sábado, setembro 30, 2006
quinta-feira, setembro 28, 2006
Hoje é dia de Contardo.
Um filme de amor
Contardo Calligaris.
O interesse pelo vídeo de Cicarelli revela que somos sobretudo frustrados no amor
À FORÇA de receber links para o vídeo de Daniella Cicarelli, acabei dando o clique e assisti ao filme.
São quatro minutos e meio, editados a partir de duas horas de gravação e entrecortados por subtítulos, que introduzem diferentes momentos do convívio do casal. Os subtítulos são em castelhano.
Normal, visto que os fatos aconteceram na Espanha, e o "paparazzo" era espanhol. Mas as frases, numa língua estrangeira e próxima, facilitam, para o espectador brasileiro, uma atitude irônica e zombadora, como se pertencessem a um português macarrônico.
De fato, nas conversas destes dias, o vídeo é sempre evocado com um tom maroto e, sobretudo, burlesco.
À primeira vista, o cômico parece servir para que o espectador esqueça a posição (incômoda e envergonhada) que ocupa: a de uma criança com o olho colado no buraco da fechadura ou, pior, a de um adulto salivando à vista de frutos proibidos.
Digo logo: suspeito que o cômico, neste caso, proteja o espectador de um outro incômodo, maior e, de certa forma, mais triste.
Falando em frutos proibidos, é importante salientar que o vídeo não é nada "ousado". Um sujeito que estivesse procurando por pornografia na internet certamente o descartaria sem hesitação e encontraria, com facilidade, imagens bem mais explícitas.
Alguém dirá que o interesse pelo vídeo depende unicamente do fato de que uma "celebrity" seria assim "exposta". Os títulos (infames) que acompanhavam os e-mails com o link iam nesse sentido. Algo assim: olhe só, Fulana está "dando" na praia... Ou seja, os brasileiros seriam fascinados pela "descoberta" de que uma "celebrity" e um lindo moço se desejam, beijam-se, acariciam-se etc. Essa cena nos ofereceria a certeza confortante de que os deuses do Olimpo não são muito diferentes da gente. Seria um pouco como uma foto de Lula ou de Alckmin mordendo um sanduíche cheio de mostarda e ketchup ou entrando com urgência num banheiro. "Te peguei!".
Pois é, não acredito em nada disso.
Por duas razões.
Primeiro, o vídeo nos mostra um casal que não tem nada de "jet-set". Eles não estão num iate na Sardenha nem numa enseada de sua ilha privada. Estão numa praia qualquer.
Tomam um refresco, comem um sorvete, tiram aquela foto que todos já tiramos, esticando o braço e recuando as cabeças para pegar o sorriso dos dois. Há um momento em que a moça puxa os cotovelos do moço para que ele a abrace; o gesto é comovedor de tão familiar.
Segundo, o distanciamento (facilitado pelos subtítulos irrisórios) mostra o seguinte: o espectador se arma de uma boa pitada de cômico para encarar uma visão que, sem isso, poderia magoá-lo (em geral, rir é um jeito de afastar de nós algo que preferimos ignorar). E acontece que, neste caso, o que queremos afastar certamente não é uma extravagância sexual, explícita ou implícita, pois o vídeo não é de sexo; é um vídeo de amor, um excelente vídeo de amor. Ele poderia ou deveria ser proposto como exemplo nas escolas de cinema, não por suas qualidades técnicas, mas porque é raro que os cineastas consigam mostrar tão bem os gestos do desejo entre duas pessoas que se gostam muito e que se amam (que seja por uma semana, um ano ou uma vida, tanto faz).
A delicadeza dos beijos, dos toques, dos abraços do casal falam de um momento de felicidade amorosa que é o verdadeiro "escândalo" do vídeo. É contra essas imagens de amor que o título chulo e os subtítulos irônicos protegem o espectador, guiando-o para que se convença de que ele está assistindo a alguma devassidão ou se divertindo ao constatar que uma "celebrity" fez "aquilo" que nem a gente.
Sem esse desvio da atenção, o vídeo seria, para quase todos os espectadores, tocante e talvez intoleravelmente triste. Por quê? Simples: alguns podem ser frustrados no sexo, outros podem ser invejosos e estar a fim de dar um pontapé nos pedestais que eles mesmos erigem, mas muitos sentem a falta da delicada intimidade do desejo sexual quando ele acontece entre dois que se gostam e se amam -muitos são frustrados no amor.
Com a ajuda de título e subtítulos, em suma, o tom burlesco dos comentários destes dias serve para que a gente não perceba o que, de fato, o "paparazzo" filmou: uma cena que, ao ser enxergada, produziria em nós a descoberta dolorosa de nossa carência. Pois não se trata de um momento de sexo, mas de uma tarde de amor.
PS: Ai ai Contardo fala com tanta delicadeza que me comoveu, eu também achei as cenas de um filme de amor. Não queria falar disto aqui, pelos problemas que poderei vir a ter com os que são contra, mas acho que já esfriou um pouco e não poderia deixar de colocar o texto dele, afinal eu abri este blog com um texto dele e venho colocando semanalmente. Espero não atrair urubus. :)
É difícil a gente admitir que fica triste ao ver um casal se amando com tanto afeto, é preciso estar amando assim para não se entristecer, e quantos de nós tem um amor delicado com este? Poucos.
Ah! o amor...
Laura
quarta-feira, setembro 27, 2006
Sobre a Blogagem coletiva- ética. Dia 27/09.
Voto com ética.
Como já disse o Lino a blogagem foi um sucesso. Estamos bastante afinados, sinto como se estivéssemos formando um grupo que pensa o Brasil e o mundo neste mundo virtual, isto é bom. Interessante como vários posts tocaram em assuntos semelhantes, se complementando.
Como eu já disse nos comentários o mérito do chute inicial é meu e de Lino, mas vocês todos merecem os parabéns pelos textos sérios, quase não houve panfletagem, ótimo isto, todos pensando num Brasil melhor. Utopia? Pode ser, mas quem não tem sonhos? E sonhar é fundamental.
Gosto das blogagens coletivas, me sinto integrada com vocês, acredito que algo muda, há uma energia boa no ar. Penso que podemos fazer sempre que houver um assunto que esteja no ar nos provocando, como foi o caso da violência e agora a ética.
Interessante, eu nunca havia sido perturbada por trolls(estes sujeitos que entram anonimamente e nos ofendem), desta vez aconteceu, no momento em que a ética era colocada como fundamental, alguém não suporta, vem e mostra a outra face- aética- agride muitos, provoca confusão, tenta jogar uns contra os outros assinando no nosso nome, ofendendo nossos amigos. É um fato a lamentar, mas que não tirou o brilho da blogagem, já foi localizado o IP(identidade), vem de alguém de muito longe, não suportou estar de fora- esteve porque quis- todos foram convidados. Mas uma pessoa com este perfil não conseguiria escrever nada sobre ética- afinal a ética passa ao largo ali.
Ainda não li todos os posts, não foi possível, mas irei lendo durante a semana. E eu não sou a leitora mais importante, cada leitor é importante, se você faz alguém pensar com o que você trouxe para reflexão, isto é que é importante.
Obrigada a cada um e bola pra frente.
segunda-feira, setembro 25, 2006
Blogagem coletiva sobre ética dia 25/09/06 Atualizada dia 26./noite.
Voto com ética.
“Entendemos ética como um conjunto
consensual de valores que influencia
os procedimentos dos indivíduos dentro
da sociedade, que é também dinâmico
e vai sendo mudado de acordo com a
evolução da comunidade.(Dias, Victor.2000, p188)*
Depois da blogagem coletiva sobre violência muitos me escreveram dizendo que gostariam de participar de novas blogagens.
É o momento de falar de ética, é o que está no ar.
Algumas pessoas discordaram, perdi amigos nesta parada - talvez por isso tenha sido difícil divulgar estes dias, fazer o boca a boca.
Quase tudo que lemos sobre ética é atacando políticos, especialmente os que estão no poder. Eu não apoio ninguém - exceto um candidato que eu acompanho há anos, está eleito, felizmente.
Acredito que vivemos um momento depressivo por estarmos todos desapontados e chocados com tudo que vemos diariamente na mídia.
Estive a pensar como esperneamos diante do comportamento anti-ético dos políticos, mas como somos tolerantes com pessoas que estão mais próximas, com pequenas atitudes sem ética: amigos, parentes, vizinhos - nós.
Vivemos numa sociedade que busca o prazer imediato, numa sociedade onde vale tudo para ser feliz e, neste vale tudo, a ética fica de fora muitas vezes.
Por que se o guarda nos pára por alguma infração oferecemos uma grana para uma cervejinha e achamos que nos demos bem por não levarmos uma multa? O vizinho que faz gato na TV a cabo é tido como o mais esperto, todos acham que ele se dá bem. O outro que furtou uma garrafa de vinho no mercado não fez nada de mais, o dono é rico, não fará diferença. Afinal, há ladrões em todos os escalões da República desde que o Brasil foi descoberto - pensamos. Copiamos um pedacinho de um texto de alguém e não dizemos, 'ninguém precisa saber', não seremos descobertos; a idéia original é de outro e eu digo que é minha, ninguém saberá...
É assim que funcionamos na maioria, não é?
É assim que ensinamos nossos filhos a serem anti- éticos e pensamos que não há mal nenhum nisto.
Precisamos mostrar aos nossos filhos que é preciso ser responsável, dizer mais não, precisamos dar mais limites, não comprar tudo que querem. É preciso ensiná-los que há regras/normas que devem ser cumpridas para se viver seja na família, na escola, no trânsito - na sociedade.
Mas por que somos assim? Por que somos flexíveis com alguns? No programa "Saia Justa" (Canal GNT) elas, estes dias, comentaram que se a polícia ameaça prender um filho nosso pego com maconha, não pensamos duas vezes em dar uma grana ao guarda para não colocá-lo numa cela cheia de bandidos. Por quê? Neste caso, há o medo de que ele sofra excessivamente - pode ser contaminado com AIDS, violentado sexualmente, seria um caso extremo, mas por quê?
Vinha pensando nisto quando Contardo Calligaris escreveu esta semana sobre o assunto, ele nos diz que separamos o ato do sujeito, vocês ficam com ele aqui e eu vou curtir uma prainha e já volto - estou brincando.
