segunda-feira, dezembro 04, 2006

Ave, Bispo!
















Eu havia feito um post falando nele, eu gosto daquele post, e outro falando nela.
Para mim, que não sou especialista em arte, mas tenho bons olhos e sensibilidade, o Bispo é o maior artista plástico do sec XX do Brasil. MARAVILHOSO! Comove de arrepiar. Eu fiquei estatelada diante dos trabalhos dele, não conseguia sair dali.
Senti algo semelhante com Camille Claudel.

Ave, Bispo

O artista Arthur Bispo do Rosário, ex-interno de colônia psiquiátrica, tem obra reunida em livro com prefácio da artista francesa Louise Bourgeois

Rodrigo Lopes

A obra "Semblantes", de Arthur Bispo do Rosário (1909-1989)


Fábio Cypriano
Folha de SP

Qual é o lugar da obra de Arthur Bispo do Rosário (1909-1989) na arte brasileira? Cada vez mais reconhecida, inclusive internacionalmente, a produção vertiginosa, serial, altamente poética e em grande parte produzida dentro de uma instituição psiquiátrica no Rio ainda gera divergências.
"Arthur Bispo do Rosário é, antes de tudo, um problema historiográfico e crítico. É inútil buscar classificações como se fossem necessárias à justificação da singularidade de Bispo do Rosário", afirma o curador Paulo Herkenhoff em "Século XX - Arthur Bispo do Rosário", que será lançado no próximo dia 16.
A publicação reúne 208 imagens das 804 obras catalogadas de Bispo e textos do próprio Herkenhoff, de Ricardo de Aquino, diretor do Museu Bispo do Rosário, e de Emanoel Araújo, diretor do Museu Afro Brasil, em São Paulo, que atualmente exibe peças de Bispo na mostra "Um Olhar sobre a Arte Brasileira". O prefácio é escrito por Louise Bourgeois.
Com o livro, busca-se colocar o ex-interno da colônia Juliano Moreira como um artista contemporâneo. Em seu texto, Herkenhoff o situa entre nomes como Hélio Oiticica, Lygia Clark e o alemão Claes Oldenburg, discutindo, entre outros temas, a noção de autor. "A idéia de "autor" é uma invenção moderna surgida ao final da Idade Média. Na contramarcha, Joseph Beuys busca neutralizar o excesso autoral da modernidade ao proclamar que "Todo mundo é um artista'", escreve o curador.
No dia 16, há o lançamento da obra, às 15h, no
Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea
Estr. Rodrigues Caldas, 3.400
Colônia Juliano Moreira, RJ
tel. 0/xx/21/2446-6628.















SÉCULO XX - ARTHUR BISPO DO ROSÁRIO
Organizador: Ricardo de Aquino
Editora: Museu Bispo do Rosário
Quanto: R$ 120 (308 págs.)

Bourgeois vê "ordem no caos" em obra de Bispo
DA REPORTAGEM LOCAL

Aos 95 anos, Louise Bourgeois é uma das figuras mais prestigiadas da arte contemporânea. Sua obra, com forte caráter biográfico, aborda conflitos familiares, particularmente o machismo de seu pai. Convidada por Paulo Herkenhoff, um de seus amigos mais próximos, a artista escreveu o prefácio do livro sobre a obra de Arthur Bispo do Rosário. Leia a íntegra a seguir:
"Minha mãe era tapeceira e restauradora e, por isso, eu cresci em volta da magia da agulha e da linha. Dela eu herdei esta idéia de reparação como uma parte de minha arte. Minha costura é uma ação simbólica contra o medo de ser separada e abandonada. Nós percebemos no trabalho de Bispo do Rosário que ele também tinha medo de perder o contato. Como Penélope e a aranha, ele passou a vida inteira fazendo e desfazendo. Ele estava buscando uma ordem no caos, uma estrutura e ritmo do tempo e do pensamento. Pode-se dizer que buscar uma garantia de sanidade é o princípio da organização atrás de todo o seu trabalho.
Eu adoro o azul de Bispo do Rosário porque o azul é uma das minhas cores. Fiquei fascinada ao saber que a linha azul que ele usava vinha do uniforme de seu hospital psiquiátrico. Ele tinha a capacidade de incorporar um objeto da sua vida de confinamento e transformá-lo num objeto simbólico de sua auto-expressão, mistério, beleza e liberdade.
Agradeço a Paulo Herkenhoff que me introduziu, através de catálogos, ao trabalho de Bispo do Rosário em 2001".

Um comentário:

Ra disse...

É estranho um Museu que recebe o nome do artista não divulgar suas composições nas dependências da instituição e restringir o acesso a obras e informações. Parece que a produção de Arthur Bispo do Rosário compõe agora um acervo particular sob os cuidados dos Diretores do museu, que selecionam arbitrariamente aqueles que podem contemplar a riqueza de sua obra. Bispo (sua memória) continua tratado como interno daquela instituição. até quando?