau...Mas eu gostava mesmo era de Antonio Gades, maravilhoso.
Deve ser o sangue espanhol que corre em minhas veias, adoro um filme espanhol, um homem com cara de espanhol, cara de latino, não confundam com latin lover, cara de sacana, não, gosto dos que passam alguma fragilidade apesar de fortes. Gosto da língua espanhola. Devia ter estudado melhor, leio, mas não falo, sempre fui preguiçosa para línguas, a cabeça estava sempre ocupada com alguma paixão, não me concentrava nas outras línguas. Ah, sonhei que beijava esta noite, foi bom, mas um beijo roubado, rápido, nem em sonho... sacanagem.
Nominimo conta que Bruna surfistinha está abandonando a profissão de prostituta. Vocês conhecem a Bruna? é uma moça que resolveu contar num blog o dia a dia da profissão, classifica o encontro, conta tim tim por tim tim como foi o encontro, se gostou ou não, o que fez, etc e tal. Agora já juntou o dinheiro que queria e vai fazer outra coisa.
O que leva uma moça aos 17 anos depois de uma briga com os pais, ou pai, sair de casa e se tornar prostituta? O que a levou a esta escolha? será, como dizem alguns psicanalistas, que quer trair o pai com outros homens? Por que ao fazer 21 anos- maioridade- deixa de ser prostituta? agora pode escolher não ser? não sei de nada disto, estou só pensando. A moça é marqueteira, fez muito sucesso e agora vai sair de foco está namorando. Será que vai conseguir levar uma vida menos agitada? não estou me referindo a sexo apenas, mas a aventura que é ter não sei quantos homens desconhecidos por dia. Ufa, é corajosa.
Como estará meu amigo Patrício lá no Caribe depois do furacão? não o vi mais no mapinha, gosto tanto quando vejo...ele está acostumado aos furacões. Interessante saiu do Chile, onde nasceu, estava acostumado aos terremotos , foi parar numa ilha agora sofre pelos furacões, Las Galeras em Santo Domingo. Patinhooooo, cadê você?
sábado, outubro 22, 2005
Poeminha despretensioso 5.
Triste país.
sexta-feira, outubro 21, 2005
Querem rir entrem aqui.Eu ri muito hahahahaha Boa, Patricia, bom saber também que você vivendo um momento tão difícil conseguiu resgatar esta historinha tão engraçada.
Miriam Leitão ganhou um prêmio de jornalismo importante nos EEUU- Columbia. Acho que ouvi o jornalista ( Jorge Pontual) dizer- estava fazendo outras coisas- que foi a primeira mulher a ganhar. Parabéns! Eu gosto muito dela, séria, concisa, inteligente e nada arrogante. E tem mais, não é linda, mas é bonita, elegante e não operou o nariz para ficar igual a todas as outras. Dou valor, como diz meu querido amigo Jorge de Salles.
Atriz mirim de "Hoje é dia de Maria" disputa o Emmy
Aos 10 anos, Carolina Oliveira concorre a melhor atriz e a minissérie também está no páreo do principal prêmio da TV mundial. Torço por ele, tem um talento extraordinário a menina.
Vão até o Oriente-se e digam o que pensam.
Bom dia.
Miriam Leitão ganhou um prêmio de jornalismo importante nos EEUU- Columbia. Acho que ouvi o jornalista ( Jorge Pontual) dizer- estava fazendo outras coisas- que foi a primeira mulher a ganhar. Parabéns! Eu gosto muito dela, séria, concisa, inteligente e nada arrogante. E tem mais, não é linda, mas é bonita, elegante e não operou o nariz para ficar igual a todas as outras. Dou valor, como diz meu querido amigo Jorge de Salles.
Atriz mirim de "Hoje é dia de Maria" disputa o Emmy
Aos 10 anos, Carolina Oliveira concorre a melhor atriz e a minissérie também está no páreo do principal prêmio da TV mundial. Torço por ele, tem um talento extraordinário a menina.
Vão até o Oriente-se e digam o que pensam.
Bom dia.
quinta-feira, outubro 20, 2005
O ÚLTIMO TANGO EM PARIS
Eu escrevi nos comentários que "O último tango em Paris" era um filme sobre a morte, a solidão, o desemparo e a Regina colocou este artigo de Carlos Gerbase, está muito bom.Quanto ao erotismo, existe sim, mas está ligado à morte, ao desespero, são pessoas que vivem no limite da solidão, da dor. Um homem herege, uma mulher que não tem nada para perder. Não tem nada a ver com sacanagem, longe disto.
Para mim um dos melhores filmes que vi.
Leiam, é um bom texto.
O ÚLTIMO TANGO EM PARIS
de Bernardo Bertolucci
Filmes proibidos pela censura costumam ser lembrados muito mais pela polêmica que causaram que por suas qualidades artísticas. Assim, para as novas gerações, é possível que "O último tango em Paris" resuma-se à famosa cena da manteiga, comentadíssima à época em que brasileiros sortudos voltavam das férias do exterior e contavam aos demais que, realmente, Marlon Brando usava um tablete de manteiga para fazer coisas impensáveis com Maria Schneider. E Bertolucci, cineasta preocupado em desvendar alguns cantos escondidos da alma humana, ficou famoso como suposto pornógrafo iconoclasta e chique, embalando sacanagens proibidas ao som da trilha "caliente" de Gato Barbieri.
Recentemente, a Folha de S.Paulo publicou uma entrevista (seguida de matéria bastante reacionária) com Maria Schneider, em que a atriz atribui os vários problemas de sua vida pessoal - basicamente: drogas demais e gordura demais - à sua inocência perdida durante as filmagens de "O último tango". Não quero - nem tenho informações suficientes - para entrar no mérito da questão, mas o simples fato da atriz ressaltar, mais uma vez, os aspectos sexuais do filme certamente contribui para reforçar essa falsa imagem de "O último tango em Paris" como um filme erótico. Tá na hora de colocar as coisas nos seus devidos lugares (e nem precisa manteiga).
"O último tango em Paris" não é um filme erótico. É, como todos os filmes intimistas de Bertolucci, uma tentativa de falar abertamente sobre coisas que a sociedade prefere ver trancadas a sete chaves. Dois desconhecidos encontram-se num apartamento vazio e, sem dizerem os nomes, conversam, transam, brigam e procuram um sentido para suas vidas. Ele (Marlon Brando, em atuação digna de 20 Oscars) está em crise porque a mulher acaba de cometer suicídio, sem deixar qualquer explicação. Ela (Maria Schneider, limitada, mas convincente) está em crise porque não sabe se o futuro que deseja para si é um casamento com um jovem cineasta. Para ele, o mundo acabou; para ela, está começando. Para ele, as coisas perderam o sentido; para ela, os sentidos ainda são muito complicados. Entre estes dois seres tão diferentes, há apenas uma ponte: o sexo.
Apenas um débil mental não percebe que as cenas "polêmicas" filmadas por Bertolucci, bastante explícitas para a época, são fundamentais para que o espectador compreenda o tipo de relacionamento possível para aquele casal tão improvável. E poucos lembram o que Marlon Brando fala durante a cena da manteiga: "Vou falar-lhe de segredos de famíla, essa sagrada instituição que pretende incutir virtude em selvagens. Repita o que vou dizer: sagrada família, teto de bons cidadãos. Diga! As crianças são torturadas até mentirem. A vontade é esmagada pela repressão. A liberdade é assassinada pelo egoísmo. Família, porra de família!" É como se um professor, que não acreditasse mais em nada do que ensinou a vida inteira, tentasse dar uma última aula - verdadeira, desesperada e muito dolorida. E à aluna, subjugada, só restasse perder toda a inocência. Inocentes podem ser felizes, é claro, mas não em filmes como este. Inocentes têm nome, sobrenome, RG, CPF e família constituída. Os personagens de "O último tango" não têm nem um nome um para o outro.
A cena em que Brando fala com o cadáver de sua esposa no velório, alternando momentos de raiva, desorientação e, finalmente, terrível reconciliação consigo mesmo, merece estar em qualquer antologia dos grandes momentos da arte interpretativa deste século. Ele também foi gigante em "O poderoso chefão" e "Apocalypse now", mas aqui sua força nasce das entranhas de um personagem esmagado, sem qualquer glamour ou simpatia. Brando vai para o trono ou não vai? Claro que vai, junto com Bertolucci, que não poupa nem seus colegas cineastas, pintando o retrato patético de um diretor "genial", que pensa estar fazendo uma revolução a cada plano rodado. Do roteiro à montagem, passando pelos eficientes movimentos de câmara (marca registrada de Bertolucci) e pela trilha - pop mas sempre dramática - tudo está a serviço de uma visão de mundo sombria, mas assustadoramente realista.
"O último tango em Paris" merece ser revisto (ou redescoberto) em vídeo, antes que a sua fama pseudo-escandalosa roube de vez sua verdadeira beleza. Bertolucci voltaria ao tema em outra obra-prima - "O céu que nos protege" - igualmente impactante, mas desta vez rodado em grandes espaços, em vez de confinado às quatro paredes de um apartamento vazio. E, pensando bem, que diferença faz? Onde quer que esteja, com quem quer que ande, com o sol abrasador ou uma lua gelada sobre a cabeça, o homem é um solitário à procura dele mesmo, sussurrando e clamando por um sentido para todos os absurdos que encontra pelo caminho. Bertolucci, capaz de contar histórias monumentais e pintar afrescos políticos, como "O último imperador" e "1900", sabe que estes sussurros e estes clamores solitários ainda são a melhor matéria-prima para o bom cinema.
LEIA MAIS: Bernardo Bertolucci
Carlos Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para o ZAZ (A gente ainda nem começou e Fausto) e atualmente prepara o seu terceiro longa-metragem para cinema, chamado "Tolerância".
Para mim um dos melhores filmes que vi.
Leiam, é um bom texto.
O ÚLTIMO TANGO EM PARIS
de Bernardo Bertolucci
Filmes proibidos pela censura costumam ser lembrados muito mais pela polêmica que causaram que por suas qualidades artísticas. Assim, para as novas gerações, é possível que "O último tango em Paris" resuma-se à famosa cena da manteiga, comentadíssima à época em que brasileiros sortudos voltavam das férias do exterior e contavam aos demais que, realmente, Marlon Brando usava um tablete de manteiga para fazer coisas impensáveis com Maria Schneider. E Bertolucci, cineasta preocupado em desvendar alguns cantos escondidos da alma humana, ficou famoso como suposto pornógrafo iconoclasta e chique, embalando sacanagens proibidas ao som da trilha "caliente" de Gato Barbieri.
Recentemente, a Folha de S.Paulo publicou uma entrevista (seguida de matéria bastante reacionária) com Maria Schneider, em que a atriz atribui os vários problemas de sua vida pessoal - basicamente: drogas demais e gordura demais - à sua inocência perdida durante as filmagens de "O último tango". Não quero - nem tenho informações suficientes - para entrar no mérito da questão, mas o simples fato da atriz ressaltar, mais uma vez, os aspectos sexuais do filme certamente contribui para reforçar essa falsa imagem de "O último tango em Paris" como um filme erótico. Tá na hora de colocar as coisas nos seus devidos lugares (e nem precisa manteiga).
