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Os dias têm sido diferentes, num ritmo mais lento. Preciso cuidar dos olhos, não posso fazer exercícios físicos, nem baixar a cabeça- recomendações pela cirurgia das cataratas. Não pensei que estivesse com estas teias a me tomarem. Quando o médico disse, fiquei um pouco surpresa- levei quase um ano para voltar lá- ele havia dito que estava no início. Há anos tenho sentido dificuldade para ler, cada vez lia menos, difícil enxergar letrinhas de embalagens, bulas, então, impossível- lia na internet- santa net.
Pode ser que tenha piorado pelo excesso da telinha, há muito meus amigos estão longe e me comunico por aqui, mais do que aqui na terra. Poderia rir, mas isto me entristece. O interessante é que fiz amigos- poucos aqui- e eles se vão. É de doer. Se eu não tivesse os dois filhos amados aqui perto, viveria numa solidão de dar dó.
Por que vim para cá? Muitos perguntam. Porque os irmãos estavam todos aqui, inclusive meu pai, que faleceu dois anos depois que cheguei. Vim em 2002- dezembro. O que me salva além dos filhos? O meu trabalho, que eu amo. Sou muito feliz com a psicanálise. É um dom maravilhoso, ver as pessoas crescerem, serem mais felizes porque você está ali, atenta, ouvindo-as, ‘lendo’ cada uma além do que é dito. Tentando chegar mais próximo do seu desejo. É ali naquele ‘silêncio’, penumbra, que me sinto mais inteira.
Mudando da água pro vinho. Outro dia meu filho, Dan, saia para surfar e eu disse: Gosto tanto de praia... O outro completou: A mãe tem amor platônico pela praia. Eu: Acho que todos os meus amores são platônicos. E rimos. Atualmente são. É pra rir ou chorar rs. Fui à praia durante muitos anos. Quando morava em Cabo Frio. Mocinha, só íamos nas férias porque era muito deserta e perigosa. Esperávamos os amigos chegarem de fora para irmos: Carlinhos, César, os paulistas... eram muitos. No Rio fui muito também com Marilda. Se tivesse sol e pudéssemos ir, íamos- ela chagava cedo, eu só depois da duas horas- acordava tarde e nunca suportei sol forte. Ela torrava, ficava negra. Marildinha...se foi cedo- droga de vida- ou de morte, que levou tantos amigos antes de mim- dirão: Ainda bem, pero... dói. Também em Cabo Frio tinha poucos amigos. Penso que eu tive uma educação que acabou me fazendo diferente: lia muito, era muito quieta, triste, nunca gostei de beber, de perder o controle.
Pois é, dias lentos e sem sol. Numa das amoreiras mora um iguana- quero que fique meu amigo. Ontem tentei lhe dar uma amora, mas fugiu. Procuro e a encontro com dificuldade, está camuflado- é verde como as folhas, que ele come. Eu como as frutinhas, ele as folhas. A amoreira que o síndico detesta. Está enorme, puxamos para dentro do jardim os galhos, amarramos- são bem flexíveis- já nos deixa menos devassados- a sala não é vista de fora como antes pelos vizinhos. OK. Quem iria ficar a olhar? Ninguém. Mas prefiro assim. A cortina é leve demais, passa luz e imagem à noite.
Até breve, amigos, espero retomar o blog- também amo blogar e vocês me fazem bem. Hoje tenho menos leitores, mas não importa, é bom escrever aqui. Bye e boa semana para vocês.
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"O doodle - grafismo em homenagem a personalidades ou datas comemorativas - do Google desta terça-feira, 2 de abril, presta homenagem ao 366º aniversário de Maria Sibylla Merian, naturalista e ilustradora científica que se dedicou a estudar plantas e insetos, fazendo pinturas detalhadas sobre eles.
Maria Sibylla Merian nasceu em Frankfurt em 1647. Em 1675, aos 28 anos, publicou seu primeiro livro, intitulado "Novo livro de flores", em que ela reproduz de forma detalhada apenas flores. Dois anos depois, Merian publica os dois últimos volumes da obra."
Muito legal!
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