terça-feira, setembro 12, 2006
Renée Gumiel morre aos 92 anos-"A vida na pele"
Deu na Folha*
Renée Gumiel morre aos 92 anos
Eu havia feito este post com ela lembram? Fico feliz por ter pelo menos visto o vídeo com ela- maravolhoso. Assim vale a pena viver até os 92, bebia vinho e fumava. Tsc tsc tsc, pois é... o segredo é fazer o que gosta, passou por 4 cânceres, leiam lá embaixo.
Outro dia zapiando na TV vi no canal STV um história incrível de uma mulher que eu nunca tinha ouvido falar- os paulistas devem conhecer- Reneé Gumiel, francesa, uma bailarina ou dançarina, não sei qual é o melhor termo, extremamente expressiva que na época do documentário estava com 92 anos. Ela nasceu em 1913 o filme é de 2005. René lembra Isadora Duncan e Pina Bausch, tal a dramaticidade. Fiquei pasma. Sente-se como se ela ultrapassasse os limites do corpo, ela é muito mais do que corpo dançando. Imaginem uma mulher de noventa anos, magra, mãos enormes, as unhas pintadas, se expressando através deste corpo, contracenando com Ismael Ivo, um belo negro, o par é impressionante. Fala com extrema lucidez, aparece bebendo vinho, cigarrinho na mão,
há vida no sorriso matreiro. Acreditem que ela teve um câncer, só fazem referência de passagem.
Recentemente fez "Os sertões" com o grupo de Zé Celso Martinez Corrêa. Parabéns à Zé Celso. Os depoimentos são todos fortes.
Reneé nos faz refletir sobre a transitoriedade do corpo, mas também naquilo que transcende esta nossa massa física, sem misticismo. Não sei explicar o que é, é uma coisa impressionante, vejam o filme:
'A vida na pele' - René Gumiel (2005)
produção: Inês Bogea e Ricardo Rosenblitz
"Nascida na cidade francesa de Saint Claude, em 1913, Reneé participou da riquíssima vida cultural de Paris, antes e após a II Guerra. Trabalhou e conviveu com personalidades como Jean Cocteau e Igor Stravinsky, além de ter sido aluna de Rudolf Laban. Cursou psicologia e filosofia na Sorbonne .Durante a II Guerra enquanto estava refugiada na Espanha, conhece seu marido o espanhol Raphael Gumiel Lopez, pai de seus dois filhos René e Evelyn, nascidos mais tarde no Rio de Janeiro. A vinda da artista para o Brasil é o ponto central da história da vida de Renée e também um marco no cenário da dança no país; não só pelo momento propício para a modernização da dança brasileira, como também pela importância política de seus espetáculos."
Trecho daqui.
Ismael Ivo
*Vítima de pneumonia, a bailarina francesa que atuou em São Paulo estava internada desde o último dia 3, em São Paulo
Uma das responsáveis por modernizar a dança brasileira, a atriz voltaria ao cartaz dia 8, em "Os Sertões", no teatro Oficina
DA REPORTAGEM LOCAL
A atriz e bailarina Renée Gumiel morreu domingo, aos 92 anos, vítima de pneumonia -seguida de um choque séptico. Ela estava internada desde o último dia 3, na UTI do hospital Santa Cruz, em São Paulo.
Nascida em 1913 na cidade francesa de Saint-Claude, Renée chegou ao Brasil nos anos 1950, trazendo consigo a dança moderna. Era a mais velha bailarina em atividade no país. Prestes a completar 93 anos, em 20/10, ainda dava aulas de dança e, na quarta-feira anterior à sua internação, participou de seu último ensaio com o grupo Oficina Uzyna Uzona.
Na sexta, dia 8, ela voltaria aos palcos na peça "Os Sertões". Para o diretor Zé Celso, Renée "é imortal, uma deusa dançante": "Era uma guia de todos nós, foi nossa grande amante", diz ele. "A última coisa que fez foi um ensaio de "O Homem - Parte 2", uma nova cena em que, como um animal, era domada a chicotadas. Queria sempre mais."
Renée nunca se interessou pelo balé clássico ("jamais coloquei meus pés em uma sapatilha de ponta"). Ela começou a estudar dança com Araça Makarowa em 32. Depois foi para a Inglaterra, onde estudou com Kurt Jooss e Rudolf Laban. Na Europa, dançou com Harald Kreutzberg e trabalhou com Jean Cocteau e Igor Stravinsky.
Durante a Segunda Guerra Mundial, deixou temporariamente a dança e entrou para a Resistência Francesa. Fugiu do país durante a ocupação nazista, indo para a Espanha.
Em 1957, convidada por um embaixador a criar a dança moderna brasileira, veio para o país com o marido, um comerciante espanhol, e se estabeleceu em SP, onde fundou uma escola e teve seus dois filhos.
Renée se fixou de vez no Brasil em 1961, quando abriu sua segunda escola, o Ballet Renée Gumiel, que funcionou até 1988. Fundadora da Cia. de Dança Contemporânea Brasileira, ela participou de movimentos no Teatro de Dança Galpão, Teatro Brasileiro de Comédia, Ballet Stagium e Balé da Cidade de São Paulo.
Para a coreógrafa Marika Gidali, diretora do Ballet Stagium, e que trabalhou com Renée em 1964, ela "transformou a dança brasileira": "Ela é um ícone que está na história. Era um grande personagem, como bailarina, atriz e ser humano."
Há um ano, sua história foi retratada no documentário "Renée Gumiel - A Vida na Pele", de Sérgio Roizenblit e Inês Bogéa, filme que mostra sua participação nos movimentos de modernização da dança.
Em março de 2006, Renée disse à Folha: "Durante toda a vida estive perto da morte, é totalmente habitual. Morte, vida; vida, morte". Ela se referia a momentos difíceis pelos quais passou. Lutou três vezes contra o câncer e teve duas fraturas no fêmur.
Seu corpo foi velado ontem, no Sesc Consolação, e cremado na Vila Alpina, em São Paulo.
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3 comentários:
Ouvi falar pela primeira vez em René Gumiel pela televisão e depois na biografia da Marilena Ansaldi. Vi depois uma entrevista dela no Jô Soares. Era maravilhosa e seu exemplo ficará para sempre. Parabéns por ter colocado essa reportagem no teu blog
Hoje vi o documentário sobre a Renée. Estou aqui zapeando, procurando mais, , mais, mais....viver apenas não...mas viver dançando, dançando, dançando...alguma coisa mudou dentro de mim...alguma coisa aconteceu em meu coração...alguma coisa jamais vai voltar a ser como era antes.
Ave Renée!
Ave!
Maria Amélia
Vi ontem o documentário Vida na pele! Estou encantada com Renee! Com certeza vai ser sempre uma das minhas grandes referencias de dança e vida principalmente!
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