"O último tango em Paris" não é um filme erótico. É, como todos os filmes intimistas de Bertolucci, uma tentativa de falar abertamente sobre coisas que a sociedade prefere ver trancadas a sete chaves. Dois desconhecidos encontram-se num apartamento vazio e, sem dizerem os nomes, conversam, transam, brigam e procuram um sentido para suas vidas. Ele (Marlon Brando, em atuação digna de 20 Oscars) está em crise porque a mulher acaba de cometer suicídio, sem deixar qualquer explicação. Ela (Maria Schneider, limitada, mas convincente) está em crise porque não sabe se o futuro que deseja para si é um casamento com um jovem cineasta. Para ele, o mundo acabou; para ela, está começando. Para ele, as coisas perderam o sentido; para ela, os sentidos ainda são muito complicados. Entre estes dois seres tão diferentes, há apenas uma ponte: o sexo.
Apenas um débil mental não percebe que as cenas "polêmicas" filmadas por Bertolucci, bastante explícitas para a época, são fundamentais para que o espectador compreenda o tipo de relacionamento possível para aquele casal tão improvável. E poucos lembram o que Marlon Brando fala durante a cena da manteiga: "Vou falar-lhe de segredos de famíla, essa sagrada instituição que pretende incutir virtude em selvagens. Repita o que vou dizer: sagrada família, teto de bons cidadãos. Diga! As crianças são torturadas até mentirem. A vontade é esmagada pela repressão. A liberdade é assassinada pelo egoísmo. Família, porra de família!" É como se um professor, que não acreditasse mais em nada do que ensinou a vida inteira, tentasse dar uma última aula - verdadeira, desesperada e muito dolorida. E à aluna, subjugada, só restasse perder toda a inocência. Inocentes podem ser felizes, é claro, mas não em filmes como este. Inocentes têm nome, sobrenome, RG, CPF e família constituída. Os personagens de "O último tango" não têm nem um nome um para o outro.
A cena em que Brando fala com o cadáver de sua esposa no velório, alternando momentos de raiva, desorientação e, finalmente, terrível reconciliação consigo mesmo, merece estar em qualquer antologia dos grandes momentos da arte interpretativa deste século. Ele também foi gigante em "O poderoso chefão" e "Apocalypse now", mas aqui sua força nasce das entranhas de um personagem esmagado, sem qualquer glamour ou simpatia. Brando vai para o trono ou não vai? Claro que vai, junto com Bertolucci, que não poupa nem seus colegas cineastas, pintando o retrato patético de um diretor "genial", que pensa estar fazendo uma revolução a cada plano rodado. Do roteiro à montagem, passando pelos eficientes movimentos de câmara (marca registrada de Bertolucci) e pela trilha - pop mas sempre dramática - tudo está a serviço de uma visão de mundo sombria, mas assustadoramente realista.
"O último tango em Paris" merece ser revisto (ou redescoberto) em vídeo, antes que a sua fama pseudo-escandalosa roube de vez sua verdadeira beleza. Bertolucci voltaria ao tema em outra obra-prima - "O céu que nos protege" - igualmente impactante, mas desta vez rodado em grandes espaços, em vez de confinado às quatro paredes de um apartamento vazio. E, pensando bem, que diferença faz? Onde quer que esteja, com quem quer que ande, com o sol abrasador ou uma lua gelada sobre a cabeça, o homem é um solitário à procura dele mesmo, sussurrando e clamando por um sentido para todos os absurdos que encontra pelo caminho. Bertolucci, capaz de contar histórias monumentais e pintar afrescos políticos, como "O último imperador" e "1900", sabe que estes sussurros e estes clamores solitários ainda são a melhor matéria-prima para o bom cinema.
LEIA MAIS: Bernardo Bertolucci
Carlos Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para o ZAZ (A gente ainda nem começou e Fausto) e atualmente prepara o seu terceiro longa-metragem para cinema, chamado "Tolerância".
Exílio.
Exílio.
Para My*
A cidade da infância
perdida na memória,
desrealidade.
Caminha guardando referências
em breve
sabe
a cidade será outra.
Estrangeira em seu próprio país
exilada em sua própria língua.
*Conheci My faz pouco, mora no meu condomínio, paulista do interior, morou sempre em vários lugares, chegou do Japão, onde morou dez anos. Quer voltar e eu vou perder a única amiga que fiz aqui. Amizade precisa de lastro, sim, mas às vezes sentimos que já conhecemos aquela pessoa há anos, não é preciso fazer de conta. Tão bom, tomara que ela mude de idéia.
Para My*
A cidade da infância
perdida na memória,
desrealidade.
Caminha guardando referências
em breve
sabe
a cidade será outra.
Estrangeira em seu próprio país
exilada em sua própria língua.
*Conheci My faz pouco, mora no meu condomínio, paulista do interior, morou sempre em vários lugares, chegou do Japão, onde morou dez anos. Quer voltar e eu vou perder a única amiga que fiz aqui. Amizade precisa de lastro, sim, mas às vezes sentimos que já conhecemos aquela pessoa há anos, não é preciso fazer de conta. Tão bom, tomara que ela mude de idéia.
Assim é a vida. Contardo Calligaris.
"Assim é a vida", "C'est la vie", "That's life", "Das ist das Leben", "É la vita": a expressão existe em todas as línguas que conheço e, em todas elas, pode ser usada num amplo leque de tonalidades, que vai do sarcasmo ressentido e cínico ("É bem a porcaria que sempre pensei que fosse") até a euforia quase maníaca ("Que maravilha!"). No meio desse leque, há um tom médio, que é o que prefiro, mas que é raro: ele concilia, misteriosamente, as dores e as penas da existência com a possibilidade de aceitá-la e mesmo de amá-la, sem entusiasmo descabido. Um grande psicanalista, Heinz Kohut, descreveu assim a sabedoria à qual podemos aspirar e que corresponde talvez ao tom que tento definir: é a sensação de "um tranqüilo triunfo interior com uma mistura de melancolia reconhecida". Os escritores e os poetas que vivem e produzem nesse tom médio não saem de minha mesa de cabeceira. Não é uma questão de apreciação estética: na poesia americana moderna, por exemplo, Walt Whitman (eufórico) é provavelmente melhor poeta que Emily Dickinson ou Edgar Lee Masters, que cantarolam e sussurram no tom médio. Tampouco é uma questão, por assim dizer, terapêutica: o entusiasmo contagioso de Whitman já me serviu mais de uma vez para sair de uma fossa. Faça a experiência: do fundo de uma tristeza em que o mundo pode perder sentido, declame "Song of Myself", "Canto de Mim Mesmo". É fortemente revigorante. Mas agora tente outra coisa, leia em voz baixa "Spoon River Anthology", a antologia de Spoon River, de E.L. Masters: o poema é composto por uma série de lápides mortuárias, cada uma contando as gestas duvidosas dos mortos do vilarejo. A princípio, não parece ser uma leitura para melhorar o humor, mas, aos poucos, as vidas e as mortes triviais do povo de Spoon River assumem uma dignidade e um valor que são contagiosos e resgatam a trivialidade de nossa própria vida (e morte). Surge uma espécie de alegria triste, nada eufórica, mas profunda, duradoura e sobretudo sem ilusões. Seis anos atrás, um filme prodigioso, "Magnólia", de Paul Thomas Anderson, produziu em mim um efeito parecido. Quem assistiu a "Magnólia" deve se lembrar do momento em que todos os personagens, separada e simultaneamente (cada um em seu lugar trágico), cantam uma mesma música, que é uma espécie de hino ao caráter inelutável da vida: "...and it is not going to stop, till you wisen up..." (e não vai parar até que você crie juízo). É um exemplo perfeito da "alegria" melancólica que é fruto da aceitação do mundo como ele é. Pois bem, está em pré-estréia em São Paulo "Crash - No Limite". É o primeiro filme de Paul Haggis, que foi roteirista de "Menina de Ouro". Quando o filme saiu nos Estados Unidos, no ano passado, a crítica (elogiosa) salientou a apresentação brutal da difícil convivência de etnias diferentes na sociedade americana. De fato, o filme é um soco no estômago de quem acredita nos efeitos lenitivos do politicamente correto: latinos, negros, brancos e orientais se agridem e se insultam pelas ruas de Los Angeles. Parece fracassar a esperança (americana e, em geral, iluminista) de um caldeirão em que as diferenças étnicas, culturais e sociais seriam quase irrelevantes e prevaleceria o sentimento de pertencermos todos à mesma espécie. Mas dizer que o filme de Haggis mostra a morte do sonho moderno da convivência dos diferentes seria, no mínimo, ingênuo. Ao contrário, o milagre de "Crash" (choque ou batida) é que, no filme, a feiúra e a loucura do cotidiano, assim como o próprio choque das diferenças, nos aparecem como provas de nossa humanidade comum. Pensando bem, aliás, a única versão possível do sonho moderno talvez seja esta: não a paz e o respeito recíproco, mas a descoberta de um lote de misérias e incertezas que enxergamos nos outros porque, no fundo, são sempre parecidas com as da gente. O sonho moderno não se realiza numa fanfarra de nobres idéias compartilhadas, mas na ternura de nosso olhar diante da imperfeição do mundo, ou seja, de todos nós. Um policial abusa de sua autoridade para enfiar a mão entre as pernas de uma mulher na hora de revistá-la; o mesmo policial pode arriscar a vida para salvar a dita mulher do fogo. Um jovem bem intencionado é horrorizado pelo preconceito racial, mas (reflexo de defesa) é o primeiro a atirar num negro que enfia a mão no bolso. Um assaltante de carros pode atropelar um chinês mas pode também soltar um carregamento inteiro de imigrantes ilegais fadados ao trabalho escravo. A arrogância de uma dama de classe "A" acaba quando ela cai na escada de casa e o único abraço que ela encontra é o de sua empregada. A arrogância de um guardião da lei acaba quando ele assiste o pai doente no meio da noite. E por aí vai. Isto é, lá vamos nós: meio heróis, meio pilantras, capazes do pior e do melhor. Assim é a vida, no tom certo. Não perca "Crash - No Limite" sob nenhum pretexto.
quarta-feira, outubro 19, 2005
Sempre Marlon Brando.
Para mim não tem outro, ele é o maior.
Marina W. pergunta qual a melhor cena de choro do cinema, Marlon Brando em "Último Tango em Paris", sem pestanejar.
O filme mexeu muito comigo, tanto erotismo...nunca esquecerei aquelas cenas.
Este ano fizeram um leilão das peças dele, o Jorge Pontual disse que ia, fez uma reportagem e me perguntou se eu queria comprar algo, aimeudeus quem dera pudesse, peças belíssimas.
Eu li que ele chorou de verdade muito, o Bertolucci filmou até que ele parasse de chorar. Vida tão trágica a dele, tenho pena, tantos dramas pessoais, tanta destruição em torno, ele mesmo ficou tão gordo. Mas eu vi beleza mesmo nele velho e gordo. Incrível.
Leia mais aqui.
Marina W. pergunta qual a melhor cena de choro do cinema, Marlon Brando em "Último Tango em Paris", sem pestanejar.
O filme mexeu muito comigo, tanto erotismo...nunca esquecerei aquelas cenas.