Não sou pessimista apesar de triste com tudo que assistimos, acho que todos estamos mais conscientes, não dá mais para cruzar os braços, deixar rolar, é preciso mudar o Brasil e só uma sociedade consciente pode fazer isto.
Mais Contardo aqui
Leiam mais aqui
Mais aqui
Aqui
*Aqui
Voto ético.
Quem está conosco nesta blogagem:
Lou
Lino
Regina
Luma
Guga
Euza loba
Sérgio
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Zeca
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Marcos
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Lizhy
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Tertu
Selma
Jacque
Meire
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Marcos
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Fernando
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Cláudio
Nilza
Saramar
Magui
Radar potiguar
Sweet
domingo, setembro 24, 2006
Momentos da semana.
Juliette Binoche- lindaaaaaaaaaa...
Ouça aqui
Madeleine Peyroux tem linda voz, como a Billie Holiday, não me incomoda porque o timbre é semelhante, mas ela é menos dramática que a Billie, espero mais feliz. :)
Mais aqui
"O momento literário" de João do Rio, relançado por esta editora de Curitiba deve ser uma delícia.Leiam mais aqui no Marcelo Coelho.
Outro dia vi no "Sem censura" o autor de "O Codex 632", José Rodrigues dos Santos, ele fala muito bem, o livro deve ser interessante, mas acredito que vá na linha, lógico, do outro código que eu detestei, aliás, li só 3 capítulos. Este talvez nos interesse mais, tem a ver com Cristovão Colombo e sua origem. Pelo que ele diz o livro é cheio de enigmas solucionados.
Vi um "Madame Lee" com Rita Lee, Roberto de Carvalho e Fernandinha Torres, que foi uma delícia, nunca tinha visto, a espontaneidade das duas é cativante, Fernandinha fez 'viparita', ficou de cabeça para baixo, ensinando Rita, depois Rita fuxica uma mala de viagem de Fernanda, tirando peças de roupas, foi muito divertido- e Fernanda ainda tocou piano e cantou com os dois. Muito bommmmm.
A separação de Debora Bloch e Olivier Anquier mexeu comigo, gostava do casal- tão lindos.
Carmem Silva foi uma das primeiras psicanalistas brasileiras, ela escreveu nas páginas da revista Claudia (Grupo Abril), durante 22 anos ininterruptos, na seção 'A Arte de Ser Mulher'. Outro dia vi um programa na Globonews onde a jornalista Ana Rita Fonteles Duarte falava do livro: “Carmem Silva – o feminismo na imprensa brasileira”, que escreveu sobre Carmem. Eu já disse aqui que quem me influenciou na década de 60 foi ela, eu era mocinha e lia os artigos dela bastante modernos.
Aqui fala do livro.
Ontem vi duas vezes aqui e na minha mãe de noite(TV à cabo) "Actor's studio" adorei ver Julliette Binoche de novo, havia visto faz tempo, tão linda, e vi o Ben Stiller, que eu não sabia é filho do pai do George, do Seinfeld.
O James Lipton foi homenageado na França naquele dia- o programa é antigo, mas eu não me importo vejo quantas vezes passar, sempre como se fosse a primeira vez.
Blogagem coletiva sobre ética dia 25/09.
Vejam que legal isto aqui:
http://thumbsnap.com/v/BinsGOms.jpg
Voto com ética.
Meus caros está na hora de pensar nas eleições.
Você pode ajudar a eleger gente de bem.
Como? Participe da blogagem coletiva sobre Ética - O que podemos fazer para mudar a política?
Blogs de todo o Brasil estarão envolvidos nesta blogagem, chamando a atenção para a questão da ética, dando sugestões e esclarecendo posições. Tudo para que tenhamos políticos éticos, honestos e responsáveis.
Participe! Você estará ajudando a melhorar nossa política, a melhorar nossos políticos e a melhorar o Brasil.
A data para a blogagem coletiva é 25 de setembro.
Você pode, também, ajudar na divulgação da blogagem coletiva: conte para seus amigos, espalhe nos blogs que você lê, coloque nas listas que participa.
Vamos mostrar que os blogueiros querem mudar os políticos e o país. Vamos fazer a nossa parte.
Cada um escreve o que quiser, não necessariamente sobre política, pode ser sobre ética em geral.
Obrigada a todos e vamos em frente, vamos nos mexer por um Brasil melhor para nossos filhos.
Agradeço a Lino Resende pelo estímulo, ajuda na revisão do texto e pela imagem.
Voto ético.
http://thumbsnap.com/v/BinsGOms.jpg
Voto com ética.
Meus caros está na hora de pensar nas eleições.
Você pode ajudar a eleger gente de bem.
Como? Participe da blogagem coletiva sobre Ética - O que podemos fazer para mudar a política?
Blogs de todo o Brasil estarão envolvidos nesta blogagem, chamando a atenção para a questão da ética, dando sugestões e esclarecendo posições. Tudo para que tenhamos políticos éticos, honestos e responsáveis.
Participe! Você estará ajudando a melhorar nossa política, a melhorar nossos políticos e a melhorar o Brasil.
A data para a blogagem coletiva é 25 de setembro.
Você pode, também, ajudar na divulgação da blogagem coletiva: conte para seus amigos, espalhe nos blogs que você lê, coloque nas listas que participa.
Vamos mostrar que os blogueiros querem mudar os políticos e o país. Vamos fazer a nossa parte.
Cada um escreve o que quiser, não necessariamente sobre política, pode ser sobre ética em geral.
Obrigada a todos e vamos em frente, vamos nos mexer por um Brasil melhor para nossos filhos.
Agradeço a Lino Resende pelo estímulo, ajuda na revisão do texto e pela imagem.
Voto ético.
sábado, setembro 23, 2006
É primavera- tempo de mudar.
É o início da primavera. É o início de um novo ano judeu. Eu acabo de fazer aniversário. É tempo de mudar, abandonar o luto, colorir a vida.
Ouça "Primavera" aqui com Tim Maia.
Quando o inverno chegar
Eu quero estar junto a ti
Pode o outono voltar
Eu quero estar junto a ti
Eu, é primavera
Te amo, é primavera
Te amo, meu amor
Trago esta rosa, para te dar
Trago esta rosa, para te dar
Meu amor
Hoje o céu está tão lindo
Cai chuva
Hoje o céu está tão lindo
Quando o inverno chegar
Eu quero estar junto a ti
Pode o outono voltar
Eu quero estar junto a ti
Eu, é primavera
Te amo, é primavera
Te amo, meu amor
Trago esta rosa, para te dar
Trago esta rosa, para te dar
Meu amor
Hoje o céu está tão lindo
Cai chuva
Hoje o céu está tão lindo
Cai chuva
Hoje o céu está tão lindo
Cai chuva
Hoje o céu está tão lindo
Quero viajar, hoje achei isto lá na UOL. Que maravilha.
quinta-feira, setembro 21, 2006
"E aí, eu comecei a cantar verso triste..."
Loucura
LUPICÍNIO RODRIGUES
Ouça aqui na voz linda de
Maria Bethânia - Lupicínio Rodrigues - Maria Bethânia - Mel - 02'42''
E aí
Eu comecei a cometer loucura
Era um verdadeiro inferno
Uma tortura
O que eu sofria por aquele amor
Milhões de diabinhos me martelando
Meu pobre coração que agonizando
Já não podia mais de tanta dor
E aí
Eu comecei a cantar verso triste
O mesmo verso que até hoje existe
Na boca triste de algum sofredor
Como é que existe alguém
Que ainda tem coragem de dizer
Que os meus versos não contêm mensagem
São palavras frias, sem nenhum valor
Oh! Deus, será que o senhor não está vendo isto
Então por que é que o senhor mandou Cristo
Aqui na Terra semear amor
Quando se tem alguém
Que ama de verdade
Serve de riso pra humanidade
É um covarde, um fraco, um sonhador
Se é que hoje tudo está tão diferente
Por que não deixa eu mostrar a essa gente
Que ainda existe o verdadeiro amor
Faça ela voltar de novo pra o meu lado
Eu me sujeito a ser sacrificado
Salve seu mundo com a minha dor
quarta-feira, setembro 20, 2006
Hoje é dia de Contardo.
Confusões morais perigosas
Contardo Calligaris
O que importa é saber se houve crime; tanto faz que o criminoso seja ou não parecido conosco
PAULO BETTI declarou que não se faz política sem pôr "as mãos na merda". Pode ser, mas há várias maneiras de manipular excrementos: por exemplo, podemos espalhá-los pelas paredes ou enfiar as mãos na massa para desentupir privadas. Não é a mesma coisa.
Seja como for, a declaração de Paulo Betti teve sucesso a tal ponto que um leitor, Lauro Freire, comentou: "A Rose Marie Muraro escreveu um artigo na Folha em que, entre outras barbaridades, escreveu: "Ser moral dentro de um sistema imoral é legitimar a imoralidade". Hoje, o Zé Celso justifica o voto no Lula com coisas como "somos todos mensaleiros e sanguessugas". [...]
Enfim, acho o Zé Celso um cara legal, e Rose Marie também. Como o Boal e outros. Minha pergunta e tema: por que diabos esses caras estão falando essas coisas?". A finalidade das declarações citadas é, obviamente, política, ou seja, elas servem para minimizar os crimes cometidos por membros do governo e do Congresso. Mas me preocupa uma implicação do pensamento que elas expressam.
A lógica implícita é evangélica, numa extensão que inverte os termos habituais: como é que nos autorizaríamos a procurar a trava no olho do outro, se não vemos a palha que está no nosso? É verdade: se você roubou marmelada na infância, essa experiência deve lhe permitir "entender" um deputado sanguessuga ou um ministro corrupto. Ou seja, a "mente" criminosa não é totalmente estrangeira à nossa: podemos compreendê-la.
A partir do século 19, a psiquiatria e a psicologia invadiram os tribunais para mostrar a juízes e jurados que, por trás dos crimes, havia "o criminoso", que era, apesar de tudo, um semelhante. Compreendê-lo significava reconhecer uma circunstância "atenuante": "em situações análogas, eu talvez não tivesse agido de maneira diferente". Até aqui, tudo bem.
