sábado, novembro 04, 2006

O Rio e Vinicius de Moraes.

















Ontem de tarde fui ver "Vinicius", cinco minutos depois estava chorando paca, pensei que iria chorar o filme todo, mas não, depois até ri bastante com os depoimentos dos amigos dele.
Por que eu chorei? De nostalgia, saudades. Porque aquele universo seria o meu. Digo que cheguei tarde ao Rio e é o que sinto. Conheço aquelas pessoas todas de vista, dos lugares que freqüentei- o Ferreira Gullar, deve continuar na praia no mesmo lugar até hoje, à direita da rua Farme de Amoedo, tem um grupo grande de amigos que se reúnem ali. E eu vivia indiferente a todos, no meu mundinho, muitas vezes só.
Ah! mas tem uma coisa, se você está só assusta o grupo, tente se aproximar de um grupo sozinha, ameaça pra burro, ainda mais mulher independente. Hummm... eu vivi muitos anos só, era uma ameaça aos casais formadinhos, e era mesmo porque eu gosto de provocar, questionar, sacudir. Mas sou honesta, viu? Nunca me envolvi com maridos das amigas, estas coisas nojentas.

Logo no início do filme tem Yamandu Costa, que foi talvez o último show que vi antes de vir para cá- vi em Búzios, num lugar lindo, um restaurante chamado 'Havana', chic, sofisticado. Projeto de Helio Pellegino Filho, que faz coisas lindas lá. Fica sobre o mar da Praia do Canto. O teto aberto enquadrava a lua cheia. Foi tudo perfeito. Estava com meus filhos, eles meninos, foram falar com Yamandu, pediram autógrafos, uma graça. Vocês sabem que Yamandu impressiona pelo virtuosismo. Com ele um violinista francês. Eu adorava ir a este lugar, é caro, mas vale a pena, tem Jazz sempre, um barato. Adoro Búzios, não quando está lotado, óbvio.

Pois é... eu me sinto exilada aqui, é isto que me dá tristeza. Tá bom, é preciso ir ao Rio, São Paulo, mas fico amarrada pelos meninos. Vocês podem pensar "são grandes" .Sim, são grandões, mas vão para a escola- faculdade- de manhã, de tarde têm aulas de inglês e japonês. Mas nas férias deles, eu fico mais livre.

O que mais gostei do filme? Os depoimentos de Chico, óbvio, lindíssimo naquela camisa azul da cor de seus olhos- quando ele leu textos de Raduan Nassar, naquele dia inesquecível para mim no auditório do Jornal O Globo, estava com uma pulôver azul desta cor. Os olhos parecem mais azuis. Ver Caetano, Bethânia- que se refere à nossa rua Nascimento Silva, morávamos no mesmo prédio quando fui morar no Rio, fala do Pizzaiollo, um restaurante ali na Vinicius(rua) onde ela sempre estava e eu também. Era o nosso lugar (não eu e ela, entendam :). A comida era gostosa, o ambiente aconchegante. Eu namorava Artur, um lindo portuguesinho- o primeiro namorado de verdade, durou uns 4 anos. Somos amigos até hoje e lá se vão 30 anos. Legal, né? Eu vivia feliz, enamorada. Florinda Bolkan também andava por lá quando estava no Rio.

Ver Tonia Carrerro falar com aquele jeito tão gostoso, foi tão bom. Eu vi em Cabo Frio uma peça com ela, um monólogo onde ela conta muitas historinhas dela e seus amigos. Super legal, ela velha, vaidosa,mexendo sempre nos cabeços, apoiada na cadeira com medo de cair, e dizendo isto- é bom ver uma mulher da idade dela ainda atuando.

Adorei a voz de Mônica Salmaso, que eu não conhecia, ou não havia registrado. Ela canta 'Insensatez' maravilhosamente. É de doer.

O que estranhei no filme foi a falta de João Gilberto, mas acho que li algo a respeito quando faziam o filme, ele não quis participar, eu acho.
E Nana Caymmi, por que será que não está lá? E Elis? Uma pena, para mim os maiores interpretes de Vinicius não estavam lá.

Mariana de Moraes, que é neta, canta deliciosamente e está uma mulher linda, fazia tempo não a via, lembram do filme que ela fez com o Cláudio Marzo? "Fulaninha".

O que não gostei? Dos dois atores que recitam os poemas ( eu sei os nomes, mas prefiro não citar, eu o vi numa peça- "Equus" -há séculos, ele era muito jovem, está tão feioooo, demais. Por que colocaram os dois? Ela é linda, mas e dai? Não tem emoção no que diz, os olhos andando de um lado para o outro- mas isto deve ser coisa do diretor, eu fiquei aflita com os olhos dela, vagando pela platéia- que coisa.

Adorei o filme. Me emocionei o tempo todo. Até Carlos Scliar eu vi numa foto, não foi citado, mas aparece.
O final do filme é hilário com Chico contando que uma vez conversando com Vinicius sobre reencarnação questionado sobre como gostaria de voltar à Terra, ele diz que do jeito que estava estava bom, mas com uns centímetros a mais de pau hihihihi
o cara era divertido mesmo, mesmo a gente sabendo que fazia tudo para fugir da tristeza.

Sai de lá e queria deitar num divã, falar desta sensação de que deixei de viver muitas coisas e ao mesmo tempo me identificando com Vinicius, afinal eu vivo movida por paixões, só que Vinicius enfiava o pé na jaca, eu não. :)
Na falta do divã tenho vocês para me ouvirem. Tks.
Desculpem o tamanhão do post, teria mais coisas para dizer, fica para a próxima sessão. :) "Está na nossa hora", quem faz análise sabe o que estou falando :) hihihi

Ah! eu morava entre as ruas Vinicius e a Farme de Amoedo. O apê está lá, quem sabe um dia eu volto?

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