Este ano fizeram um leilão das peças dele, o Jorge Pontual disse que ia, fez uma reportagem e me perguntou se eu queria comprar algo, aimeudeus quem dera pudesse, peças belíssimas.
Eu li que ele chorou de verdade muito, o Bertolucci filmou até que ele parasse de chorar. Vida tão trágica a dele, tenho pena, tantos dramas pessoais, tanta destruição em torno, ele mesmo ficou tão gordo. Mas eu vi beleza mesmo nele velho e gordo. Incrível.
Leia mais aqui.
terça-feira, outubro 18, 2005
Avenida Copacabana.
O blog do Jôka está demais, ontem 56 países estiveram por lá passeando pela Av. Copacabana. Tem fotos ao vivo, na hora que você clica vê. Um barato. Eu adoro Copacabana com sua diversidade, seus velhos caminhando, as putas, os travestis, mulher com cobra enrolada no pescoço, tem de tudo em Copa, uma festa. Já vi muitas vezes o sol nascer quando saia do Jirau, Boate famosa da década de 70. Comiamos hot dog do Geneal e ninguém passava mal, não havia bandidos, era tudo uma grande festa. Tive analistas ali, tive consultório, estudei, namorei, mas confesso que namorei mais no Arpoador,andes de fecharem, bons tempos.
segunda-feira, outubro 17, 2005
Contardo Calligaris. Normas de conduta para o cidadão moderno.
Oito normas de conduta cotidiana para o cidadão moderno
por Contardo Calligaris*
1. Você pode escolher entre ficar em casa ou pegar a estrada e, sem dúvida, faz e fará um pouco dos dois. Mas, quando estiver em casa, tente não sonhar com a estrada e, quando estiver na estrada, tente não lamentar o calor do lar. Vivemos de sonhos e de nostalgias: é necessário cuidar para que essa alternância não nos mantenha constantemente afastados do momento presente.
2. Quando alguém pedir esmola ou ajuda, dê (na medida de seu possível) o que está sendo pedido. Não tente moldar o desejo de quem pede, oferecendo pão e leite em vez do trocado. A humanidade dos mais desprovidos se refugia e resiste justamente na capacidade de continuar desejando o supérfluo.
3. Todos os pedidos podem ser recusados, mas devem ser, ao menos, reconhecidos. Portanto é proibido recusar sem falar.
4. Trate como íntimo só quem poderia sem riscos lhe devolver a mesma cordialidade.
5. Caso você pretenda mudar o mundo, lembre-se de que, provavelmente, você não está à altura do mundo mudado segundo seu desejo. Se pretende transformar seu parceiro ou sua parceira, lembre-se de que você, provavelmente, não está à altura do parceiro ou parceira assim transformados. Quem quer mudar as coisas facilmente esquece de contar-se entre os itens a serem mudados.
6. Qual é a melhor viagem: visitar as capitais européias num “tour” de 15 dias ou passar duas semanas numa cidade só e conhecê-la um pouco? É mais interessante manter um casamento complicado do que multiplicar as ou os amantes. O mesmo vale para os amigos e relações em geral.
7. Uma vez por semana, durante uma hora, sente-se numa esquina de sua cidade e contemple os passantes. Tente imaginar a variedade das vidas, a dignidade de todas. Se você tem filhos, faça o exercício duas vezes por semana: será de grande ajuda para aceitar que a vida deles vale a pena, mesmo se não corresponde em nada aos seus sonhos.
8. Considere como verdade absoluta que é possível ter uma vida boa e justa sem acreditar numa verdade absoluta.
*publicado originalmente no suplemento “Mais!”, da Folha de S.Paulo, de 13/10/2002.
Aqui na Revista Trip tem uma boa entrevista, um pouco antiga, mas gostosa, leiam.
Beijo.com e cia.
Degelo nos polos.
O Jorge Pontual no blog estes dias fez um post sobre o degelo nos polos, acho que todos devem ler. Está ótimo, fala de todos os aspectos geopolíticos, econômicos, etc, eu nem sonhava. Vão ler.
domingo, outubro 16, 2005
Tenho um amigo que mora em Lisboa, morou no Rio de Janeiro muitos anos, de 75 à 88 e gostaria de encontrar uma colega de Faculdade, fez economia, ela se chama Eni Mariotzi Tavares, a última notícia foi que trabalhava na Esso, mas ele já tentou encontrá-la e não conseguiu. Alguém conhece a Eni? talvez tenha mudado de nome, casado...
E a dúvida da semana maior continua sendo a do Referendo. Tem uma falsa entrevista rolando pela internet com um falso traficante, ainda bem que eu desconfiei, estava demais, tendenciosa demais. Está aqui.
Incrível o que este povo faz. Aqui desmentem, pegaram um jornalista, estão satisfeitos, leiam os comentários lá. Tem gente para tudo mesmo. Feio.
Eu já havia ouvido falar em cocadaboa, mas não conhecia, eles acabam tendo um visibilidade maior com estas coisas, é o que pretendem, não é?
O tempo e o espaço. Imagens da semana.
Terremotos, Furacão, Seca, gripe siática, febre aftosa, o que mais? eleições no Iraque,bombas e mais bombas, a CPI sendo esquecida, a novela das seis uma droga, a das sete idem,a das oito idem, salvou a Tv a mini série " Hoje é dia de Maria"
Me digam o que Fernanda Lima faz na novela das sete? por que foi contratada? ela não tem culpa, dá pena, não dá para ver, nem para curtir com as bobagens. E o Mario Prata já caiu fora, sacou que não vai dar .
E a Sol e o Ed ? constrange qualquer um, nem coloco os nomes, tenho pena. Simão já disse que o boi é mais expressivo que o galã, o Murilo B. O ator que faz Ed não conheço. Eva Tudor salva as cenas com graça. A menina Raissa, não lembro o nome da atriz, está melhorando. Como vêm eu passei a ver a novela das oito, ah tem o Matheus Nachtergaele que é excelente, o Humberto Martins que está mais em cena cheio de charme, sexy, a Cristiane Torloni muito chic e a sensual Cléo Pires, que está cansando de tanto sex appeal exposto, mas está linda, mulheraço.
Rio Solimões, afluente do Rio Amazonas. Antes e agora. Pode?
Eu vi um programa com Regina Casé "Um pé de que?" que mostrava estas casas sobre a água. Eu me comovi vendo a singeleza e beleza daquilo. Viviam felizes ali, com o rio cheio as crianças nadam, com a seca jogam futebol, brincam, quando vi estava tão cheio que a trave do futebol estava quase coberta. Havia horta, jardim, casas pintadas com arte, coloridas. Os rios estão secando, não há como chegar até as casas, estão com fome, sem assistência. Pode? Para mim que estudei que o Solimões é o maior afleunte do rio Amazonas, é inacreditável.
Paquistão.
Desolação.
Imagem divulgada pela Nasa, feita pelo telescópio espacial Hubble, mostra a nebulosa Boomerang refletindo gás e
poeira
Me digam o que Fernanda Lima faz na novela das sete? por que foi contratada? ela não tem culpa, dá pena, não dá para ver, nem para curtir com as bobagens. E o Mario Prata já caiu fora, sacou que não vai dar .
E a Sol e o Ed ? constrange qualquer um, nem coloco os nomes, tenho pena. Simão já disse que o boi é mais expressivo que o galã, o Murilo B. O ator que faz Ed não conheço. Eva Tudor salva as cenas com graça. A menina Raissa, não lembro o nome da atriz, está melhorando. Como vêm eu passei a ver a novela das oito, ah tem o Matheus Nachtergaele que é excelente, o Humberto Martins que está mais em cena cheio de charme, sexy, a Cristiane Torloni muito chic e a sensual Cléo Pires, que está cansando de tanto sex appeal exposto, mas está linda, mulheraço.
Rio Solimões, afluente do Rio Amazonas. Antes e agora. Pode?
Eu vi um programa com Regina Casé "Um pé de que?" que mostrava estas casas sobre a água. Eu me comovi vendo a singeleza e beleza daquilo. Viviam felizes ali, com o rio cheio as crianças nadam, com a seca jogam futebol, brincam, quando vi estava tão cheio que a trave do futebol estava quase coberta. Havia horta, jardim, casas pintadas com arte, coloridas. Os rios estão secando, não há como chegar até as casas, estão com fome, sem assistência. Pode? Para mim que estudei que o Solimões é o maior afleunte do rio Amazonas, é inacreditável.
Paquistão.
Desolação.
Imagem divulgada pela Nasa, feita pelo telescópio espacial Hubble, mostra a nebulosa Boomerang refletindo gás e
poeira
sábado, outubro 15, 2005
"Hoje é dia de Maria"
Se você ainda não viu "Hoje é dia de Maria" veja hoje, é o último dia, é lindo, tem uma produção primorosa(palavra antiga, não é?). Eu fico encantada com Carolina Oliveira, é uma menina tão linda, trabalha tão bem que me comovem as cenas dela, cantando " Se esta rua fosse minha" é demais. Talvez eu fique mexida porque a menina é paranaense, parece, não fui conferir, aquela voz deve me remeter à infância lá em Curitiba. O elenco é ótimo, Stênio Garcia perfeito, Osmar Prado, Fernanda Montenegro, Leticia Sabatella, lindíssima, Rodrigo Santoro, todos estão ótimos. A estória eu não vi toda, não acompanhei, mas vejo trechos, são estórias do nosso imaginário popular.Outro dia vi uma cena onde uma boneca viva(mulher) era consertada, a cena era tão linda e cuidada que me emocionou. O homem ia consertando a boneca, os olhos dela iam ganhando vida, a atriz tem uns olhos grandes, tipo Giulietta Masina, linda cena. Os cenários são mágicos, tudo é mágico e lindo. Vejam. Depois deve sair em DVD, imperdível.
A mini série é de Luiz Fernando Carvalho o mesmo de "Lavoura Arcaica" o filme maravilhoso que citei aqui.
Poeminha sem pretensão.
Viva Maria Rita!
Eu adoro a voz da Elis Regina, nem posso ouvir muito quando estou sensível demais porque choro muito, me toca profundamente, chorei muito quando morreu. Gosto muito da voz de Maria Rita, fui vê-la no ano passado e me emocionei muito, acho mesquinho dizerem que faz sucesso porque é filha de Elis ou de Camargo Mariano, e dai? o legado de Elis não é fácil, a voz é muito semelhante, sorte, quem sabe compensa um pouco a falta da mãe. Eu gostava da Elis e gosto dela. Vou comprar este novo disco sem falta, ouvi muito o outro. Nelson Motta está elogiando aqui.
Vida longa para Maria Rita! E como o Tom dizia sucesso sempre incomoda, pobres invejosos.
sexta-feira, outubro 14, 2005
Equívocos virtuais.
O melhor e o pior da Internet para mim.
Ah, se eu soubesse- ainda não aprendi que aqui acontecem muitos equívocos- não teria feito o post, agora feito, ficará, foi um desabafo, algo me incomodava já faz alguns meses (algumas pessoas sabem de quem estou falando).
Mas repito que não acredito em amores virtuais, eu sou muito sensorial, cheiro tudo, toco, não conseguiria me relacionar aqui. Eu sinto assim, pode ser que um dia mude, alguém me faça mudar.