Acontece que (descoberta de Michel Foucault) essa atitude generosa também respondia à vontade de policiar o comportamento humano num mundo em que a norma religiosa não tinha mais valor de lei. Como assim?
A novidade da lei moderna é a seguinte: criminosos são os atos, nunca os sujeitos. Na hora de julgar, no tribunal ou no foro íntimo, o que importa é saber se o ato de
Fulano é um crime; a pessoa Fulano é sem interesse. Essa mudança coloca um problema para quem gosta de ordem e controle (nada a ver com "ordem e progresso"), pois nossa lei proíbe uma série de atos, mas, quanto ao resto, deixa cada um livre para se comportar como ele bem entende.
É aqui que se revela a "utilidade" da consideração da pessoa do criminoso, que foi trazida, simpaticamente, para desculpá-lo (ao menos, em parte). Funciona assim: se, na hora de julgar, considero o criminoso (sua pessoa), e não seus atos, não vejo por que, na hora de reprimir, eu consideraria apenas os atos criminosos (como manda a lei), e não as pessoas.
Eis um bom exemplo. O presidente Lula saiu em defesa do senador Suassuna afirmando que ele é "leal" e tem comportamento "decente". José Alencar defendeu Freud Godoy por ele ser "uma pessoa correta". Esses comentários amigáveis não nos dizem se foram cometidos ou não atos ilegais. Se essas declarações valessem como defesas, sua implicação seria a seguinte: a culpa não é a de "sanguessugar" dinheiro público, mas a de ser desleal, incorreto ou indecente.
De repente, o que está em jogo é nossa liberdade, nada menos. Pois, se declarações como a de Lula e de Alencar constituíssem uma defesa, criminosos seriam não os atos (desconsiderados nas declarações), mas os comportamentos de quem não é "decente" - por exemplo, de quem se masturba, coleciona pornô, come sem garfo, é gay etc.
"Entender" o sujeito que cometeu um crime (porque todos teríamos uma disposição a cometer atos análogos) é uma operação cognitiva e afetiva simpática, que ameniza nossa severidade. Mas essa atitude tem pouco a ver com o funcionamento da lei ou da moral, a não ser que a gente queira viver um pesadelo repressivo em que os objetos do julgamento legal ou moral não seriam os atos, mas as pessoas.
Em suma, a aparente clemência de quem invoca que somos todos "pecadores" tem, como avesso, uma Justiça e um pensamento moral que, em vez de perseguir crimes e pecados, preferiria vigiar o comportamento de todos nós, supostamente criminosos e pecadores.
Brasil, meu Brasil brasileiro...
A Mani conta que em Fortaleza tem uma vereadora que fazia show de sexo explícito
em uma boate. Foi eleita com folga... O nome dela é Débora Soft, o slogan da campanha dela era: VOTE COM PRAZER.
Tks, Mani.
segunda-feira, setembro 18, 2006
Um político decente.
Fernando Gabeira às vésperas de concluir o terceiro mandato: "Não podia mais ficar só pensando em grandes causas e me omitindo em relação ao que estava acontecendo no Congresso".
Eu presto atenção em Gabeira desde que voltou do exílio, o vi muitas vezes na rua, sempre à pé, um homem como qualquer outro, escrevi este post faz tempo, a aproveito para voltar a falar nele, afinal...
A utopia real de Gabeira
Copiei daqui da revista Veja online.
Aos 65 anos, o ex-guerrilheiro coroa uma
carreira de rupturas radicais como o principal
nome da luta pela recuperação da ética e da
credibilidade da política brasileira
O deputado federal Fernando Gabeira, candidato à reeleição pelo PV, está vivendo dias especiais. Aos 65 anos, o ex-guerrilheiro que voltou do exílio anistiado e com a cabeça cheia de temas avançados demais para o Brasil de então, como ecologia, sexualidade, drogas, tornou-se um símbolo da ética. Virou uma espécie de homem-elefante da política, um ser que, à semelhança do personagem do filme famoso de David Lynch, grita: "Eu não sou um animal político. Sou um ser humano, sou um homem...". Fernando Gabeira chama atenção pelas qualidades morais, pela sensibilidade, pela inteligência, características que marcam um imenso contraste com a fauna que o circunda no Parlamento. Além de seus eleitores habituais, de classe média da Zona Sul carioca, param para falar com ele motoristas de táxi, senhoras de cabelos brancos, circunspectos aposentados. Um grupo que, até pouco tempo atrás, ou não o conhecia ou o via apenas como um sujeito exótico. Ele está entre os dez nomes mais lembrados entre os candidatos a deputado federal no Rio de Janeiro e recebe mais de 1 milhão de visitas por semana em seu site na internet.
Mineiro de Juiz de Fora e carioca por opção, Gabeira é dono de uma trajetória única na política brasileira, marcada por rara independência. Começou a questionar os rumos da esquerda ainda no exílio. Naquele período, atraiu-o o pacifismo do indiano Mahatma Gandhi e do americano Martin Luther King. Deu-se então a segunda grande ruptura na vida de Gabeira. A primeira o levara à luta armada. Essa agora o fazia dar um adeus às armas. Sua paixão foi preenchida então pela luta de libertação pessoal. Ele se tornou ardoroso defensor do feminismo, encantou-se com os movimentos negros e adotou a agenda das minorias sexuais. Na volta ao Brasil, em 1979 bateu de frente com os antigos companheiros da esquerda que não estavam nem um pouco ligados em discutir a política do corpo, a descriminalização das drogas. Mais de uma vez foi acusado de traição no Congresso ao votar com "a direita", como a privatização da telefonia e a quebra do monopólio da Petrobras. Em 2002, apoiou Lula. Um ano depois, rompeu com o PT por discordar das práticas do partido no governo e no Congresso. Diz a cientista política Lúcia Hippolito: "Gabeira representa a face mais avançada da esquerda mundial, que não nega a modernidade, não rejeita o mercado nem a globalização e ao mesmo tempo defende as minorias. Ele não ficou embolorado naquela esquerda ultrapassada, albanesa". Gabeira tornou-se um guerrilheiro da lucidez, a materialização das utopias possíveis.
Na vida civil, Gabeira é o mesmo há muito tempo. Não come carne vermelha, anda de bicicleta e de moto e continua defensor da legalização da maconha. Sua frase famosa a respeito do tema dá uma idéia de como ele administra as esferas pública e pessoal de sua ética: "Aqui não fumo porque é contra a lei, mas, quando vou a Amsterdã, dou uns tapinhas..!". Fala baixo, usa o plural majestático. Mudou um pouco o estilo de vestir, que se tornou mais sóbrio, clássico, e está em ótima forma física. Tem um eleitorado fiel, que já lhe garantiu três mandatos (o primeiro em 1994) e uma boa votação em 1986, ano de criação do PV, pelo qual concorreu ao governo do Rio de Janeiro. Mas nunca foi um campeão de votos. Na campanha de 2002, quando se elegeu pela legenda do PT, obteve pouco mais de 40.000 votos e quase ficou fora do Congresso.
O ponto de partida de sua atual popularidade é inequívoco. Em setembro do ano passado, em discurso, enfrentou, de dedo em riste, o então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti. VEJA revelara dias antes que Severino recebia propina do dono do restaurante da Câmara. A intervenção de Gabeira pôs frente a frente o país da corrupção e do atraso e o país inconformado com a situação. "Vossa excelência está em contradição com o Brasil. Vossa excelência na presidência da Câmara é um desastre para o Brasil. Vossa excelência ou se cala ou vamos iniciar um movimento para derrubá-lo", disse o deputado, com veemência, infelizmente, rara no Brasil. Três semanas depois, Severino renunciou, derrubado por seu "mensalinho".
O deputado Gabeira teve participação decisiva na instalação da CPI dos Sanguessugas e também na aprovação em primeiro turno do voto aberto, há duas semanas. "Ele fazia o discurso de um grupo restrito, o Posto 9 de Ipanema, era uma audiência muito pequena. Quando foi em cima do Severino, teve a atenção de todo o eleitorado brasileiro, estava falando para 100 milhões de pessoas", diz Ricardo Caldas, do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB). Seu prestígio na classe política se ampliou na mesma proporção. Gabeira tem sido assediado por candidatos de outros estados – e até de outros partidos – para gravar depoimentos a ser exibidos no programa eleitoral gratuito. Até o momento, ele recusou. Mas vem aparecendo em quase todo o Brasil pedindo votos para o PV, que está ameaçado de perder a legenda por não atingir os 5% de votos exigidos pela cláusula de barreira.
"Eu não podia mais ficar só pensando em grandes causas e continuar a me omitir em relação à deterioração do Congresso", diz Gabeira. Quando Severino começou a agir para impedir a punição dos mensaleiros, ele decidiu partir para o tudo ou nada. A mesma convicção o moveu na briga pela instalação da CPI dos Sanguessugas. Diante do desinteresse dos presidentes da Câmara, Aldo Rebelo, e do Senado, Renan Calheiros (a quem chamou de "chefe de quadrilha"), pela CPI, chegou à conclusão de que seria impossível sobreviver sem tomar alguma atitude destinada a interromper o processo de degradação do Congresso Nacional. Aos olhos dos cínicos, a indignação de Fernando Gabeira é um tanto suspeita. Por que ele não se levantou antes contra a bandalheira que o cercava? Por que só reagiu agora? Gabeira já era parlamentar quando se votou a emenda da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, processo que transcorreu sob o signo da suspeita de compra de votos. Não se ouviu sua voz condenando nada disso. Diz Gabeira: "Achei que bastava não me envolver com os corruptos e navegar ao largo da bandalheira até que vi que o Congresso estava chegando ao fundo do poço". Os cínicos continuam no direito de achar essa atitude de Gabeira um tanto alienada. Mas o certo é que ele, mais vez, rompeu com algo que se tornara insuficiente. Dessa vez rompeu com a ética passiva.
