Canta o vento, invade todas as frestas. Na banheira silencio o corpo na água quase fria. Observo apenas. Não há desejo.
Janelas abertas. “Sim, eu poderia em cada quarto rever a mobília, em cada um matar um membro da família, até que a plenitude e a morte coincidissem um dia...”
Quatro da tarde, hora da análise, e eu lembro desta música, desde sábado a ouço interiormente. Alguém me pediu para cantarolar.
Sim, eu poderia deitar mais uma vez no divã e borbulhar palavras sobre a família. Não há mais um amor a cantar ou contar. Resta a mãe, desde a infância “ausente”, agora mais que presente.
Nada há para queixar, há que se aceitar- e daí? Fazer o quê?
Há que dissolver as amarras, as amargas lembranças já não existem. Há que ser leve e não lamentar.
"O tempo é implacável", é uma frase que ouvi inúmeras vezes. O tempo é implacável, mãe, mas o tempo também é generoso, desbota dores, gritos. E agora estamos aqui, nós duas, novamente, sobreviventes. E eu estou feliz.
2 comentários:
Eu amo muito essa música e ela sempre volta na minha cabeça... Tão bom escuta-la vindo de você.
Sim, eu poderia abrir as portas que dão pra dentro...
Faça isso aqui...
O blog sempre foi nosso melhor espaço. O Facebook não é nosso lugar de abrir portas. É terracinho.
Amei. Por coincidência hoje, com minha mãe aqui, escrevi sobre a paz. Não sei de onde veio o que escrevi. Mas vc sabe e está aqui. bjks
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