Vi, em casa,
sozinha, o filme “Amour”. Estava ansiosa para ver, todos diziam que eu iria
gostar. Claro, gostei, mas confesso que não consigo saber se é um bom filme.
Por que? Porque mexeu demais comigo.
O filme é
com Jean-Louis Trintignant, um dos meus
atores preferidos. Um homem com quem saia do cinema a sonhar. Belo, bom ator, o
tímido que me atrai. Na vida pessoal sofreu a morte trágica da filha
assassinada pelo marido- terrível.
Pois é, o filme é com um velho que nada lembra o Trintingnant da minha juventude- nossa juventude- ele é mais velho, óbvio, pero... Passei o tempo todo entristecida pela velhice de Trintingnan- tentando ver naquele rosto crispado algum traço de beleza- nada- apenas os lábios me lembraram os dele.
Eu me vi no filme, nos dois personagens, na mulher vaidosa, que não se aceita com limitações, no homem velho, perdido diante da dor. Deus meu! Lembrei de um amigo que morreu e que lutou bravamente contra o câncer, um homem que eu desejei cuidar até o fim, mas a vida não me permitiu.
Pois é, o filme é com um velho que nada lembra o Trintingnant da minha juventude- nossa juventude- ele é mais velho, óbvio, pero... Passei o tempo todo entristecida pela velhice de Trintingnan- tentando ver naquele rosto crispado algum traço de beleza- nada- apenas os lábios me lembraram os dele.
Eu me vi no filme, nos dois personagens, na mulher vaidosa, que não se aceita com limitações, no homem velho, perdido diante da dor. Deus meu! Lembrei de um amigo que morreu e que lutou bravamente contra o câncer, um homem que eu desejei cuidar até o fim, mas a vida não me permitiu.
Não é possível saber se o filme é
bom, diante de tanta emoção.
Talvez tenha visto Jean- Louis a primeira vez em “E Deus criou a mulher” o famoso filme com BB. O penúltimo deve ter sido “Um homem, uma mulher- 20 anos depois”. Vi muitos filmes com ele.
“Amour” traz a estória é de um
casal que vive uma vida pacata e rica- os dois são professores de música. Vivem
sós, têm uma filha, (Isabelle Huppert), que os visita eventualmente, também
musicista. Quebrando a tranquilidade aparece a doença na personagem de EmmanueleRiva. Fui ver sua filmografia e vi que participou de Hiroshima
Meu Amor e muitos outros filmes, como “A liberdade é azul”, muitos
filmes excelentes.
O filme é lento, repetitivo, como a vida de velhos que perderam o
sentido da vida. Um ex aluno vem visitá-los
e lamenta. Os vizinhos se dizem disponíveis, se precisarem, não precisam de
ninguém. A filha nega o que acontece com conversas triviais, e mais tarde,
explode pela impotência diante da morte, ou pela morte em vida.
Um filme sobre a morte, pensamos, por que o título ‘Amour’? Mas é um
filme de amor, aquele homem velho, como o jovem personagem de “Um homem, uma
mulher” ama aquela mulher que definha, que não quer viver, nem ser vista. Ele
realiza os desejos dela. O fim é trágico- tinha que ser.
Alguns dias depois zapeando na TV, achei um filme: “A caixa de pandora”, de um diretor turco. Na produção, além da Turquia, havia França, Alemanha e Bélgica. Prometia. Logo nas primeiras cenas senti que era bom- em cinco minutos eu sei se o filme é bem feito ou não- olho treinado.
A estória
começa com uma manhã insólita para os três filhos de uma velha senhora- recebem
a notícia de que ela sumiu. A trajetória dos três num carro até a aldeia é
longa e conflitiva- discutem, se chocam. Têm dificuldades com a mãe, que foi
diagnosticada com Alzheimer e está sem memória. Lembra do passado apenas.
Adorei o
filme, não tem nada extraordinário, traz uma estorinha conhecida: o que fazer
com o pai ou mãe quando tornam-se dependentes. Quem vai ficar com a mãe? Seria melhor um asilo?
O que toca é a sensibilidade do diretor- escritor, não sei, que fez da personagem principal uma mulher intrigante apesar da doença. Ela descobre uma brecha naquele turbilhão provocado por ela, involuntariamente, e desperta no neto compaixão- ele também estava deslocado naquela família.
O que toca é a sensibilidade do diretor- escritor, não sei, que fez da personagem principal uma mulher intrigante apesar da doença. Ela descobre uma brecha naquele turbilhão provocado por ela, involuntariamente, e desperta no neto compaixão- ele também estava deslocado naquela família.
Há um momento em que ela diz ao
neto: “Me leve para minha propriedade, antes que eu me esqueça como é.”.
O final do filme fica no ar numa
bela cena dela com o jovem neto transgressor.
O filme traz a Turquia em vales
belíssimos.
Um filme imperdível.
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