domingo, novembro 18, 2007

Seinfeld, meu preferido



Ok, vocês devem estar estranhando eu colocar esta entrevista aí, mas eu sou fã do Seinfeld de carteirinha, entonces...Tomara que o filme seja ótimo. Torço por eles. Não esqueci o episódio com o 'Kramer', mas isto não me impediu de continuar rindo o seriado, e graças a eles eu ri muito mesmo estando triste. Viva Seinfeld!!!
Deu na 'Folha de São Paulo' hoje:

Entrevista - Seinfeld

"Quero fazer uma última cena de Seinfeld"

Comediante fala sobre "Bee Movie", que estréia no Brasil dia 7, Beatles, religião e o retorno ou não da "série sobre o nada"

Gareth Cattermole/Divulgação
Jerry Seinfeld caracterizado, em Cannes, como o protagonista do filme


SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO

Jerry Seinfeld, o comediante, ganhou fama e fortuna (fala-se em US$ 500 milhões) ao levar para a TV sua rotina de humor, na qual observa de forma bem-humorada fatos corriqueiros -em esquetes que faz até hoje, em pequenos clubes de grandes cidades dos EUA.
"Seinfeld", a série, mudou a maneira como os americanos faziam comédia de situação e pode ter sido o último grande exemplar de um gênero em crise ou já em extinção, cuja fórmula de três câmeras, uma platéia e o "laughing track" (as risadas de fundo) foi primeiro popularizada nos anos 50. Ficou no ar de 1989 a 1998 e despediu-se num episódio visto por 75 milhões de pessoas.
Desde então, Seinfeld, 53, casou, teve três filhos, escreveu livros infantis e se viu "obrigado" a fazer um longa de animação após inventar um argumento (uma abelha que decide processar a humanidade pelo uso indevido de mel) e um nome trocadilhesco ("Bee Movie", filme da abelha, e também filme B) só para preencher um buraco num jantar sem assunto com Steven Spielberg. "Bee Movie - A História de uma Abelha" estreou há três finais de semana nos EUA, já faturou US$ 90 milhões em bilheteria e chega ao Brasil dia 7/12. "Yadda, yadda, yadda", a Folha falou com Seinfeld na Cidade do México, na última segunda. Leia trechos a seguir.


FOLHA - Você já disse ser fã do tipo de rotina consagrado por Abott & Costello na comédia, o louco e o certinho que se completam. Em "Seinfeld", você era o certinho, em torno do qual orbitavam três loucos.
JERRY SEINFELD - Exato. O que não faz nenhum sentido, percebe, porque interpreto um comediante e os outros são teoricamente pessoas normais levando vidas normais.

FOLHA - Em "Bee Movie", porém, é o oposto: Barry B. Benson, seu personagem, é o ousado, que quer deixar a colméia e conhecer o mundo, e seu amigo [Matthew Broderick] é o careta, que tenta dissuadi-lo. É seu momento Kramer?
SEINFELD - Não sei se Barry é tão maluco quanto Kramer... Talvez um pouco, sim. Não sei, pareceu a maneira certa de conduzir a história. [Pensativo] Gozado, não tinha percebido isso, realmente eu sou o mais louco da história...

FOLHA - Você leu o artigo no "New York Times" de uma bióloga dizendo que o mundo das abelhas é muito mais "proibido para menores", mais sexual que o do filme?
SEINFELD - [Risos] Li. Mas isso não me incomoda, cientistas falando que não agi corretamente. Por onde começar? O personagem principal é uma abelha e tem olhos azuis! Nós tiramos duas pernas dele, porque estavam atrapalhando. Ele usa uma malha. Anda de tênis. Por que não começar pela incorreção científica dos tênis?

FOLHA - O que "Seinfeld" foi para a comédia de situação de TV já foi comparado ao que os Beatles foram para a música pop. Nesse sentido, você seria o McCartney da dupla de criadores, com o humor brilhantemente cotidiano, e Larry David o Lennon, mais ousado. Concorda?
SEINFELD - Nunca nos compararia aos Beatles, mas fico lisonjeado que tenham feito isso. Os Beatles são das melhores coisas que o ser humano já fez. Dito isso, você não estaria totalmente enganado na analogia das duplas. Principalmente na nossa habilidade em trabalhar juntos, como era a relação de Lennon e McCartney. Havia uma química, a combinação de duas perspectivas criativas.

FOLHA - E o fim é definitivo?
SEINFELD - Sim. Mas penso em fazer uma última cena.

FOLHA - Só uma cena?
SEINFELD - Uma cena, não um episódio nem uma temporada. O problema é que teria de ser agora, para aproveitar o lançamento da última temporada em DVD. Mas estou muito ocupado promovendo o filme.

FOLHA - Vocês se reuniram pela primeira vez em nove anos para a mesa-redonda que está no DVD extra da caixa completa. Como foi?
SEINFELD - Assim que nós cinco sentamos juntos de novo, tivemos a sensação de antes. Como se fosse aquele pequeno conjunto perfeito, em que todos têm seu próprio instrumento, que combina perfeitamente com o dos outros. Assim que sentamos, começamos a falar: "Quero gravar um episódio agora", "Vamos fazer de novo", alguém pegou papel e caneta e começou a escrever o roteiro...

FOLHA - Você já disse ser contra a chamada "TV reunion", em que o elenco de uma série se reúne anos depois para mais uma temporada ou um especial. Continua contra?
SEINFELD - Geralmente, é triste. É melhor deixar quieto. Para usar sua analogia dos Beatles, muita gente quis que eles voltassem para mais um álbum, mais um show, ou algo assim, e acho que somos mais felizes porque eles nunca fizeram isso. Vi grupos cômicos se reunirem anos depois e tentarem fazer o mesmo que faziam, mas o tempo passou, a sensação é outra, eles estão mais velhos, não é mais tão engraçado. Se houve um momento especial, é melhor mantê-lo especial.

FOLHA - Você é religioso? Já flertou com a cientologia...
SEINFELD - Isso foi há 35 anos. Mas já tive interesse em budismo, em meditação transcendental, como os Beatles [risos], sou judeu. Acho que uma boa filosofia de vida é tirar pequenas coisas de várias filosofias diferentes e construir sua própria perspectiva. Foi o que fiz. Criei minha própria maneira de viver a vida.

FOLHA - O que aconteceu no programa do Larry King [o comediante reagiu irritado quando o apresentador sugeriu que a série foi cancelada]? Você perdeu a cabeça?
SEINFELD - Ele esqueceu que meu programa não foi cancelado, e eu, é claro, usei a oportunidade para gozar dele.

FOLHA - Você parecia ofendido.
SEINFELD - Não, esse é meu trabalho, gozar da cara das pessoas. Larry é como um membro da família, um tio, quando você tem um jantar de família e um dos parentes mais velhos diz algo errado e as crianças gritam para corrigi-lo. Foi isso.

FOLHA - Você vende a imagem de bom pai, marido e profissional, de alguém que sem um lado negro, o que é impossível. Qual é o seu?
SEINFELD - Todo o mundo tem um, nem que seja pequeno. Mas é impublicável.
O jornalista SÉRGIO DÁVILA viajou a convite da Paramount.

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