terça-feira, janeiro 08, 2008

A flor / sem revisão


O sol a pino aquecia o pátio onde eles se protegiam, na estreita sombra. Amontoavam-se recostados na parede encardida e tépida. Alguns jogados no chão, em pleno sol. Talvez não sentissem o queimar.
Os homens com canecas nas mãos batiam ruidosos no portão de ferro, que se abriria em alguns minutos. Era hora do almoço.
A alegria do primeiro emprego desapareceu ao cruzar a porta para os alojamentos, que recendiam à urina.
Uma mulher lhe sorria sentada perto da entrada. Esperaria alguém? Boca desdentada, faces rubras de batom, boca carmim borrada. Uma flor murcha caía de sua orelha esquerda. Retribuiu o sorriso.
No carro, de volta, chorou. Não sabe se por eles ou por ela.

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