O melhor da Internet : tenho tido surpresas muito boas com amizades virtuais. Não vou citar nomes porque são muitos, poderia esquecer alguém, mas vou citar a Eva (nome fictício) que é uma amiga virtual especial, ela me ligou outro dia de novo lá dos EEUU.
Bom é poder "falar" com pessoas como o Simão, o Calligaris (não é meu amigo, deixo claro), qualquer destes colunistas que eu admiro. Ver e ouvir o Simão ou o Calligaris no UOL. Bom é conhecer gente interessante, ler bons contos- da Leila da Bélgica, por exemplo ( excelente contista), circular por blogs divertidos, informativos, não citarei nomes. Citei a Leila porque ela não é do grupo. Bom é acompanhar a vida dos amigos blogueiros, saber como vai fulano ou sicrano, ler uma crônica aqui, outra ali, se comover com um bom texto, se divertir, rir. Bom é ter um grupo de leitores assíduos que vêm te ler, um prazer que eu só fui conhecer aqui.
A internet me abriu um leque fantástico, passei a circular por sites literários, escrever, participar de concursos.
O pior para mim é a comunicação on-line, Chebabi, psicanalista do Rio andou escrevendo sobre isto, estudou, vou ver se acho, foi uma das pessoas que conheci on-line, trocamos emails uma época, faz tempo, quando eu morava em Cabo Frio.
Espero que minha explicação não piore as coisas :)
Amores virtuais, tô fora.
Não acredito em amores virtuais, nunca investi nisto, não sei fazer o jogo, mas aceito trocar emails se cai alguém de pára-quedas aqui e há afinidades. Acho graça quando de repente vem a recusa em falar, vem o silêncio, juro que acho graça, porque acho imaturo demais. Não é a primeira vez que isto acontece, por que os homens são tão imaturos? ou haveria outro motivo? narcisismo, exibicionismo, sei lá? Dá raiva também quando nos sentimos usadas, alugadas, afinal despende tempo, mesmo sem investimento afetivo. Você passou algumas horas de sua vida trocando emails com alguém que de repente passa a não existir. Coisa mais estranha, eu não estou acostumada, sou do tempo em que uma carta levava uma semana para chegar, (quem já leu cartas do Pimenta aqui sabe do que estou falando), cartas maravilhosas, preciosas, gosto de gente preciosa, deve ser por isto que estou só, problema meu, eu sei.
É fácil deletar alguém aqui, mas fico sempre surpresa, apesar de saber que a qualquer momento poderá vir o silêncio. Neste aspecto acho nós, mulheres, muito mais maduras, conseguimos expressar o que sentimos. Pobres homens. Não estou sendo irônica, não, falo o que sinto. Meu pai era um sujeito que não conseguia expressar afeto, já contei.
Ai lembro do Raduan neste texto e acho graça, como a Paula também não tenho nada a perder, em geral isto vem de pessoas que não acrescentam nada. Leiam e digam se a Paula sai perdendo. Mas no caso do personagem do Raduan, a recusa em falar é uma recusa em trocar com o mundo.
O conto de Raduan está nos arquivos de março, dia 21 de março, não consegui linkar, não sei porque.
É fácil deletar alguém aqui, mas fico sempre surpresa, apesar de saber que a qualquer momento poderá vir o silêncio. Neste aspecto acho nós, mulheres, muito mais maduras, conseguimos expressar o que sentimos. Pobres homens. Não estou sendo irônica, não, falo o que sinto. Meu pai era um sujeito que não conseguia expressar afeto, já contei.
Ai lembro do Raduan neste texto e acho graça, como a Paula também não tenho nada a perder, em geral isto vem de pessoas que não acrescentam nada. Leiam e digam se a Paula sai perdendo. Mas no caso do personagem do Raduan, a recusa em falar é uma recusa em trocar com o mundo.
O conto de Raduan está nos arquivos de março, dia 21 de março, não consegui linkar, não sei porque.
quinta-feira, outubro 13, 2005
Ontem eu vi o Marcelo Gleiser na GNews, fico sempre com vontade de ver mais, é inteligente, bonito e triste. Não posso ver um homem triste, sempre que o vejo está assim, não sorri. Tem uma história triste, a mãe morreu tragicamente quando ele era menino, acredito que a mãe deixou um vazio enorme.
Ouvi que já ganhou dois prêmios Jabuti, que legal.
" A imperfeição, o desiquilibrio, é que é importante na natureza, a imperfeição é que é criativa, não a perfeição, como todos dizem".
Escreve um livro sobre Kepler, o primeiro astrofisico com um pé na Idade Média e outro na Renascença. deve ser um bom livro, lançará em 2006.
Marcelo diz que o desafio do homem é saber como começou a vida na Terra, teria começado aqui ou não? em Marte? Deus seria a resposta para estes buracos. Será que um dia os homens saberão a resposta? Há vida extraterrestre? se for comprovada, há outros Cristos nos outros planetas, ele é filho de Deus, então...
Adoro estas questões, sou cética.
quarta-feira, outubro 12, 2005
CONTARDO CALLIGARIS
Há uma entrevista legalzinha aqui, vejam.
"Fadas no Divã"
Acabo de ler "Fadas no Divã - Psicanálise nas Histórias Infantis", de Diana Lichtenstein Corso e Mário Corso (Artes Médicas). A leitura, encantadora, produziu uma lembrança.
Quando meu filho Maximiliano era pequeno, inventei uma espécie de seriado, destinado a acalmá-lo na hora de dormir (momento que ele detestava). A história não se compara com o maravilhoso conto do vampiro vegetariano inventado por Mário Corso para suas filhas, mas é o que tenho.
Eu contava, então, as aventuras de Maximilino (sic) e da bruxa Meninge. O modelo narrativo era calcado na viagem de Pinóquio ao país de Cocanha. No começo de cada episódio, Maximilino se mostrava desobediente, preguiçoso ou desrespeitoso. A bruxa Meninge, sempre espreitando crianças com esses defeitos, aparecia para tentar Maximilino. Por exemplo: "Você não gosta de dormir cedo? Tem razão, querido. No meu país, não há adultos chatos e ninguém atrapalha as crianças que não querem ir para cama: elas brincam noite adentro. Quer vir comigo?". Maximilino topava. A bruxa cumpria sua promessa ao pé da letra, e aqui estava a armadilha: no país de Meninge, as crianças brincavam tudo o que queriam, mas seu "querer" se transformava num "dever" mais assombroso que a chatice dos adultos, pois, naquele país, as crianças não podiam dormir nunca. Maximilino morria de saudade de sua mãe, de seu pai e sobretudo de sua cama. A coisa acabava bem: quando Maximilino expressava um arrependimento sincero, uma fada o ajudava a voltar para casa, considerando que ele tinha entendido a "lição".
Mas qual era a "lição"? Certamente, eu pensava estar administrando doses de sabedoria, tipo: os pais sabem que nada é bom sem limites.
Ora, para cada história da tradição e para várias da atualidade, Mário e Diana Corso mostram que os contos infantis (inventados ou não) são mais importantes e eficientes do que a simples e conclusiva "moral da história". Para as crianças, os contos infantis são instrumentos para o conhecimento do mundo: ao mesmo tempo, enunciados de problemas e propostas de soluções. Eles não funcionam como exemplos, mas como exercícios narrativos graças aos quais a criança descobre a complexidade das relações e dos afetos e elabora estratégias possíveis de ação.
Em matéria de relações e afetos, os contos são o equivalente das experiências concretas pelas quais uma criança adquire a capacidade de estabelecer nexos e executar operações lógicas. Só que a tarefa dos contos é mais complexa: aprendo o que é a causalidade à força de empurrar copos até que caiam, mas como faço para aprender quais regras ordenam o amor devorante de uma mãe, o ciúme de uma madrasta ou meu próprio medo de crescer? Uma criança se sente inadequada e rejeitada, outra não tolera uma separação que se faz necessária, outra se sente amada demais e prestes a ser devorada, outra começa a pensar que, de fato, ela foi adotada, outra ainda não sabe o que fazer com sua curiosidade sexual ou não consegue imaginar como sair um dia do amparo familiar para se aventurar na vida. Os contos infantis permitem formular as questões e explorar as soluções possíveis.
O livro de Diana e Mário Corso, justamente, é organizado em capítulos segundo as questões e as soluções propostas pelos contos.
Mas voltemos à história de Maximilino e Meninge. Na hora em que meu filho tentava descobrir qual seria a balança certa de deveres e prazeres, eu lhe propunha uma narrativa radical segundo a qual, na vida, só haveria deveres: nas minhas histórias, o prazer se tornava sempre um pesadelo, ou melhor, uma obrigação pior do que o dever.
Depois da leitura de "Fadas no Divã", não é difícil entender por que muitos contos que os pais inventam para seus rebentos podem ser elogios da obediência e do dever como únicas soluções para os problemas da vida. Os filhos recém-chegados, por mais que façam nossa felicidade, são um novo fardo, mas, obviamente, não queremos admitir que somos pais também por obrigação. A apologia do dever, com a qual enchemos os ouvidos de nossos filhos, é em grande parte endereçada a nós mesmos: uma exortação a persistir, teimosamente, na tarefa de sermos pais.
"Fadas no Divã" tem um precedente ilustre, de Bruno Bettelheim, "Psicanálise dos Contos de Fada". Mas o livro de Diana e Mário Corso é, simplesmente, melhor. Por duas razões.
A primeira é que Bettelheim se ocupou só dos contos de fadas tradicionais, enquanto Diana e Mário Corso analisam também as principais narrativas infantis contemporâneas, de Mafalda a Harry Potter.
A segunda é substancial: pela sutileza da interpretação dos contos e pela clareza do texto, "Fadas no Divã" é uma extraordinária introdução à psicanálise. Não é surpreendente: os contos infantis, afinal, são o repertório de conflitos, fantasias e afetos que ainda estão em todos nós.
Nota: o filme "Os Irmãos Grimm", de Terry Gilliam, que está em cartaz nestes dias, tem justamente o mérito de lembrar que os contos de fadas servem para encontrar saídas nos apertos.
"Fadas no Divã"
Acabo de ler "Fadas no Divã - Psicanálise nas Histórias Infantis", de Diana Lichtenstein Corso e Mário Corso (Artes Médicas). A leitura, encantadora, produziu uma lembrança.
Quando meu filho Maximiliano era pequeno, inventei uma espécie de seriado, destinado a acalmá-lo na hora de dormir (momento que ele detestava). A história não se compara com o maravilhoso conto do vampiro vegetariano inventado por Mário Corso para suas filhas, mas é o que tenho.
Eu contava, então, as aventuras de Maximilino (sic) e da bruxa Meninge. O modelo narrativo era calcado na viagem de Pinóquio ao país de Cocanha. No começo de cada episódio, Maximilino se mostrava desobediente, preguiçoso ou desrespeitoso. A bruxa Meninge, sempre espreitando crianças com esses defeitos, aparecia para tentar Maximilino. Por exemplo: "Você não gosta de dormir cedo? Tem razão, querido. No meu país, não há adultos chatos e ninguém atrapalha as crianças que não querem ir para cama: elas brincam noite adentro. Quer vir comigo?". Maximilino topava. A bruxa cumpria sua promessa ao pé da letra, e aqui estava a armadilha: no país de Meninge, as crianças brincavam tudo o que queriam, mas seu "querer" se transformava num "dever" mais assombroso que a chatice dos adultos, pois, naquele país, as crianças não podiam dormir nunca. Maximilino morria de saudade de sua mãe, de seu pai e sobretudo de sua cama. A coisa acabava bem: quando Maximilino expressava um arrependimento sincero, uma fada o ajudava a voltar para casa, considerando que ele tinha entendido a "lição".