A nova frente de ação de Gabeira parte de um pressuposto. "Existe um grupo ético pequeno, um patrimonialista, para ser muito eufêmico, e muita gente indecisa, que pode votar com o lado ético nas decisões vitais para o país", resume, pragmático, o deputado. Para o cientista político Bolívar Lamounier, Gabeira é a figura mais habilitada para levantar a bandeira da moralidade na política porque não vive da política, mas para a política. Diz Bolívar: "Ele passou por uma reflexão pessoal intensa, está pensando o mundo, pensando sobre si mesmo. É de uma densidade que não se vê muito no meio político. E sabe expressar suas idéias".
O ex-guerrilheiro tem, de fato, idéias concretas para o que considera o sonho possível neste início do século XXI. Não se tornou partidário do capitalismo, mas admite que não existe no mundo atual nenhuma alternativa. "O que não se pode é propor algo mais ultrapassado ainda para substituí-lo", pondera. O caminho que decidiu trilhar é a defesa do desenvolvimento sustentado. No Brasil, isso significa modernização do capitalismo, o que em sua opinião exige em primeiro lugar melhorar a qualidade do gasto público, principalmente em saneamento e educação. "Em alguns programas, a atividade-fim fica em alguns casos com apenas 10% do Orçamento. O resto se perde na burocracia", afirma. "Isso reduz a capacidade de investimento do Estado, que é a mais baixa desde o pós-guerra, e desestimula, na seqüência, os investimentos privados." Para Gabeira, sem recuperar a capacidade de investimento, que vai criar emprego e melhorar a renda, não há programa social que funcione a contento para reduzir a pobreza.
É fácil achar elogios a Gabeira em figuras que, aparentemente, não compartilham nenhuma idéia com ele. Caso do senador Antonio Carlos Magalhães, do PFL da Bahia. "A diversidade é que faz o Congresso, e ele tem um bom relacionamento com todo mundo", diz. A deputada federal Yeda Crusius, do PSDB, participou com Gabeira do movimento Pró-Congresso, pela moralização do Parlamento. Segundo ela, enquanto muitos estavam descrentes e querendo ir embora, Gabeira foi um dos que seguiram pelo caminho contrário, pregando que era hora de fazer resistência, e não de desistir. Diz ela: "Apesar de radical, ele é uma pessoa bem articulada com a sociedade, sabe usar a tribuna e tem um senso de oportunidade muito especial".
O cientista político David Fleischer, da UnB, sustenta que Gabeira catalisa a esperança de que a crise de credibilidade dos políticos resulte em melhores dias para o Brasil. Isso já aconteceu em outros países. Ele cita como exemplo o caso dos Estados Unidos, que, após a renúncia do presidente Richard Nixon, em decorrência do escândalo Watergate, promoveram, a partir de 1977, um "saneamento político", com novas regras de financiamento de campanha, entre outras medidas. Mais adiante, quando o presidente Bill Clinton enfrentou acusações de que teria favorecido ex-financiadores, o Congresso endureceu ainda mais as leis. Caso semelhante ocorreu na Alemanha, que também apertou o cerco às contas de campanha depois do episódio envolvendo o ex-chanceler Helmut Kohl, acusado de receber recursos indevidamente. "Quase todos os países passam por altos e baixos. Os exemplos mostram que é possível arrumar a casa", afirma Fleischer.
Gabeira resume com a lucidez que lhe é característica e a dose de sonho que considera possível sua avaliação quanto ao futuro do Congresso. Diz ele: "Minha tese é que estão dadas algumas condições históricas para fazer do Congresso um espaço decente e produtivo. Um espaço com o qual o novo presidente possa trocar idéias, e não moedas". O eleitorado parece concordar. Na semana passada, Gabeira foi nadar num clube carioca, como faz todas as manhãs, e encontrou a piscina lotada. Pediu licença para usar apenas uma raia. Ouviu em resposta: "Quem expulsou Severino Cavalcanti do Congresso pode usar até a piscina inteira". Gabeira nada de braçadas.
Veja mais aqui
Tem umas fotos ótimas.
O site do Gabeira é este
domingo, setembro 17, 2006
10 dicas para identificar o mau candidato.
10 dicas para identificar o mau candidato.
Daqui de Fernando Gabeira.
A principal recomendação de Fernando Gabeira é muito simples: "Procure saber quem ele é". Os itens em que o eleitor deve ficar de olho são:
BIOGRAFIA
Compare o que ele diz com o que ele realmente é. O Google pode ajudar
HONESTIDADE
Cuidado com quem, diante de uma acusação, alega apenas estar sendo vítima de perseguição
ACESSIBILIDADE
Deu tapinha nas costas mas não prestou a mínima atenção no que você disse? Esqueça
TRANSPARÊNCIA 1
Se as contas de campanha não são claras, a atuação parlamentar provavelmente também não será
TRANSPARÊNCIA 2
Se é candidato à reeleição e você não tem idéia do que ele fez nos últimos quatro anos, é melhor escolher outro
AUTOCRÍTICA
Quem diz que nunca errou só pode estar mentindo
IDÉIAS
Desconfie de quem não diz como vai cumprir o que promete
PLANOS
Atenção a quem se candidata a um cargo eletivo já pensando na eleição seguinte
BRASIL
Essa é óbvia. Não se pode legislar sobre um país que não se conhece a fundo
DEMOCRACIA
Diz-se um democrata mas aplaude ditadores? Pode usar o mandato para defender medidas autoritárias
Daqui de Fernando Gabeira.
A principal recomendação de Fernando Gabeira é muito simples: "Procure saber quem ele é". Os itens em que o eleitor deve ficar de olho são:
BIOGRAFIA
Compare o que ele diz com o que ele realmente é. O Google pode ajudar
HONESTIDADE
Cuidado com quem, diante de uma acusação, alega apenas estar sendo vítima de perseguição
ACESSIBILIDADE
Deu tapinha nas costas mas não prestou a mínima atenção no que você disse? Esqueça
TRANSPARÊNCIA 1
Se as contas de campanha não são claras, a atuação parlamentar provavelmente também não será
TRANSPARÊNCIA 2
Se é candidato à reeleição e você não tem idéia do que ele fez nos últimos quatro anos, é melhor escolher outro
AUTOCRÍTICA
Quem diz que nunca errou só pode estar mentindo
IDÉIAS
Desconfie de quem não diz como vai cumprir o que promete
PLANOS
Atenção a quem se candidata a um cargo eletivo já pensando na eleição seguinte
BRASIL
Essa é óbvia. Não se pode legislar sobre um país que não se conhece a fundo
DEMOCRACIA
Diz-se um democrata mas aplaude ditadores? Pode usar o mandato para defender medidas autoritárias
sábado, setembro 16, 2006
Hoje é outro dia...
Ontem foram os beijos, hoje é outro dia, tempo de sobreviver.
As nuvens deslizam rápidas lá fora, aqui dentro é tempo de espera.
O tempo passa a ter um significado diferente quando vamos envelhecendo,
não há mais como deixar acontecer, e ao mesmo tempo é preciso que deixemos o tempo correr, é difícil isto.
É preciso tempo- lastro, como diz Raduan, "Amizade precisa de lastro", eu não sei esperar para amar nem amigos/as nem homens, como isto é difícil!
Minha geração tinha pressa, tudo urgia, o mundo mudou depois dos anos 70, fiz parte deste grupo que rompeu com o estabelecido- não fiz festa de 15 anos, não casei, não batizei os filhos, morei longe dos pais, era livre. Havia um preço, e foi alto, mas valeu à pena.
Hoje eu preciso me adaptar à espera, e há a sensação de dor de que talvez não haja mais tempo.
Hoje um amigo querido de São Paulo me diz num email:"Será que ainda vamos nos ver?" eu chorei lendo o que ele diz com tanto afeto, tem 13 anos mais que eu, eu quero vê-lo de novo e ao mesmo tempo fico esperando não sei o quê, ou eu sei o quê, sim.
Há momentos em que penso que não vou rever mais os amigos todos, que vivo como num exílio. Vou decidir esta viagem ao Rio e Sampa, não posso mais esperar. Outro amigo teve cânceres, tantos, espera me ver, eu preciso ir também vê-lo e ao mesmo tempo tenho um receio que não sei bem definir.
Bom, é meu aniversário, vocês são presentes diários que eu ganho aqui, fico feliz por isto, já disse muitas vezes.
A Luci, a confeiteira, já deve ter feito algo lá para mim- é muito gostoso isto. Luci é uma figura muito especial e querida.
O mundo virtual me deu muitos amigos e eu fico muito feliz por isso. E vou já já parar de choraminhar.
Ah! de noite vai ter festinha na casa da minha mãe, é sempre legal, os irmãos todos, em dia de festa é só cordialidades :), tem tortas gostosas, aquelas da família que veio do sul, vai ser bom.
Vou passar na amiga italiana para ganhar um abraço, ela ainda não pode sair, vou encontrar uma amiga nova também. vai ser bom.
Obrigada.
PS: Fui ver, Luci diz coisas lindas lá, vão ver e ganhei flores, no ano passado também, ela sabe que eu gosto. Tks, Luci, você é uma mulher muito especial. Bom ter te conhecido aqui.
Vocês aqui:
Querida Laura,
Feliz aniversário!
Abraço amigo
Marta
Marta | 09.16.06 - 3:16 am | #
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Oi, Laura: acendendo mais uma velinha, hein? Meus parabéns pelo dia e que ele seja lindo para vc, assim como os subsequentes. E que no próximo 16 de setembro esteja eu aqui para lhe felicitar novamente.
Sobre o filme de Diegues ainda não o vi. Mas, creio que irei assisti-lo a qualquer hora.
Um beijo festivo...
Bené Chaves | Homepage | 09.16.06 - 3:40 am | #
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a primavera nunca envelhece, nem se repete. Parabéns!
gugala | Homepage | 09.16.06 - 3:45 am | #
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Oi amiga!
Eu tive um enorme prazer em conhece-la...pena q foi muito pouco o tempo q passamos juntas. Deveriamos ter saido mais...aproveitado mais as praias...os lugares...enfim...
A vida e feita de círculos...fecha-se um e abre-se outro. Te desejo muitas felicidades! Parabéns!
Bjs.
Myriam | 09.16.06 - 3:52 am | #
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Feliz aniversário e tudo de bom pra você !
http://thumbsnap.com/v/RmLBhUWa.jpg
Jôka P. | Homepage | 09.16.06 - 5:31 am | #
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Laura: te desejo um dia bem especial...feliz aniversário...saúde e paz !!!Beijos com o carinho da amiga de sempre!!!
lia | Homepage | 09.16.06 - 8:37 am | #
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Querida Laura,
Mesmo com o tom claro de nostalgia do inicio do seu blog, não adivinhei que fosse seu aniversario. Mas então... Parabéns! Muitos anos de vida, com saúde e paz, que são as coisas mais importantes junto com amor. Me identifiquei com um tanto de coisas que voce disse- não batizou filhos, não casou,etc. Não sei se somos da mesma geração. Mas talvez proximas. Senão somos proximas por afinidade. Ah, somos proximas! Pronto! Quero ser porxima de você. Hoje tb escrevi sobre coisas que me emocionam, no mundo bloggeiro. Dos amigos que fiz no primeiro blog. E como estou gostando de conhecer pessoas novas agora. Como você, claro. Essa coisa que voce falou do lastro tb adorei, tambem sou apressada para tudo. Quem nem criança: vamos ser amigos agora? Eu te empresto meu baldinho... É tão mais simples. Criança tambem tem pressa e no entanto tem toda a vida pela frente. Você também tem toda a vida pela frente. Vá em frente Laura! Com muito carinho,
um beijo da Camille.
Camille | Homepage | 09.16.06 - 11:26 am | #
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Aniversário?? Não acredito que cheguei no dia! iuuuupiiiii!!!
Não é sempre que isso acontece! Sempre chego depois!
Feliz aniversário!!
Essas fotinhas são presente! Amplie para ver melhor e matar a saudades desse lugar.
Passamos por lugares, deixamos e levamos saudades. Um pouquinho de nós que se desprende e se perde pelo mundo.
http://thumbsnap.com/v/Y1KSpviq.jpg
http://www.thumbsnap.com/v/zc1bwP3B.jpg
http://thumbsnap.com/v/ADYsmSZf.jpg
http://thumbsnap.com/v/NUhqKVxi.jpg
O tempo, é apenas um detalhe.
Reveja seus amigos enquanto eles ainda não viraram apenas uma saudade!
Felicidades! Beijus
Luma | Homepage | 09.16.06 - 11:32 am | #
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Parabéns, felicidades e que seu caminhar seja longo.
bjs
Claudio | Homepage | 09.16.06 - 4:20 pm | #
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Feliz Aniversário!! Tudo de bom prá ocê, querida Laura!! Beijos!
Enoisa | Homepage | 09.16.06 - 6:23 pm | #
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Feliz pós-aniversário. Suas deliciosas reflexões sobre a vida, sobre a passagem do tempo são sempre muito edificantes.
Teresa | Homepage | 09.16.06 - 8:08 pm | #
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Laura
Como dizia o Vinicius: "Não tenho medo da morte. Tenho saudade da vida..."
Acho que é isso aí. Pensar que não mais verei as pessoas que amo, que elas seguirão sem mim, assim como eu sigo sem os que já partiram. Saber que não acompanharei o desenrolar da história, e nunca saberei no que vai dar. Nunca mais poder olhar para o céu, não ver o luar, não sentir o calor do Sol, não me encantar com os tons infindos do verde, não ouvir os sons da natureza. Não ler os livros que serão escritos, não ouvir as músicas que gosto, nem as que ainda serão compostas. Enfim, morrer é acabar, talvez se transformar, virar poeira cósmica; eu prefiro ser o barro da Terra...
Comemore a vida! Feliz Aniversário!
Beijinho da Lizhy
Lizhy | Homepage | 09.16.06 - 9:19 pm | #
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Laura, aceita meus parabéns ainda? Cheguei um dia depois mas o que vale é a intenção de lhe desejar que sua vida seja repleta de coisas boas e acontecimentos bons inesquecíveis.
Um beijo enorme!
Alline
Alline | Homepage | 09.17.06 - 2:27 am | #
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laura,
li o comentário sobre vc no "100querer".
parabéns e sucesso sempre!
percebo que você fez grandes amigos.incluo-me no rol destes.
não tenha dúvida;dias melhores,sempre,virão.
qualquer dia,marcaremos para nos conhecermos " ao vivo".
santé! tertu
tertu | Homepage | 09.17.06 - 2:28 am | #
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Laura querida, FELIZ ANIVERSÁRIO! Como presente, tanscrevo o início da coluna de Merval Pereira, pulicada hoje n'O Globo, sob o título POLÍTICA LIMPA. Se tiver oportunidade leia-a toda:
"Uma boa notícia para quem ainda acredita ser possível fazer política de maneira limpa e inteligente, mesmo depois da baixaria que começa a marcar a campanha eleitoral: está sendo lançado um novo portal chamado WIKI POLÍTICA, definido como uma iniciativa na intersecção entre política e internet, organizada segundo a mesma lógica de abertura, participaçao e interatividade que está na base do suceso da Wikipédia, a enciclopéia aberta da rede. No início do mês de julho, Jimmy Wales -criador da Wikipédia- lançou uma mensagem na blogsfera com o objetivo de "alavancar a inteligência política". Em sua mensagem ele convoca os que compartissem sua visão, a criar em seus países sites de "Campanhas Wikia", relata Miguel Darcy de Oliveira".
É uma idéia muito boa, Laura, e inspiradora para todos nós.
Bjs,
PP
PPRangel | Homepage | 09.17.06 - 6:44 am | #
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Olá, Laura!
Feliz Aniversario!!
Imaginava que estava perto, mas como te falei, fiquei sem teu endereço e a data do aniversario...mas acho que ainda tem um pouquinho de festa.
Felicidades...e para amar basta fazer a vida viver.
Ujm nbeijo e boas emana
Sergio | Homepage | 09.17.06 - 10:15 am | #
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Laura, mais parabéns, atrasadinhos... Parabéns todo dia, vale, né? A sensação de que o tempo corre e de que não sabemos lidar com ele acho que é permanente. Mas, vou te contar um segredo, é ele que não sabe lidar com a gente. É muito estabanado, apressado e, ao mesmo tempo, destemperado esse tempo...
Eu quero ver você aqui em Sampa! Quero muito, você é uma amiga muito querida e precisa se organizar para me encontrar também quando vier. Tudo bem que tem uma lista enorme de gente que quer te ver aqui, mas a gente faz fila, não tem problema... Beijos
Lou Salomé | Homepage | 09.17.06 - 10:56 am | #
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Nossa amiga, cheguei atrasadissima, mais o importante e chegar ne?
Parabens muita luz.
Beijao
Ivana
Ivana | 09.17.06 - 3:47 pm | #
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Laura,
parabens de uma amiga daqui de Santos City, perto de Sampa, uma cidade de praia de sol.
passo sempre por aqui..ontem não deu e olha só percoo aniversário!
mas não importa, sempre é tempo de desejos verdadeiros:
um ano maravilhoso pra ti, cheio de amigos, momentos bons, outros nem tanto,até pra gente valorizar sempre as coisas que nos acontecem.
Saudade pra voce,
abraços
Cris Cris | 09.17.06 - 4:34 pm | #
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Laura:
Atrasado, sim. Mas não poderia deixar de dar-lhe os parabéns e dizer que todos os dias fazemos aniversário.
E que todos os dias são, por isso, importantes marcos de nossas vidas.
Que os seus próximos dias - e anos - sejam tão marcantes quanto os atuais.
Parabéns, de novo.
Lino Resende | Homepage | 09.18.06 - 2:10 am | #
sexta-feira, setembro 15, 2006
Beijos e amor em paz.
Beijos.
I
Pela cintura me puxava firme, para que não perdesse o equilíbrio e continuasse- passos largos.
Beijava com força minha face.
Tínhamos pressa.
II
A água fria nos envolvia.
Meio tontos deixávamos que quase nos derrubasse.
Nada importava, apenas sentir aquele beijo.
III
Não me envergonhava dos olhares na rua
Aprendi a amar assim,
alguns no escuro, janelas fechadas,
outros em plena luz do dia.
Agora parece tarde, não há mais como sonhar com o beijo no amor maduro...
Ps: estas fotos me inspiraram. Esta primeira mulher tem um sorriso parecido com o meu.
Eu não sou como esta senhora da segunda foto, apenas projetei um futuro.
Lembram quando eu disse que adorei " O amor nos tempos do cólera" de Garcia Marques? pois é, eu sonhei um amor na maturidade...queria um amor em paz.
A primeira foto é de Robert Doisneau, a segunda é de Donna Ferrato.
Estou com esta música na cabeça, Amor em Paz.
Ouça aqui..
Elis Regina-Zimbo Trio - Moraes/Antonio Carlos Jobim - Elis Regina - No Fino da Bossa Vol. 2 - 03'14''
ou aqui
Amor em Paz
(Tom Jobim e Vinícius de Moraes)
Eu amei
E amei ai de mim muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar
Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
A razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor
É a coisa mais triste
Quando se desfaz
O amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz
quinta-feira, setembro 14, 2006
Hoje é dia de Contardo.
"O Maior Amor do Mundo"
Contardo Calligaris
Nossa capacidade de amar depende sempre do quanto e de como nós fomos amados
ASSISTI A "O Maior Amor do Mundo", o filme de Cacá Diegues que estreou na sexta-feira passada. Cacá Diegues é o grande cineasta naïf do cinema brasileiro. O que quer dizer naïf?
Pela definição do "Aurélio", naïf se diz da arte que é "desvinculada da tradição erudita convencional e de vanguarda, e que é espontânea e popularesca na forma sempre figurativa, valendo-se de cores vivas e simbologia ingênua". A definição é boa, mas precisa de dois acréscimos: 1-) a palavra "ingênuo" vem do latim e designa, antes de mais nada, quem nasceu livre, sem servidão nem escravidão; 2-) há mais um traço crucial da arte naïf: um amor à "vida como ela é", graças ao qual narrar é uma alegria, mesmo quando a história é dramática ou triste.
Esses acréscimos são interligados: a liberdade (formal, retórica etc.) é fruto do prazer de contar, que, por sua vez, é fruto da paixão de viver.
Aparte. Quem quiser verificar (ou contestar) essa definição da arte naïf pode ver o acervo do Museu Internacional de Arte Naïf (mian@museunaif.com.br), no Rio de Janeiro, na r. Cosme Velho, 561, perto do trenzinho que leva ao Corcovado.