Mas qual era a "lição"? Certamente, eu pensava estar administrando doses de sabedoria, tipo: os pais sabem que nada é bom sem limites.
Ora, para cada história da tradição e para várias da atualidade, Mário e Diana Corso mostram que os contos infantis (inventados ou não) são mais importantes e eficientes do que a simples e conclusiva "moral da história". Para as crianças, os contos infantis são instrumentos para o conhecimento do mundo: ao mesmo tempo, enunciados de problemas e propostas de soluções. Eles não funcionam como exemplos, mas como exercícios narrativos graças aos quais a criança descobre a complexidade das relações e dos afetos e elabora estratégias possíveis de ação.
Em matéria de relações e afetos, os contos são o equivalente das experiências concretas pelas quais uma criança adquire a capacidade de estabelecer nexos e executar operações lógicas. Só que a tarefa dos contos é mais complexa: aprendo o que é a causalidade à força de empurrar copos até que caiam, mas como faço para aprender quais regras ordenam o amor devorante de uma mãe, o ciúme de uma madrasta ou meu próprio medo de crescer? Uma criança se sente inadequada e rejeitada, outra não tolera uma separação que se faz necessária, outra se sente amada demais e prestes a ser devorada, outra começa a pensar que, de fato, ela foi adotada, outra ainda não sabe o que fazer com sua curiosidade sexual ou não consegue imaginar como sair um dia do amparo familiar para se aventurar na vida. Os contos infantis permitem formular as questões e explorar as soluções possíveis.
O livro de Diana e Mário Corso, justamente, é organizado em capítulos segundo as questões e as soluções propostas pelos contos.
Mas voltemos à história de Maximilino e Meninge. Na hora em que meu filho tentava descobrir qual seria a balança certa de deveres e prazeres, eu lhe propunha uma narrativa radical segundo a qual, na vida, só haveria deveres: nas minhas histórias, o prazer se tornava sempre um pesadelo, ou melhor, uma obrigação pior do que o dever.
Depois da leitura de "Fadas no Divã", não é difícil entender por que muitos contos que os pais inventam para seus rebentos podem ser elogios da obediência e do dever como únicas soluções para os problemas da vida. Os filhos recém-chegados, por mais que façam nossa felicidade, são um novo fardo, mas, obviamente, não queremos admitir que somos pais também por obrigação. A apologia do dever, com a qual enchemos os ouvidos de nossos filhos, é em grande parte endereçada a nós mesmos: uma exortação a persistir, teimosamente, na tarefa de sermos pais.
"Fadas no Divã" tem um precedente ilustre, de Bruno Bettelheim, "Psicanálise dos Contos de Fada". Mas o livro de Diana e Mário Corso é, simplesmente, melhor. Por duas razões.
A primeira é que Bettelheim se ocupou só dos contos de fadas tradicionais, enquanto Diana e Mário Corso analisam também as principais narrativas infantis contemporâneas, de Mafalda a Harry Potter.
A segunda é substancial: pela sutileza da interpretação dos contos e pela clareza do texto, "Fadas no Divã" é uma extraordinária introdução à psicanálise. Não é surpreendente: os contos infantis, afinal, são o repertório de conflitos, fantasias e afetos que ainda estão em todos nós.
Nota: o filme "Os Irmãos Grimm", de Terry Gilliam, que está em cartaz nestes dias, tem justamente o mérito de lembrar que os contos de fadas servem para encontrar saídas nos apertos.
terça-feira, outubro 11, 2005
domingo, outubro 09, 2005
Anoitecer.
Não gosta do entardecer na vila, os pássaros ruidosos na mangueira, o lusco fusco.
O sol da manhã a faz desejar viver, a noite traz tristeza, das casas em volta vem barulho de crianças, cheiro de sopa.
A TV ligada abafa os ruídos dos vizinhos e os internos.
Sabe que um dia num anoitecer poderá sucumbir.
Mini conto: Suíte número 1
Suite número I
Ficou encantada ao se ver no espelho com o vestido da patroa.
Dançou pela suite.
Com a tesoura fez pequenos cortes nas roupas penduradas.
Ao bater a porta sabia que não haveria retorno.
Ficou encantada ao se ver no espelho com o vestido da patroa.
Dançou pela suite.
Com a tesoura fez pequenos cortes nas roupas penduradas.
Ao bater a porta sabia que não haveria retorno.
Oriente-se, um espaço de escuta.
Aqui você encontra um blog onde poderá tirar dúvidas sobre qualquer questão que te aflija, vamos lá ver como funciona?
Vamos trocar idéias.
Prostituta aos 83 anos
Dona Josefa conta como se mantém como prostituta aos 83 anos
*Bruno Barreto
*Da Redação
"O Mossoroense"
Uma das notícias que mais chamaram a atenção esta semana na área
policial foi a morte do aposentado João Agostinho de Santana, 70, que
veio a óbito durante ato sexual com a aposentada e prostituta Josefa
Paula da Silva, 83.
O fato despertou a curiosidade de centenas de pessoas que ficaram
interessados em saber como uma mulher dessa idade pode se manter por
tanto tempo em uma profissão na qual a forma física é considerada
importante.
Aposentada como autônoma, dona Josefa falou que o dinheiro ganho na
prostituição é usado para complementar o benefício. "Com a aposentadoria
que a gente ganha fica complicado sobreviver, aí faço os programas para
completar a minha renda, cobro uns dez reais para meus clientes", relatou.
Dona Josefa conta que se mantém nessa função há 60 anos e que nunca se
casou: "Tive três filhos e com 23 anos de idade entrei na vida para
fugir do pai deles e me mantive porque gosto, dá prazer, ganho dinheiro
e por isso nunca quis casar", explica.
A experiente prostituta conta como chegou em Mossoró há 40 anos, oriunda
de Santarém (PA). "Desembarquei primeiro em Fortaleza com uma amiga, aí
ela me falou que em Mossoró era muito bom, então decidi vir, gostei, fui
ficando e estou aqui até hoje", lembrou.
Chegando em Mossoró, ela conta que conheceu logo o Alto do Louvor, que
naquela época vivia o auge como área de prostituição. "Eu e minha amiga
descobrimos logo o Copacabana (considerada a maior casa de prostituição
de Mossoró na época) e fomos para lá onde vários políticos e pessoas
conhecidas da sociedade freqüentavam", disse.
Hoje o local é um ambiente decadente, mas dona Josefa ainda mantém a sua
clientela fiel e garante que até jovens vêm à sua casa procurá-la. "A
maior parte é gente velha, mas tem muito garotão aparecendo por aqui, aí
eu pergunto: com tanta moça nova por aí, o que vocês querem com uma
velha? Aí eles respondem que é porque são as velhas que fazem melhor",
relata aos risos.
*Entrevista/dona Josefa*
OM - Como a senhora se mantém nesse ramo há tanto tempo?
DJ - Olha, estou nisso há tanto tempo primeiro porque gosto; segundo,
porque ainda sinto prazer em fazer sexo e para isso não tem idade.
OM - A senhora trabalhou nesse ramo em uma época em que a Aids não era
temida e em outra em que a doença virou motivo de preocupação, como é
lidar com isso?
DJ - Isso é conversa do povo, se você se prevenir não vai pegar doença
nenhuma, tudo depende do cuidado.
OM - Com 83 anos como a senhora consegue ainda cativar seus clientes?
DJ - Nem sei explicar porque esse pessoal ainda me procura, mas uma
coisa eu garanto: não vou atrás, não faço ponto em esquina, fico em casa
e eles vêm atrás de mim. Quase todos são velhos vindo atrás de diversão,
e eu proporciono isso a eles.
OM - Sobre o caso do senhor que morreu na cama com a senhora, como ficou
a sua cabeça?
DJ - Nem dormi direito essa noite, porque fiquei meio assustada com tudo
que aconteceu, pensei que nem fosse mais conseguir fazer, mas depois que
me levantei tenho certeza de que só deixo essa vida quando morrer.
*Bruno Barreto
*Da Redação
"O Mossoroense"
Uma das notícias que mais chamaram a atenção esta semana na área
policial foi a morte do aposentado João Agostinho de Santana, 70, que
veio a óbito durante ato sexual com a aposentada e prostituta Josefa
Paula da Silva, 83.
O fato despertou a curiosidade de centenas de pessoas que ficaram
interessados em saber como uma mulher dessa idade pode se manter por
tanto tempo em uma profissão na qual a forma física é considerada
importante.
Aposentada como autônoma, dona Josefa falou que o dinheiro ganho na
prostituição é usado para complementar o benefício. "Com a aposentadoria
que a gente ganha fica complicado sobreviver, aí faço os programas para
completar a minha renda, cobro uns dez reais para meus clientes", relatou.
Dona Josefa conta que se mantém nessa função há 60 anos e que nunca se
casou: "Tive três filhos e com 23 anos de idade entrei na vida para
fugir do pai deles e me mantive porque gosto, dá prazer, ganho dinheiro
e por isso nunca quis casar", explica.
A experiente prostituta conta como chegou em Mossoró há 40 anos, oriunda
de Santarém (PA). "Desembarquei primeiro em Fortaleza com uma amiga, aí
ela me falou que em Mossoró era muito bom, então decidi vir, gostei, fui
ficando e estou aqui até hoje", lembrou.
Chegando em Mossoró, ela conta que conheceu logo o Alto do Louvor, que
naquela época vivia o auge como área de prostituição. "Eu e minha amiga
descobrimos logo o Copacabana (considerada a maior casa de prostituição
de Mossoró na época) e fomos para lá onde vários políticos e pessoas
conhecidas da sociedade freqüentavam", disse.
Hoje o local é um ambiente decadente, mas dona Josefa ainda mantém a sua
clientela fiel e garante que até jovens vêm à sua casa procurá-la. "A
maior parte é gente velha, mas tem muito garotão aparecendo por aqui, aí
eu pergunto: com tanta moça nova por aí, o que vocês querem com uma
velha? Aí eles respondem que é porque são as velhas que fazem melhor",
relata aos risos.
*Entrevista/dona Josefa*
OM - Como a senhora se mantém nesse ramo há tanto tempo?
DJ - Olha, estou nisso há tanto tempo primeiro porque gosto; segundo,
porque ainda sinto prazer em fazer sexo e para isso não tem idade.
OM - A senhora trabalhou nesse ramo em uma época em que a Aids não era
temida e em outra em que a doença virou motivo de preocupação, como é
lidar com isso?
DJ - Isso é conversa do povo, se você se prevenir não vai pegar doença
nenhuma, tudo depende do cuidado.
OM - Com 83 anos como a senhora consegue ainda cativar seus clientes?
DJ - Nem sei explicar porque esse pessoal ainda me procura, mas uma
coisa eu garanto: não vou atrás, não faço ponto em esquina, fico em casa
e eles vêm atrás de mim. Quase todos são velhos vindo atrás de diversão,
e eu proporciono isso a eles.
OM - Sobre o caso do senhor que morreu na cama com a senhora, como ficou
a sua cabeça?
DJ - Nem dormi direito essa noite, porque fiquei meio assustada com tudo
que aconteceu, pensei que nem fosse mais conseguir fazer, mas depois que
me levantei tenho certeza de que só deixo essa vida quando morrer.
sábado, outubro 08, 2005
A blogolândia e a crônica de Rubem Braga.
Aqui no blogolândia (termo de Flávio, melhor que blogosfera, não acham?) fazemos muitas vezes auto análise, auto crítica aberta, estas coisas, alguns pensam que são o máximo, tudo que escrevem acham que deve ser louvado, outros quase se desculpam por existirem, por serem lidos- afinal lê quem quer, não é? Todos podem ser o que quiserem aqui na blogolândia, há democracia, quero deixar isto claro, todos têm espaço e leitores, e quem sou eu para dizer o que quer que seja? afinal mal cheguei...:)
Outro dia Inagaki falava sobre isto, não lembro mais bem o que disse, mas falava sobre o peso que algumas pessoas dão ao que pensam e ficam em discussões estéreis, etc e tal.
Outro dia eu estava numa livraria e peguei um livro de Rubem Braga. Eu conheço o escritor há séculos, mas não lembrava mais de nada dele, lembro que lia as crônicas numa revista, seria Cruzeiro ou alguma mais nova? Sei lá, faz tempo, sei do amor dele por Tônia Carrero, do apartamento que eu via lá no topo de um prédio em Ipanema onde havia um pomar, da amizade pelos mineiros- era capixaba- aquela geração rica intelectualmente que juntou Paulo Mendes Campos, outro cronista excelente, Fernando Sabino, Hélio Pellegrino- também psicanalista- Drummond, etc e tal.
O livro é de crônicas e fiquei encantada, sabia que Rubem Braga é considerado o maior cronista brasileiro, mas assim mesmo foi uma boa surpresa, uma delícia ler as crônicas dele, algumas me comoveram, tal a delicadeza, a sensibilidade do olhar do escritor. Uma das crônicas “Falamos de Carambolas” me deixou engasgada, é uma conversa entre um homem e uma mulher, comovente, simples, uma obra de arte. “Viúva na praia” é o olhar de um homem sobre uma vizinha que fica viúva, lembrei da minha história da vizinha, ele a vê na praia logo depois da morte do marido, é interessante como nos aproximamos neste momento, o olhar dele é semelhante ao meu, sem a sensualidade naturalmente, também não me comparo com ele como escritor. O livro dele me fez pensar, fazer uma auto crítica, ele é maravilhoso, leiam.
O livro é uma seleção de crônicas de Rubem Braga feita por Davi Arrigucci Jr. Ed. Global
Outro dia Inagaki falava sobre isto, não lembro mais bem o que disse, mas falava sobre o peso que algumas pessoas dão ao que pensam e ficam em discussões estéreis, etc e tal.
Outro dia eu estava numa livraria e peguei um livro de Rubem Braga. Eu conheço o escritor há séculos, mas não lembrava mais de nada dele, lembro que lia as crônicas numa revista, seria Cruzeiro ou alguma mais nova? Sei lá, faz tempo, sei do amor dele por Tônia Carrero, do apartamento que eu via lá no topo de um prédio em Ipanema onde havia um pomar, da amizade pelos mineiros- era capixaba- aquela geração rica intelectualmente que juntou Paulo Mendes Campos, outro cronista excelente, Fernando Sabino, Hélio Pellegrino- também psicanalista- Drummond, etc e tal.
O livro é de crônicas e fiquei encantada, sabia que Rubem Braga é considerado o maior cronista brasileiro, mas assim mesmo foi uma boa surpresa, uma delícia ler as crônicas dele, algumas me comoveram, tal a delicadeza, a sensibilidade do olhar do escritor. Uma das crônicas “Falamos de Carambolas” me deixou engasgada, é uma conversa entre um homem e uma mulher, comovente, simples, uma obra de arte. “Viúva na praia” é o olhar de um homem sobre uma vizinha que fica viúva, lembrei da minha história da vizinha, ele a vê na praia logo depois da morte do marido, é interessante como nos aproximamos neste momento, o olhar dele é semelhante ao meu, sem a sensualidade naturalmente, também não me comparo com ele como escritor. O livro dele me fez pensar, fazer uma auto crítica, ele é maravilhoso, leiam.
O livro é uma seleção de crônicas de Rubem Braga feita por Davi Arrigucci Jr. Ed. Global
Viuva na praia. Rubem Braga.
Rubem Braga
Ivo viu a uva; eu vi a viúva. Ia passando na praia, vi a viúva, a viúva na praia me fascinou. Deitei-me na areia, fiquei a contemplar a viúva.
0 enterro passara sob a minha janela; o morto eu o conhecera vagamente; no café da esquina. a gente se cumprimentava às vezes, murmurando "bom dia"; era um homem forte, de cara vermelha; as poucas vezes que o encontrei com a mulher ele não me cumprimentou, fazia que não me via; e eu também. Lembro-me de que uma vez perguntei os horas ao garçom, e foi aquele homem que respondeu; agradeci; este foi nosso maior diálogo. Só ia à praia aos domingos, mas ia de carro, um "Citroen", com a mulher, o filho e a barraca, para outra praia mais longe. A mulher ia às vezes à praia com o menino, em frente à minha esquina, mas só no verão. Eu passava de longe; sabia quem era, que era casada, que talvez me conhecesse de vista; eu não a olhava de frente.
A morte do homem foi comentada no café; eu soube, assim, que ele passara muitos meses doente, sofrera muito, morrera muito magro e sem cor. Eu não dera por sua falta, nem soubera de sua doença.
E agora estou deitado na areia, vendo a sua viúva. Deve uma viúva vir à praia? Nossa praia não é nenhuma festa; tem pouca gente; além disso, vamos supor que ela precise trazer o menino, pois nunca a vi sozinha na praia. E seu maiô é preto. Não que o tenha comprado por luto; já era preto. E ela tem, como sempre, um ar decente; não olha para ninguém, a não ser para o menino, que deve ter uns dois anos.
Se eu fosse casado, e morresse, gostaria de saber que alguns dias depois minha viúva iria à praia com meu filho — foi isso o que pensei, vendo a viúva. É bem bonita, a viúva. Não é dessas que chamam a atenção; é discreta, de curvas discretas, mas certas. Imagino que deve ter 27 anos; talvez menos, talvez mais, até 30. Os cabelos são bem negros; os olhos são um pouco amendoados, o nariz direito, a boca um pouco dentucinha, só um pouco; a linha do queixo muito nítida.
Ergueu-se, porque, contra suas ordens, o garoto voltou a entrar n'água. Se eu fosse casado, e morresse, talvez ficasse um pouco ressentido ao pensar que, alguns dias depois, um homem — um estranho, que mal conheço de vista, do café — estaria olhando o corpo de minha mulher na praia. Mesmo que olhasse sem impertinência, antes de maneira discreta, como que distraído.
Mas eu não morri; e eu sou o outro homem. E a idéia de que o defunto ficaria ressentido se acaso imaginasse que eu estaria aqui a reparar no corpo de sua viúva, essa idéia me faz achá-lo um tolo, embora, a rigor, eu não possa lhe imputar essa idéia, que é minha. Eu estou vivo, e isso me dá uma grande superioridade sobre ele.
Vivo! Vivo como esse menino que ri, jogando água no corpo da mãe que vai buscá-lo. Vivo como essa mulher que pisa a espuma e agora traz ao colo o garoto já bem crescido. 0 esforço faz-lhe tensos os músculos dos braços e das coxas; é bela assim, marchando com a sua carga querida.
Agora o garoto fica brincando junto à barraca e é ela que vai dar um mergulho rápido, para se limpar da areia. Volta. Não, a viúva não está de luto, a viúva está brilhando de sol, está vestida de água e de luz. Respira fundo o vento do mar, tão diferente daquele ar triste do quarto fechado do doente, em que viveu meses. Vendo seu homem se finar; vendo-o decair de sua glória de homem fortão de cara vermelha e de seu império de homem da mulher e pai do filho, vendo-o fraco e lamentável, impertinente e lamurioso como um menino, às vezes até ridículo, às vezes até nojento...
Ah, não quero pensar nisso. Respiro também profundamente o ar limpo e livre. Ondas espoucam ao sol. O sol brilha nos cabelos e na curva de ombro da viúva. Ela está sentada, quieta, séria, uma perna estendida, outra em ângulo. 0 sol brilha também em seu joelho. O sol ama a viúva. Eu vejo a viúva.
(Rio, setembro, 1958)
Texto extraído do livro “Ai de ti, Copacabana”, Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1960, pág. 129.
Ivo viu a uva; eu vi a viúva. Ia passando na praia, vi a viúva, a viúva na praia me fascinou. Deitei-me na areia, fiquei a contemplar a viúva.
0 enterro passara sob a minha janela; o morto eu o conhecera vagamente; no café da esquina. a gente se cumprimentava às vezes, murmurando "bom dia"; era um homem forte, de cara vermelha; as poucas vezes que o encontrei com a mulher ele não me cumprimentou, fazia que não me via; e eu também. Lembro-me de que uma vez perguntei os horas ao garçom, e foi aquele homem que respondeu; agradeci; este foi nosso maior diálogo. Só ia à praia aos domingos, mas ia de carro, um "Citroen", com a mulher, o filho e a barraca, para outra praia mais longe. A mulher ia às vezes à praia com o menino, em frente à minha esquina, mas só no verão. Eu passava de longe; sabia quem era, que era casada, que talvez me conhecesse de vista; eu não a olhava de frente.
A morte do homem foi comentada no café; eu soube, assim, que ele passara muitos meses doente, sofrera muito, morrera muito magro e sem cor. Eu não dera por sua falta, nem soubera de sua doença.
E agora estou deitado na areia, vendo a sua viúva. Deve uma viúva vir à praia? Nossa praia não é nenhuma festa; tem pouca gente; além disso, vamos supor que ela precise trazer o menino, pois nunca a vi sozinha na praia. E seu maiô é preto. Não que o tenha comprado por luto; já era preto. E ela tem, como sempre, um ar decente; não olha para ninguém, a não ser para o menino, que deve ter uns dois anos.
Se eu fosse casado, e morresse, gostaria de saber que alguns dias depois minha viúva iria à praia com meu filho — foi isso o que pensei, vendo a viúva. É bem bonita, a viúva. Não é dessas que chamam a atenção; é discreta, de curvas discretas, mas certas. Imagino que deve ter 27 anos; talvez menos, talvez mais, até 30. Os cabelos são bem negros; os olhos são um pouco amendoados, o nariz direito, a boca um pouco dentucinha, só um pouco; a linha do queixo muito nítida.
Ergueu-se, porque, contra suas ordens, o garoto voltou a entrar n'água. Se eu fosse casado, e morresse, talvez ficasse um pouco ressentido ao pensar que, alguns dias depois, um homem — um estranho, que mal conheço de vista, do café — estaria olhando o corpo de minha mulher na praia. Mesmo que olhasse sem impertinência, antes de maneira discreta, como que distraído.