No último filme de Cacá Diegues, um astrofísico brasileiro americanizado acaba amando uma moça (talvez duas) da Baixada Fluminense. Ele vai e vem entre um hotel de luxo e um esgoto a céu aberto. Mas o filme não transmite uma mensagem sociológica sobre os encontros e desencontros entre classes. Tampouco é uma denúncia do estado tétrico de nossas periferias.
O filme é livre dessas "obrigações" porque é animado pela vontade de contar a vida, com aquelas misérias e grandezas que são, por assim dizer, interclassistas. Os fracassos e os sucessos do amor, a nostalgia, o peso da morte iminente, o anseio por um sentido são afetos que decidem as cores de nossa existência em qualquer cenário.
É difícil falar de "O Maior Amor do Mundo" sem estragar o prazer de quem ainda não assistiu ao filme. Posso propor alguns comentários, deixando a cada um a tarefa de relacioná-los com a história, quando ela se desvendar.
O filme me comoveu porque toca numa verdade que todos sabemos comprovar, a cada dia: nossa capacidade de amar (uma parceira ou um parceiro, os filhos que tivemos ou gostaríamos de ter, o próximo em geral) depende sempre do quanto e de como fomos amados.
Um filho pode ser, para um dos pais, o lembrete da derrota do Brasil no jogo fatídico contra o Uruguai, na Copa de 50, ou, pior, o símbolo da perda irreparável de um outro ser amado. Em certas condições, um filho pode também ser, para um dos pais, o resultado da infidelidade do outro. Não há carinho que adiante: para o filho, o lugar que ele ocupou na história dos pais é sempre um fardo decisivo.
Outro aparte. Hoje, a lei admite o aborto para salvar a vida da mãe: é para não condenar quem nasce a ser o representante da morte de sua própria mãe e, para o pai, o monstro que matou a mulher que ele amava. A lei também admite o aborto em caso de gravidez decorrente de estupro: é para não condenar quem nasce a ser, aos olhos da mãe, o representante da violência que ela sofreu. Que a gente concorde ou não, o que importa é que o legislador, nesses casos, não se preocupa com os pais, mas com o próprio destino do nascituro.
Voltando ao filme: Antônio, que não pôde ser amado na infância (por razões que o espectador descobrirá), não sabe amar ninguém. Na iminência da morte, ele sai à procura da única pessoa que talvez o tivesse amado (sua mãe biológica). É uma procura de alto risco, pois, salvo revelações (o filme tem algumas em reserva), a mãe biológica é, em princípio, quem abandonou seu filho.
A beleza da história contada por Cacá Diegues é que Antônio não procura o amor que não teve como uma consolação no fim de sua vida. Ele procura porque, quem sabe, ainda dê tempo para aprender a amar (uma mulher ou o filho que, até então, era impossível que ele tivesse). O maior amor do mundo é provavelmente o amor materno; não porque uma mãe amaria mais do que um pai, um companheiro ou uma companheira, mas porque o amor da mãe é o amor que melhor pode nos ensinar a amar.
O filme é uma parábola, livre e alegre, sobre essa verdade. Em prêmio, uma sugestão: talvez a vida encontre seu sentido como um aprendizado do amor -aprendizado que pode ser longo ou repentino, da última hora.
quarta-feira, setembro 13, 2006
A longa ponte.
Só, no meio da ponte,
protegida por uma guarda chuva frágil,
segue ágil a mulher.
Alcançará ela o outro lado antes da tempestade?
Tenho sempre medo de não alcançar o outro lado, me falta algo.
A natureza plena e bela.
Foto galeria Folha de S Paulo hoje.
Não esqueçam da blogagem coletiva dia 25. Divulguem, please.
terça-feira, setembro 12, 2006
Renée Gumiel morre aos 92 anos-"A vida na pele"
Deu na Folha*
Renée Gumiel morre aos 92 anos
Eu havia feito este post com ela lembram? Fico feliz por ter pelo menos visto o vídeo com ela- maravolhoso. Assim vale a pena viver até os 92, bebia vinho e fumava. Tsc tsc tsc, pois é... o segredo é fazer o que gosta, passou por 4 cânceres, leiam lá embaixo.
Outro dia zapiando na TV vi no canal STV um história incrível de uma mulher que eu nunca tinha ouvido falar- os paulistas devem conhecer- Reneé Gumiel, francesa, uma bailarina ou dançarina, não sei qual é o melhor termo, extremamente expressiva que na época do documentário estava com 92 anos. Ela nasceu em 1913 o filme é de 2005. René lembra Isadora Duncan e Pina Bausch, tal a dramaticidade. Fiquei pasma. Sente-se como se ela ultrapassasse os limites do corpo, ela é muito mais do que corpo dançando. Imaginem uma mulher de noventa anos, magra, mãos enormes, as unhas pintadas, se expressando através deste corpo, contracenando com Ismael Ivo, um belo negro, o par é impressionante. Fala com extrema lucidez, aparece bebendo vinho, cigarrinho na mão,
há vida no sorriso matreiro. Acreditem que ela teve um câncer, só fazem referência de passagem.
Recentemente fez "Os sertões" com o grupo de Zé Celso Martinez Corrêa. Parabéns à Zé Celso. Os depoimentos são todos fortes.
Reneé nos faz refletir sobre a transitoriedade do corpo, mas também naquilo que transcende esta nossa massa física, sem misticismo. Não sei explicar o que é, é uma coisa impressionante, vejam o filme:
'A vida na pele' - René Gumiel (2005)
produção: Inês Bogea e Ricardo Rosenblitz
"Nascida na cidade francesa de Saint Claude, em 1913, Reneé participou da riquíssima vida cultural de Paris, antes e após a II Guerra. Trabalhou e conviveu com personalidades como Jean Cocteau e Igor Stravinsky, além de ter sido aluna de Rudolf Laban. Cursou psicologia e filosofia na Sorbonne .Durante a II Guerra enquanto estava refugiada na Espanha, conhece seu marido o espanhol Raphael Gumiel Lopez, pai de seus dois filhos René e Evelyn, nascidos mais tarde no Rio de Janeiro. A vinda da artista para o Brasil é o ponto central da história da vida de Renée e também um marco no cenário da dança no país; não só pelo momento propício para a modernização da dança brasileira, como também pela importância política de seus espetáculos."
Trecho daqui.
Ismael Ivo
*Vítima de pneumonia, a bailarina francesa que atuou em São Paulo estava internada desde o último dia 3, em São Paulo
Uma das responsáveis por modernizar a dança brasileira, a atriz voltaria ao cartaz dia 8, em "Os Sertões", no teatro Oficina
DA REPORTAGEM LOCAL
A atriz e bailarina Renée Gumiel morreu domingo, aos 92 anos, vítima de pneumonia -seguida de um choque séptico. Ela estava internada desde o último dia 3, na UTI do hospital Santa Cruz, em São Paulo.
Nascida em 1913 na cidade francesa de Saint-Claude, Renée chegou ao Brasil nos anos 1950, trazendo consigo a dança moderna. Era a mais velha bailarina em atividade no país. Prestes a completar 93 anos, em 20/10, ainda dava aulas de dança e, na quarta-feira anterior à sua internação, participou de seu último ensaio com o grupo Oficina Uzyna Uzona.
Na sexta, dia 8, ela voltaria aos palcos na peça "Os Sertões". Para o diretor Zé Celso, Renée "é imortal, uma deusa dançante": "Era uma guia de todos nós, foi nossa grande amante", diz ele. "A última coisa que fez foi um ensaio de "O Homem - Parte 2", uma nova cena em que, como um animal, era domada a chicotadas. Queria sempre mais."
Renée nunca se interessou pelo balé clássico ("jamais coloquei meus pés em uma sapatilha de ponta"). Ela começou a estudar dança com Araça Makarowa em 32. Depois foi para a Inglaterra, onde estudou com Kurt Jooss e Rudolf Laban. Na Europa, dançou com Harald Kreutzberg e trabalhou com Jean Cocteau e Igor Stravinsky.
Durante a Segunda Guerra Mundial, deixou temporariamente a dança e entrou para a Resistência Francesa. Fugiu do país durante a ocupação nazista, indo para a Espanha.
Em 1957, convidada por um embaixador a criar a dança moderna brasileira, veio para o país com o marido, um comerciante espanhol, e se estabeleceu em SP, onde fundou uma escola e teve seus dois filhos.
Renée se fixou de vez no Brasil em 1961, quando abriu sua segunda escola, o Ballet Renée Gumiel, que funcionou até 1988. Fundadora da Cia. de Dança Contemporânea Brasileira, ela participou de movimentos no Teatro de Dança Galpão, Teatro Brasileiro de Comédia, Ballet Stagium e Balé da Cidade de São Paulo.
Para a coreógrafa Marika Gidali, diretora do Ballet Stagium, e que trabalhou com Renée em 1964, ela "transformou a dança brasileira": "Ela é um ícone que está na história. Era um grande personagem, como bailarina, atriz e ser humano."
Há um ano, sua história foi retratada no documentário "Renée Gumiel - A Vida na Pele", de Sérgio Roizenblit e Inês Bogéa, filme que mostra sua participação nos movimentos de modernização da dança.
Em março de 2006, Renée disse à Folha: "Durante toda a vida estive perto da morte, é totalmente habitual. Morte, vida; vida, morte". Ela se referia a momentos difíceis pelos quais passou. Lutou três vezes contra o câncer e teve duas fraturas no fêmur.
Seu corpo foi velado ontem, no Sesc Consolação, e cremado na Vila Alpina, em São Paulo.
O belo mundo em cinza.
O corpo dói, dói a cabeça, dói o peito.
Não, não é nada, ela sabe, é só aquela dor conhecida, a dor desde menina, que a faz sentir-se fora do jogo.
Não sabia brincar de roda, não gostava, agora a roda a deixa de fora.
Está costumada, não faz nada para sair disto, fica olhando as pessoas no jogo, riem, alegria fugaz,
A alegria dela vem da profundidade, do sorriso guardado, do segredo, do amor tatuado.
Não acredita em novos sorrisos, guarda os que tem.
Poderia morrer, não reclamaria com Deus.
A paz do entardecer e o onze de setembro.
Onze de setembro é impossível esquecer. Os prédios pegando fogo, a poeira assustadora, são cenas inesquecíveis, cinematográficas. A voz do repórter dizendo que não era um filme. Estranho um povo filmar tantas catástrofes numa cidade tão bonita. Aconteceu, mudou o mundo, nos fez mais medrosos, mais agressivos, mais preconceituosos.
Uma data para não se esquecer e para refletir. O que mudou depois de 11/09?
O canal GNT está passando uma série de documentários esta semana, narrados por De Niro, Julia Roberts e outros.
Ontem passei a tarde na praia de Ponta Negra, foi gostoso. Tomei banho de mar quase noite, vi a natureza mudar de cor ao entardecer na praia, coisa que eu fiz tanto no Rio e que aqui não faço... ainda não me sinto bem 'em casa', é como se estivesse 'cavando' e não pudesse curtir.
Foi bom, acabei jantando no japonês com 4 meninos, foi gostoso, eles adoram isto- foram surfar nas dunas durante a tarde, estavam exaustos. O mais velho ficou estudando, engenharia não é mole, tem que estudar e também não gosta de praia.
A praia estava cheia de italianos e moças de programas, é impressionante, tem um trecho que é uma festa, todos estão entretidos , há uma coisa libidinosa no ar, mãos nas cinturas das moças, elas com as mãos nas pernas deles, passo batido :)
Encontrei uma budista, fiquei com o grupo de amigas dela.
E como bebem cerveja! todos... é geral, como as pessoas bebem!... divertir-se significa embebedar-se- tô fora! Vejo tantos bêbados na rua aqui, sei que não é só aqui.
Eu sou diferente mesmo, não bebo cerveja, não me embriago, não paquero os gringos, não sou moça de vida fácil, nem senhora pudica :)
Onde me encaixar?
sábado, setembro 09, 2006
Tem dias que a gente se sente...
Foto Ju
Hoje, sábado, eu estive péssima, chorei muito, uma tristeza profunda, agora à noite- no hospital com minha mãe- conversando com uma enfermeira contei do meu pai, da morte dele e LEMBREI que hoje faz dois anos que morreu.
O inconsciente é fantástico! F. mesmo. Eu sabia que havia algo mais, eu chorei que nem bezerro desmamado, pode?
Estou aliviada. E tem gente que não acredita em psicanálise, por favor, só quem não conhece, não sabe do que se trata pode dizer uma besteira destas- sorry se você é um destes.
Viva Freud, meu mestre!
Fiz este post hoje de manhã, ia colocar amanhã, mas achei melhor postar agora à noite, quase dez da noite.
Incrível...
Este primeiro verso está em mim hoje.
Roda viva.
Chico Buarque - 1967
Ouça aqui
Prefiro na voz de Bethânia ou Chico.
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
sexta-feira, setembro 08, 2006
Lua, lua, lua...
A caravana.
Lua cheia. Lua nova. Os nômades avançam, sobre o mesmo deserto.*
*Do blog do Rodrigo.
Do hospital vi a lua cheia dourada surgindo atrás da duna.
Desrealidade, delírio, através do vidro.
Ao voltar para casa a lua me acompanhou, desejei ir além, seguir até a praia, ver a lua no mar.
Mas não fui, voltei ao meu espaço fechado e solitário.
Será que um dia vou deixar de olhar através da janela?
Abandonar a menina triste?
Será que isto tem cura?
PS:
Hoje buscando uma imagem achei este blog, é de Rodrigo Lopes,achei que fosse espanhol, não é, é de Santa Catarina, vejam aqui
Vamos lá conferir, eu não conhecia.
As imagens ele dia lá que são de- imagens©stuart redler.
Hoje é dia de Contardo. "Vôo United 93", quatro estrelas.
"Vôo United 93", quatro estrelas.
Contardo Calligaris.
De um lado, homens sem princípios fixos, do outro, princípios fixos sem homens
DURANTE DEZ anos, a cada mês, viajei entre São Paulo e a costa leste dos EUA. Naquele tempo, existia um vôo diurno, via Miami, que eu preferia.
Mais de cem vezes, entrei num avião de manhã cedo, em Nova York ou em Boston, no aperto da classe econômica ou (quando as milhas acumuladas permitiam um "upgrade") na executiva.
Graças ao cartão de fidelidade, entrava na cabine entre os primeiros, sentava e observava o desfile de meus companheiros de viagem: homens e mulheres de negócios, casais e famílias que saíam de férias para a Flórida, idosos que moravam na Flórida e voltavam para lá depois de visitar filhos e netos, e por aí vai.
Leia mais aqui
quinta-feira, setembro 07, 2006
O Rio de luto- dia 7 de setembro.
Esta imagem me doeu, é uma mãe com com o filho morto no colo, vejam aqui.
Amanhã, 7 de setembro, haverá no Rio uma passeada está sendo divulgada pelo Mauro Ventura, sei que não resolve, mas é uma forma de protestar, acho que deveriam usar luto, a cidade toda de luto, luto nas roupas, nas janelas. Eu não acho que este ou aquele governo seja culpado, vocês sabem que eu já fiz 'mea culpa' aqui no dia 22 de agosto- somos todos responsáveis por tudo, por isso tirei umas palavrinhas do texto abaixo. Depois que alguém sofreu uma indenização aqui nos blogs a gente tem que tomar mais cuidado, também. Leiam no blog do Inagaki- tem link ai do lado "Pensar enlouquece", alguém escreveu um comentário anônimo e o dono do blog vai pagar o pato. Eu hein? pois é verdade.
O texto, cortei umas palavrinhas:
"Amigos e amigas,
Precisamos marcar um encontro de pessoas que não aguentam mais. Uma coisa simples. Um encontro mesmo. Sem passeata, sem microfone, sem líder. Por exemplo, um encontro no calçadão de Ipanema (na esquina com a Aníbal de Mendonça) para a gente ensinar aos nossos filhos a ser cidadãos.
Podia ser na quinta-feira, 7 de setembro, das 11h ao meio-dia. Que tal?
Pode ser que aconteça como em Woodstock na década de 60, quando organizaram um show para 50 mil pessoas e apareceram quase um milhão. Eles não imaginavam existir tanta gente na tribo. Pode muito bem acontecer isso. Já imaginaram o impacto se rolar uma avalanche?
É por isso que eu vou estar lá, e ainda vou arrastar um monte de gente. Chega de blá-blá-blá. E se viajar no feriado for mais importante do que isso, a gente merece mesmo o país que tem. E depois não adianta chorar... E não tem faixa, nem microfone, nem passeata, nem líder. Só é preciso aparecer. As pessoas levam o que quiser. Eu vou levar meu filho..."
Hoje é dia de Contardo. "Vôo United 93", quatro estrelas.
Continuação do texto de Contardo:
Pálidos de sono, naquela hora cinzenta, parecíamos uma turma de fantasmas da madrugada, reunidos apenas pelo acaso. Mas tínhamos algo em comum: uma mesma disposição a viajar por mil razões, no fundo (salvo exceções), todas fúteis.
No fim do livro primeiro de "O Capital", Marx descreveu a "acumulação primitiva", espécie de pecado original do capitalismo. O processo se deu entre os séculos 14 e 15, com a extinção do servo feudal e a criação de um exército de homens e mulheres errantes que, para sobreviver, só podiam vender sua força de trabalho pelo mundo afora.
Transformamos aquela violência inicial numa virtude: acabamos gostando de nossa errância. Viajamos facilmente, a lazer, a negócios ou por amor: a dor do desterrado foi compensada pelo anseio de liberdade e por uma fome voraz de novas experiências.
Lembrei-me de minhas turmas matinais de viajantes assistindo a "Vôo United 93", o filme de Paul Greengrass que reconstrói a última viagem do UA 93, na manhã de 11 de setembro de 2001.
O vôo foi o único que não atingiu seu alvo (o Capitólio ou a Casa Branca, em Washington), mas caiu nas planícies da Pensilvânia. Pelos telefonemas que os passageiros conseguiram dar na última meia hora de vôo, sabe-se o seguinte: eles aprenderam que os outros aviões seqüestrados tinham sido lançados contra as torres do World Trade Center e contra o Pentágono e tentaram se reapropriar do avião. Agiram para salvar suas vidas, com um plano improvisado e sussurrado no fundo da cabine. Não agiram em nome de uma idéia ou de um princípio "superior". Foram heróis porque venceram a inércia e o medo que poderiam paralisá-los até o fim, na espera de um milagre improvável.
A confusão na cabine do UA 93 ecoava no despreparo dos controles de vôo e dos militares, surpreendidos pelos eventos e confrontados com decisões impossíveis.
Alguns suspeitam que o UA 93 tenha sido abatido antes que se transformasse numa bomba. E se fosse? A história da revolta de seus passageiros, comprovada por seus telefonemas finais, seria a mesma. Só deveríamos rever (para melhor) nossa opinião de Dick Cheney, o vice-presidente americano que teria dado a ordem: uma decisão desse porte transforma qualquer um numa personagem shakespeariana.
Seja como for, naquela manhã de 11 de setembro, no ar ou na terra, ninguém sabia o que fazer. Ou melhor, sim, alguém sabia o que fazer: os terroristas a bordo dos aviões seqüestrados. Esta seja talvez a oposição que dá uma dimensão exata do conflito com o qual começa este século. De um lado, homens quaisquer, com pequenos ou grandes sonhos e amores, viajantes, sem princípios fixos que os orientem, atormentados pela tarefa de decidir a cada dia e a cada instante, num compromisso, o que é certo e o que é errado. Do outro, homens totalmente dedicados a princípios fixos, ou, talvez, fosse melhor dizer: princípios fixos sem homens.
Os teólogos (muçulmanos, judeus e cristãos) que me perdoem, mas, desde a infância, sempre achei que Abraão, disposto a sacrificar o filho Isaac e incapaz de mandar Deus para aquele lugar, era um grande panaca. Claro, na infância, eu devia me identificar com Isaac. Mas não mudei de idéia.