Mas eu não morri; e eu sou o outro homem. E a idéia de que o defunto ficaria ressentido se acaso imaginasse que eu estaria aqui a reparar no corpo de sua viúva, essa idéia me faz achá-lo um tolo, embora, a rigor, eu não possa lhe imputar essa idéia, que é minha. Eu estou vivo, e isso me dá uma grande superioridade sobre ele.
Vivo! Vivo como esse menino que ri, jogando água no corpo da mãe que vai buscá-lo. Vivo como essa mulher que pisa a espuma e agora traz ao colo o garoto já bem crescido. 0 esforço faz-lhe tensos os músculos dos braços e das coxas; é bela assim, marchando com a sua carga querida.
Agora o garoto fica brincando junto à barraca e é ela que vai dar um mergulho rápido, para se limpar da areia. Volta. Não, a viúva não está de luto, a viúva está brilhando de sol, está vestida de água e de luz. Respira fundo o vento do mar, tão diferente daquele ar triste do quarto fechado do doente, em que viveu meses. Vendo seu homem se finar; vendo-o decair de sua glória de homem fortão de cara vermelha e de seu império de homem da mulher e pai do filho, vendo-o fraco e lamentável, impertinente e lamurioso como um menino, às vezes até ridículo, às vezes até nojento...
Ah, não quero pensar nisso. Respiro também profundamente o ar limpo e livre. Ondas espoucam ao sol. O sol brilha nos cabelos e na curva de ombro da viúva. Ela está sentada, quieta, séria, uma perna estendida, outra em ângulo. 0 sol brilha também em seu joelho. O sol ama a viúva. Eu vejo a viúva.
(Rio, setembro, 1958)
Texto extraído do livro “Ai de ti, Copacabana”, Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1960, pág. 129.
sexta-feira, outubro 07, 2005
As duas faces da felicidade.
Desde que surgiu lá no Oriente-se
uma discussão sobre amar mais de uma pessoa, venho lembrando estes dois filmes, existem muitos, mas estes são antigos e do jeito que eu gosto, franceses, gosto de filme europeu- disparado.
"Les bonheur" ou "As duas faces da felicidade" é um filme de Agnès Varda, quando vi mexeu comigo apesar de ser tão jovem.
É a história de um rapaz casado que se apaixona por outra mulher, as duas são leves e bonitas, é um filme que queria rever. Ando com vontade de ver um bom filme faz tempo, não tenho ido ao cinema. O jovem fica em conflito diante do amor pelas duas mulheres, era feliz no casamento. Não esqueci uma cena num parque, onde as duas estão.
Vocês viram "Jules e Jim" de François Truffaut ? aqui Jeanne Moureau faz a mulher que ama dois homens, dois amigos, num clima aparentemente tranqüilo.Jules e Jim amam Catherine e Catherine ama Jules e Jim.
Truffaut traz a mulher amando dois homens, dois amigos, inverte o jogo habitual onde os homens se dividem entre o amor de duas mulheres. Lindo filme, tem cenas no campo inesquecíveis.Maravilha! Ai que saudades de um bom filme.
Há um ensaio bom aqui.
quinta-feira, outubro 06, 2005
José Simão
Buemba! Maluf compra um fecha corpus!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! E eu acho que o Maluf devia comprar um fecha corpus. Vai numa casa de macumba e compra um fecha corpus. É melhor que habeas corpus! E um amigo meu está liderando uma campanha "Soltem o Maluf". É que ele apostou que, se o Maluf ficasse um mês preso, ele pagaria um engradado de cerveja, dançaria balé e vestiria a camisa do Palmeiras. O prazo está se esgotando, e ele não quer vestir a camisa do Palmeiras. Soltem o Maluf! Rarará!
E a greve dos bancos? Por mim poderiam ficar fechados. Banco no Brasil só serve pra duas coisas: pagar conta e rolar dívida. E o gerente ainda tem que estar de bom humor!
E o bispo que tá em greve de fome contra a transposição do rio São Francisco?! Greve de fome derruba Lula. Ou seja, ele continua enrascado com o Fome Zero. Fome Zero derruba o Lula de novo! Rarará! E diz que o bispo tá superdisposto, dando enrevistas, caminhando e só tomando água do rio São Francisco. Então essa água é milagrosa. Vitaminada! Transpõe o rio aqui pra casa. Eu quero beber água do São Francisco. E eu não quero caluniar ninguém, mas será que o bispo não come escondido? Que nem faquir de circo? Rarará!
E a charge do Sandro com dois caras discutindo desamamento: "Sim!". "Não!" "Sim!" "Não!" "Senhores, vamos discutir isso civilizadamente. Contem dez passos, virem-se e atirem!" Rarará! E uma leitora me disse que a Heloísa Helena parece a Sininho que não quer nunca sair da Terra do Nunca. Síndrome de Peter Pan! E eu vi o Palófi ontem na televisão e ele acalma o mercado. E a gramática? Pelo menos não fala pobrema nem Pranalto! Só fala cuspindo. Me pafa a pafoca. Tradução: me passa a paçoca! Rarará! É mole? É mole, mas sobe. Ou como diz aquele outro: é duro, mas desce!
Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha heróica e mesopotâmica campanha "Morte ao Tucanês". Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que um cara botou uma placa na porta da casa: "Barbeiro e Faço Carreto". Você faria carreto com um barbeiro? Ou o Rubinho mudou de profissão? Rarará. Mais direto impossível. Viva o antitucanês. Viva o Brasil!
E atenção! Cartilha do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Corretora de fundos": companheira que aluga o fiofó! Rarará. O lulês é mais fácil que o inglês. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje, só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno.
E vai indo que eu não vou.
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! E eu acho que o Maluf devia comprar um fecha corpus. Vai numa casa de macumba e compra um fecha corpus. É melhor que habeas corpus! E um amigo meu está liderando uma campanha "Soltem o Maluf". É que ele apostou que, se o Maluf ficasse um mês preso, ele pagaria um engradado de cerveja, dançaria balé e vestiria a camisa do Palmeiras. O prazo está se esgotando, e ele não quer vestir a camisa do Palmeiras. Soltem o Maluf! Rarará!
E a greve dos bancos? Por mim poderiam ficar fechados. Banco no Brasil só serve pra duas coisas: pagar conta e rolar dívida. E o gerente ainda tem que estar de bom humor!
E o bispo que tá em greve de fome contra a transposição do rio São Francisco?! Greve de fome derruba Lula. Ou seja, ele continua enrascado com o Fome Zero. Fome Zero derruba o Lula de novo! Rarará! E diz que o bispo tá superdisposto, dando enrevistas, caminhando e só tomando água do rio São Francisco. Então essa água é milagrosa. Vitaminada! Transpõe o rio aqui pra casa. Eu quero beber água do São Francisco. E eu não quero caluniar ninguém, mas será que o bispo não come escondido? Que nem faquir de circo? Rarará!
E a charge do Sandro com dois caras discutindo desamamento: "Sim!". "Não!" "Sim!" "Não!" "Senhores, vamos discutir isso civilizadamente. Contem dez passos, virem-se e atirem!" Rarará! E uma leitora me disse que a Heloísa Helena parece a Sininho que não quer nunca sair da Terra do Nunca. Síndrome de Peter Pan! E eu vi o Palófi ontem na televisão e ele acalma o mercado. E a gramática? Pelo menos não fala pobrema nem Pranalto! Só fala cuspindo. Me pafa a pafoca. Tradução: me passa a paçoca! Rarará! É mole? É mole, mas sobe. Ou como diz aquele outro: é duro, mas desce!
Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha heróica e mesopotâmica campanha "Morte ao Tucanês". Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que um cara botou uma placa na porta da casa: "Barbeiro e Faço Carreto". Você faria carreto com um barbeiro? Ou o Rubinho mudou de profissão? Rarará. Mais direto impossível. Viva o antitucanês. Viva o Brasil!
E atenção! Cartilha do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Corretora de fundos": companheira que aluga o fiofó! Rarará. O lulês é mais fácil que o inglês. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje, só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno.
E vai indo que eu não vou.
CONTARDO CALLIGARIS
CONTARDO CALLIGARIS
Armas: a solução de João
No dia 23 de outubro, os cidadãos brasileiros decidirão se, em vista de um bem comum e superior, eles querem ou não se privar do direito de comprar legalmente armas e munições.
Atualmente, no Brasil, esse direito é regulamentado. Só é possível comprar armas até o calibre 38; o comprador (maior de 25 anos) não pode ter antecedentes penais, deve passar por um teste psicológico que comprove um certo equilíbrio emocional e deve aprender o manuseio de sua arma num breve curso. Com isso, ele é autorizado a guardar a arma em casa ou no escritório. A permissão de carregar a arma consigo, no corpo ou no carro, é reservada a quem exerce uma profissão de risco e está exposto a uma ameaça de vida (Forças Armadas, policiais, promotores, seguranças particulares). Existe uma exceção para a caça, em zonas rurais.
Se o "sim" ganhar no próximo referendo (o "sim", diga-se em prol da clareza, significa sim à proibição da compra de armas), quem já tem armas legais e registradas poderá guardá-las, mas não poderá mais adquirir munições.
João mora numa casa da periferia paulistana, é motorista de táxi, pai de família, leitor assíduo de jornais e revistas semanais. Conversamos com freqüência e, no sábado passado, o tema foi o referendo.
João observou que, para a maioria da população, as armas, de qualquer forma, são muito caras. Quanto aos mais abastados, seus seguranças particulares continuarão armados. Em suma, o referendo terá conseqüências só para a faixa de brasileiros à qual ele pertence.
Logo, João evocou o argumento conhecido: a proibição não resolverá o problema da violência, pois desarmará o cidadão, e os bandidos continuarão adquirindo armas na ilegalidade (quem está na praça sabe que é fácil).
Respondi que, contrariamente ao que a gente imagina, a maioria dos assassinatos por arma de fogo não tem nada a ver com assaltos e invasões de residências. Leva-se um tiro do marido ou da mulher, numa briga de família ou numa discussão no bar da esquina em que alguém não foi com a cara da gente. A arma que mais mata não é a arma ilegal do bandido, mas a arma que o cidadão comum tem em casa e que ele vai buscar, enfurecido, depois do terceiro gole.
João concordou, mas notou que ele não bebe nunca, não usa droga e está bem de cabeça (tudo verdade). Uma arma em casa lhe daria uma certa segurança, a impressão de poder defender sua família. Até agora não comprou, mas faz tempo que pensa nisso. Além do mais, mesmo sem ter uma arma, ele prefere que os ladrões eventuais se preocupem com a idéia de que o dono poderia estar armado.
Comentei que, às vezes, os ditos ladrões assaltam justamente para roubar a arma de casa. Também lhe contei que, um dia, Jack Maple (o braço direito de William Bratton, que dirigiu a polícia de Nova York nos anos 90) me disse o seguinte: se a gente não está treinado, ter uma arma na mão só serve para ser baleado. E não basta ter feito um curso e ser capaz de acertar o alvo, é preciso estar disposto a atirar primeiro e a matar. Para isso, é necessário treinar até que o tiro se torne uma ação quase automática: 300 balas por semana, no mínimo. Mesmo usando balas recarregadas, o custo se torna rapidamente enorme. Aparte: será que nossos policiais treinam com 300 balas por semana?