Moral da história: homens ordinários são capazes de uma estupidez extraordinária quando acham que têm idéias extraordinárias. Em compensação, homens ordinários podem se revelar capazes de gestos extraordinários apesar de ter idéias absolutamente ordinárias.
Não sei por que razão o filme foi avaliado com duas estrelas, apesar dos elogios dos críticos da Ilustrada (Pedro Butcher) e do Guia da Folha (Ricardo Calil). Vou passar a dar notas: "Vôo United 93", quatro estrelas, imperdível.
Pálidos de sono, naquela hora cinzenta, parecíamos uma turma de fantasmas da madrugada, reunidos apenas pelo acaso. Mas tínhamos algo em comum: uma mesma disposição a viajar por mil razões, no fundo (salvo exceções), todas fúteis.
No fim do livro primeiro de "O Capital", Marx descreveu a "acumulação primitiva", espécie de pecado original do capitalismo. O processo se deu entre os séculos 14 e 15, com a extinção do servo feudal e a criação de um exército de homens e mulheres errantes que, para sobreviver, só podiam vender sua força de trabalho pelo mundo afora.
Transformamos aquela violência inicial numa virtude: acabamos gostando de nossa errância. Viajamos facilmente, a lazer, a negócios ou por amor: a dor do desterrado foi compensada pelo anseio de liberdade e por uma fome voraz de novas experiências.
Lembrei-me de minhas turmas matinais de viajantes assistindo a "Vôo United 93", o filme de Paul Greengrass que reconstrói a última viagem do UA 93, na manhã de 11 de setembro de 2001.
O vôo foi o único que não atingiu seu alvo (o Capitólio ou a Casa Branca, em Washington), mas caiu nas planícies da Pensilvânia. Pelos telefonemas que os passageiros conseguiram dar na última meia hora de vôo, sabe-se o seguinte: eles aprenderam que os outros aviões seqüestrados tinham sido lançados contra as torres do World Trade Center e contra o Pentágono e tentaram se reapropriar do avião. Agiram para salvar suas vidas, com um plano improvisado e sussurrado no fundo da cabine. Não agiram em nome de uma idéia ou de um princípio "superior". Foram heróis porque venceram a inércia e o medo que poderiam paralisá-los até o fim, na espera de um milagre improvável.
A confusão na cabine do UA 93 ecoava no despreparo dos controles de vôo e dos militares, surpreendidos pelos eventos e confrontados com decisões impossíveis.
Alguns suspeitam que o UA 93 tenha sido abatido antes que se transformasse numa bomba. E se fosse? A história da revolta de seus passageiros, comprovada por seus telefonemas finais, seria a mesma. Só deveríamos rever (para melhor) nossa opinião de Dick Cheney, o vice-presidente americano que teria dado a ordem: uma decisão desse porte transforma qualquer um numa personagem shakespeariana.
Seja como for, naquela manhã de 11 de setembro, no ar ou na terra, ninguém sabia o que fazer. Ou melhor, sim, alguém sabia o que fazer: os terroristas a bordo dos aviões seqüestrados. Esta seja talvez a oposição que dá uma dimensão exata do conflito com o qual começa este século. De um lado, homens quaisquer, com pequenos ou grandes sonhos e amores, viajantes, sem princípios fixos que os orientem, atormentados pela tarefa de decidir a cada dia e a cada instante, num compromisso, o que é certo e o que é errado. Do outro, homens totalmente dedicados a princípios fixos, ou, talvez, fosse melhor dizer: princípios fixos sem homens.
Os teólogos (muçulmanos, judeus e cristãos) que me perdoem, mas, desde a infância, sempre achei que Abraão, disposto a sacrificar o filho Isaac e incapaz de mandar Deus para aquele lugar, era um grande panaca. Claro, na infância, eu devia me identificar com Isaac. Mas não mudei de idéia.
Moral da história: homens ordinários são capazes de uma estupidez extraordinária quando acham que têm idéias extraordinárias. Em compensação, homens ordinários podem se revelar capazes de gestos extraordinários apesar de ter idéias absolutamente ordinárias.
Não sei por que razão o filme foi avaliado com duas estrelas, apesar dos elogios dos críticos da Ilustrada (Pedro Butcher) e do Guia da Folha (Ricardo Calil). Vou passar a dar notas: "Vôo United 93", quatro estrelas, imperdível.
quarta-feira, setembro 06, 2006
A mulher de preto
A mulher de preto
Ainda atordoado com as palmas saí para o saguão do hotel. Pedi um taxi, não gosto de dirigir à noite.
Ao afundar no banco de trás, exausto e feliz, me vem a imagem da mulher de preto sentada na primeira fila.
Já a vi em algum lugar, o cansaço não me ajuda a lembrar.
Das três perguntas que me fizeram, a última foi dela, perguntou algo sobre amor, se eu achava possível amar mais de uma pessoa, algo assim.
Na cama após alguns minutos deitado me vem a imagem da mulher de novo, agora sim, sei quem é. Mas como? Está longe! Seria mesmo ela? Teria vindo? Como soube da palestra? Por que não veio até mim?
No dia seguinte os emails retornam, uma mensagem automática diz que está viajando volta só daqui a um mês.
Há agora um vazio em mim.
PS: Eu já usei esta foto várias vezes, não é? acho que parece comigo de longe, minha roupa, adoro preto, saias curtas, blazer, sei lá :)
PS2: Leiam o post abaixo, please.
terça-feira, setembro 05, 2006
Desculpem a falta de tempo.
Meus caros amigos, não estranhem se ando sumida.
Minha mãe está internada- problema no pulmão, mais dor pelas quedas recentes( uma há dois anos muito grave e duas agora depois do dia 23).
Estamos nos revezando, acabo de vir do Hospital, somos 5 filhos, dois não estão no revezamento.
Ela está 'bem', aparentemente bem, tomando antibióticos, fez uma tomografia, amanhã teremos a resposta.
Hospital é uma coisa estranha, eu não desgosto, talvez por ter trabalhado em clínicas psiquiátricas, o ambiente não me desagrada, é lógico que não estou vendo nada estranho, não é um pronto socorro, é um hospital moderno, funcional, parece primeiro mundo. O que me desagrada é ficar parada, leio pouco, é preciso dar atenção à mãe, então sinto o tempo passando e eu sem fazer nada- claro que estou sendo útil- mas não gosto de ficar parada, quando ela está em casa, eu lavo louça, leio jornal- sou apaixonada por jornais, a Folha anda ótima- meu irmão cientista assina, é cara aqui. Também vejo Tv, arrumo coisas, não fico só parada.
Amanhã tenho palestra marcada na comunidade de Ponta Negra, espero começar um trabalho lá, é barra pesada ali, espero, porque tem sido desmarcada sempre, deve ser encanto, ou desencanto, falando nisto estou no meu inferno astral- sou de virgem.
Amanhã o Ariano Suassuna estará aqui fazendo palestra, se eu pudesse iria, mas esgotaram os ingressos e eu tenho a palestra no horário- ele vem sempre, mas nunca assisti, deve ser divertido. Interessante, eu gosto de palestras, outro dia alguém disse que não gostava, eu gosto quando acrescenta algo e sempre acrescenta. Por falar nisto vi a Márcia Tiburi no 'Café filosófico' da Tv Cultura neste domingo e ela estava ótima, falou super bem, sobre o mito do amor, estava muito tranqüila, gostei muito. Eu implico com ela no 'Saia justa'
Minha mãe está internada- problema no pulmão, mais dor pelas quedas recentes( uma há dois anos muito grave e duas agora depois do dia 23).
Estamos nos revezando, acabo de vir do Hospital, somos 5 filhos, dois não estão no revezamento.
Ela está 'bem', aparentemente bem, tomando antibióticos, fez uma tomografia, amanhã teremos a resposta.
Hospital é uma coisa estranha, eu não desgosto, talvez por ter trabalhado em clínicas psiquiátricas, o ambiente não me desagrada, é lógico que não estou vendo nada estranho, não é um pronto socorro, é um hospital moderno, funcional, parece primeiro mundo. O que me desagrada é ficar parada, leio pouco, é preciso dar atenção à mãe, então sinto o tempo passando e eu sem fazer nada- claro que estou sendo útil- mas não gosto de ficar parada, quando ela está em casa, eu lavo louça, leio jornal- sou apaixonada por jornais, a Folha anda ótima- meu irmão cientista assina, é cara aqui. Também vejo Tv, arrumo coisas, não fico só parada.
Amanhã tenho palestra marcada na comunidade de Ponta Negra, espero começar um trabalho lá, é barra pesada ali, espero, porque tem sido desmarcada sempre, deve ser encanto, ou desencanto, falando nisto estou no meu inferno astral- sou de virgem.
Amanhã o Ariano Suassuna estará aqui fazendo palestra, se eu pudesse iria, mas esgotaram os ingressos e eu tenho a palestra no horário- ele vem sempre, mas nunca assisti, deve ser divertido. Interessante, eu gosto de palestras, outro dia alguém disse que não gostava, eu gosto quando acrescenta algo e sempre acrescenta. Por falar nisto vi a Márcia Tiburi no 'Café filosófico' da Tv Cultura neste domingo e ela estava ótima, falou super bem, sobre o mito do amor, estava muito tranqüila, gostei muito. Eu implico com ela no 'Saia justa'
Pérolas e bobagens.
Achei estes desenhos aqui. Não sei mais como fui parar neste lugar. Acho que foi daqui, não tenho certeza...
Vocês conhecem Farnese de Andrade? vejam aqui.
Eu o via sempre na casa de Carlos Scliar, tímido, circulando. Vivia só com a mãe velhinda, era depressivo, tem lindos trabalhos. Na casa de Scliar tem muitos trabalhos dele, não lembro se em Cabo Frio- que é aberta à visitação, no Rio tem. Sei que Scliar morreu, mas eles mantém as casas como eram.
Aqui há um concurso "The best of the blogs" lembram que o Nemo Nox ganhou em 2004?
"Acaba de estrear na feira de prêt-à-porter em Paris, onde a seção SO Ethic, reservada ao que se considera "moda étnica e comércio justo", 20 peças da coleção primavera-verão de uma marca insólita, a brasileira Daspu"
"Músicos tocam instrumentos enquanto voam de paraglider sobre Fiesch, na Suíça"
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