Outra questão: uma arma em casa só adianta se ela estiver acessível e carregada. Como evitar que as crianças a encontrem, brinquem e engrossem a estatística dos acidentes? A tudo tem resposta: a arma estará no quarto, do lado da cama, e será carregada só à noite. O problema é que chega o dia em que a gente se esquece de descarregá-la de dia ou de carregá-la à noite.
João foi sensível a meus argumentos, mas a vontade de poder defender sua família é mais forte.
Não é estranho: se não posso proporcionar a meus filhos a melhor escola e o melhor hospital (sem falar das férias, dos brinquedos e da roupa), quero me resgatar na hora de defendê-los. Se meu apelo à força pública não é ouvido ou vale menos do que o de outros mais favorecidos, quero mostrar à minha família que não sou trouxa: por uma vez, terei a chance de ser o herói de casa.
Eis, então, a solução de João.
Ele vai comprar imediatamente duas armas -na ilegalidade, pois, depois do referendo, talvez o passo seguinte seja recolher as armas legais e declaradas. Ele comprará também seis balas importadas para a defesa e uma caixa de recarregadas para treino. Treinar onde? Pois é, os seguranças continuarão treinando, e quem não tem amigos?
No referendo, ele votará "sim", para proteger (contra eles mesmos) os malucos que não sabem se controlar e acabam matando o vizinho numa bebedeira ou os desvairados que não conseguem se organizar para evitar que as crianças brinquem com uma arma carregada.
Depois do referendo, quando o preço das armas no mercado negro aumentará, ele revenderá uma das duas armas que comprou. O lucro ajudará a pagar pela arma com a qual ele vai ficar.
Essa é a solução de João. Por favor, não me pergunte a minha.
Armas: a solução de João
No dia 23 de outubro, os cidadãos brasileiros decidirão se, em vista de um bem comum e superior, eles querem ou não se privar do direito de comprar legalmente armas e munições.
Atualmente, no Brasil, esse direito é regulamentado. Só é possível comprar armas até o calibre 38; o comprador (maior de 25 anos) não pode ter antecedentes penais, deve passar por um teste psicológico que comprove um certo equilíbrio emocional e deve aprender o manuseio de sua arma num breve curso. Com isso, ele é autorizado a guardar a arma em casa ou no escritório. A permissão de carregar a arma consigo, no corpo ou no carro, é reservada a quem exerce uma profissão de risco e está exposto a uma ameaça de vida (Forças Armadas, policiais, promotores, seguranças particulares). Existe uma exceção para a caça, em zonas rurais.
Se o "sim" ganhar no próximo referendo (o "sim", diga-se em prol da clareza, significa sim à proibição da compra de armas), quem já tem armas legais e registradas poderá guardá-las, mas não poderá mais adquirir munições.
João mora numa casa da periferia paulistana, é motorista de táxi, pai de família, leitor assíduo de jornais e revistas semanais. Conversamos com freqüência e, no sábado passado, o tema foi o referendo.
João observou que, para a maioria da população, as armas, de qualquer forma, são muito caras. Quanto aos mais abastados, seus seguranças particulares continuarão armados. Em suma, o referendo terá conseqüências só para a faixa de brasileiros à qual ele pertence.
Logo, João evocou o argumento conhecido: a proibição não resolverá o problema da violência, pois desarmará o cidadão, e os bandidos continuarão adquirindo armas na ilegalidade (quem está na praça sabe que é fácil).
Respondi que, contrariamente ao que a gente imagina, a maioria dos assassinatos por arma de fogo não tem nada a ver com assaltos e invasões de residências. Leva-se um tiro do marido ou da mulher, numa briga de família ou numa discussão no bar da esquina em que alguém não foi com a cara da gente. A arma que mais mata não é a arma ilegal do bandido, mas a arma que o cidadão comum tem em casa e que ele vai buscar, enfurecido, depois do terceiro gole.
João concordou, mas notou que ele não bebe nunca, não usa droga e está bem de cabeça (tudo verdade). Uma arma em casa lhe daria uma certa segurança, a impressão de poder defender sua família. Até agora não comprou, mas faz tempo que pensa nisso. Além do mais, mesmo sem ter uma arma, ele prefere que os ladrões eventuais se preocupem com a idéia de que o dono poderia estar armado.
Comentei que, às vezes, os ditos ladrões assaltam justamente para roubar a arma de casa. Também lhe contei que, um dia, Jack Maple (o braço direito de William Bratton, que dirigiu a polícia de Nova York nos anos 90) me disse o seguinte: se a gente não está treinado, ter uma arma na mão só serve para ser baleado. E não basta ter feito um curso e ser capaz de acertar o alvo, é preciso estar disposto a atirar primeiro e a matar. Para isso, é necessário treinar até que o tiro se torne uma ação quase automática: 300 balas por semana, no mínimo. Mesmo usando balas recarregadas, o custo se torna rapidamente enorme. Aparte: será que nossos policiais treinam com 300 balas por semana?
Outra questão: uma arma em casa só adianta se ela estiver acessível e carregada. Como evitar que as crianças a encontrem, brinquem e engrossem a estatística dos acidentes? A tudo tem resposta: a arma estará no quarto, do lado da cama, e será carregada só à noite. O problema é que chega o dia em que a gente se esquece de descarregá-la de dia ou de carregá-la à noite.
João foi sensível a meus argumentos, mas a vontade de poder defender sua família é mais forte.
Não é estranho: se não posso proporcionar a meus filhos a melhor escola e o melhor hospital (sem falar das férias, dos brinquedos e da roupa), quero me resgatar na hora de defendê-los. Se meu apelo à força pública não é ouvido ou vale menos do que o de outros mais favorecidos, quero mostrar à minha família que não sou trouxa: por uma vez, terei a chance de ser o herói de casa.
Eis, então, a solução de João.
Ele vai comprar imediatamente duas armas -na ilegalidade, pois, depois do referendo, talvez o passo seguinte seja recolher as armas legais e declaradas. Ele comprará também seis balas importadas para a defesa e uma caixa de recarregadas para treino. Treinar onde? Pois é, os seguranças continuarão treinando, e quem não tem amigos?
No referendo, ele votará "sim", para proteger (contra eles mesmos) os malucos que não sabem se controlar e acabam matando o vizinho numa bebedeira ou os desvairados que não conseguem se organizar para evitar que as crianças brinquem com uma arma carregada.
Depois do referendo, quando o preço das armas no mercado negro aumentará, ele revenderá uma das duas armas que comprou. O lucro ajudará a pagar pela arma com a qual ele vai ficar.
Essa é a solução de João. Por favor, não me pergunte a minha.
terça-feira, outubro 04, 2005
Mini conto: Zampanô
Michal Zaborowski
Zampanô
Abre a porta. Está escuro.
- Zampanô, Zampanô...
Acende a luz, o cão sai correndo eufórico, sobe no sofá, desliza pelo assoalho de sinteco.
- Zampanô, que dia hoje. Ufa!... Precisava ver. O ônibus cheio, abafado, o trânsito engarrafado. Gente com cada cheiro, Zampa...
O cachorro pula desta vez em suas pernas.
- Calma, calma, senão vai desfiar minha meia, filhote.
Tira primeiro os sapatos, depois as meias, a saia, e por fim, a blusa de frio. Continua com a camiseta de algodão e a calcinha.
Vamos lá, vou te dar comida.
Liga a TV, passa a novela das sete, detesta aquela baboseira, mas vê. Diverte-se fazendo críticas azedas:
- Zampa, esta mulher é insuportável, se você visse concordaria comigo.
Requenta a comida. Deita-se no sofá depois de comer- só sairá dali quando estiver quase dormindo. A louça fica para amanhã, o banho fica para amanhã, a roupa jogada juntará amanhã.
- Zampa, hoje não vamos passear, estou tão cansada...
A cão abana o rabo, enquanto as mãos magras alisam seu corpo.
Nota: Zampanô é personagem de Fellini de La strada. Veja aqui, se quiser, Antony Quinn fazia Zampanô e contracenava com Giuletta Masina no papel de Gelsomina, um dos personagens mais comoventes do cinema, se ainda não viu veja.
segunda-feira, outubro 03, 2005
O cansaço, o amor e o Jabuti do Alcione.
Li este texto do Alcione Araujo no blog do Guilherme que é um dos melhores e mais chics blogs que conheço, senão o mais sofisticado. Vão conhecer e ler o texto todo que vale à pena.
"Sem a presunção de merecer a sua concordância, ocorreu-me que talvez se possa dizer que o homem é aquilo que ama. Parece-me que no objeto do seu amor – por uma pessoa, uma causa, uma profissão etc. – ele expressa, na plenitude objetiva e subjetiva, seu corpo e sua alma, o que sente e o que pensa, o que sonha e realiza, o que fala e silencia. E do homem que nada ama, não se pode dizer o que seja. Assim é o que me parece; parece-lhe assim?"
Acabo de ler no Google que Alcione ganhou o premio Jabuti de crônicas com "Urgente é a vida". Leia aqui.Lembram que eu recomendei o livro há alguns meses? gostei muito, é da Ed. Record.
E esta música está há dias na minha cabeça, culpa do João Gilberto, fiquei a ouvi-lo sem parar, aliás, vou voltar a ouvir, me faz bem, ando tão cansada...
Esta letra tinha que ser de Dolores Duran, maravilhosa.
Caminhos Cruzados
Tom Jobim e Dolores Duran
Quando um coração que está cansado de sofrer
Encontra um coração também cansado de sofrer
É tempo de se pensar
Que o amor pode de repente chegar
Quando existe alguém que tem saudade de alguém
E este outro alguém não entender
Deixa este novo amor chegar
Mesmo que depois
Seja imprescindível chorar
Que tolo fui eu, que em vão tentei raciocinar
Nas coisas do amor que ninguém pode explicar
Vem nós dois vamos tentar
Só um novo amor
Pode a saudade apagar
sábado, outubro 01, 2005
Orgulho de ser brasileira.
Daiane dos Santos ao som de País Tropical. Maravilhosa!
País Tropical
Jorge Benjor
Moro...
Num país tropical,
Abençoado por Deus
E bonito por natureza, pois é...
Moro...
Num país tropical,
Abençoado por Deus
E bonito por natureza, mas que beleza!
Em fevereiro, em fevereiro,
Tem carnaval,
Tem carnaval,
Tenho um fusca e um violão,
Sou Flamengo e tenho uma nega chamada Tereza.
Posso não ser um Band Leader,
Mas assim mesmo feliz da vida, pois é...
Lá em casa todos meus amigos, meus camaradinhas me respeitam, pois é,
Essa é a razão da simpatia, do poder do algo mais e da alegria...
Moro
num país tropical
Abençoado por Deus
E bonito por natureza.
Em fevereiro, em fevereiro,
Em fevereiro tem carnaval,
Tem carnaval,
Tenho um fusca e um violão,
Sou Flamengo e tenho uma nega chamada Tereza,
Sou Flamengo tenho uma nega chamada Tereza,
Sou Flamengo tenho uma nega chamada Tereza,
Sou Flamengo tenho uma nega chamada Tereza.
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