domingo, julho 01, 2007

O meu amor não basta?
















Ando estranha estes dias. Uma tristeza de luto, como se algo estivesse mudando. Uma amiga diz, quando está assim, que está trocando de pele. Não sei se eu estou trocando alguma coisa, mas sinto-me estranha. Uma tristeza, misto de vazio, desejo de não sair de casa.
Penso que eu vivo muito de sonhos e quando o sonho se dilui eu entristeço.
Pois é, mas ontem saí, tivemos um churrasco na chácara do meu irmão, o que eu mais gosto. Todos, inclusive minha mãe, que não sai nunca- porque não quer.
Foi bom. A casa tem uma linda varanda de madeira que dá para a vegetação do rio que passa ali. Tomei banho de rio, foi gostoso. Minha sobrinha de 5 anos, que eu amo, estava lá, brincamos no rio- que é pequenino de largura, limpo e seguro, apesar da correnteza forte.
Na volta eu dirigi em direção a uma lua enorme e mágica. Parei o carro num momento para ver. Estava com Luc, meu filho mais velho, o meu filho quietinho, calado. Minha mãe disse que eu era muito quieta quando menina, ela repete sempre, e que a Helena Kolody, amiga poeta dela, disse que eu era a caixinha de segredos dela. E sou até hoje. Eu era mais triste, imaginem...

A FLIP de Parati está chegando, eu gostaria de ir, apesar de odiar gente demais, talvez, se estivesse lá, não quisesse ir, sou assim.

Amós Oz, ganhou o prêmio Príncipe de Astúrias de Letras. Merece todos os prêmios.
Ouvi na Tv que a mãe de Amós Oz suicidou-se quando ele era adolescente. Eu tenho uma forte simpatia por ele, que não sei definir. Os livros são bons, não são fáceis de se ler, são densos, tristes, o personagem é sempre solitário. Ele é um cara envolvido com questões políticas, um homem decente. Deve ser isto.
Mães que se matam me impressionam muito, tive este fantasma na minha vida, e agora que tenho filhos imagino como uma mãe pode suicidar-se? É preciso muito desespero. Um momento de cisão, loucura pura.
Os Moreira Salles perderam a mãe assim, Santos Dumond também, sua mãe se suicidou em 1902, ele repetiu o gesto. O suicídio de Sylvia Plath foi terrível. A mãe de Marlon Brando foi totalmente ausente, alcóolatra, ele nunca conseguiu tê-la de verdade. Aquela cena dele conversando com a mulher que se matou, no "O último tango em Paris" foi filmada livremente, a cena acabou e ele continuou chorando, Bertolucci deixou-o à vontade. Depois eu conto mais sobre este filme, estou lendo o livro ainda.
Para os filhos ficam a questão:
Como ela se matou? como o meu amor não bastou? O que me falta?
Pergunta que o perseguirá pelo resto de suas vidas, pode crer.

Chega, senão fico mais triste.

Ainda bem que ontem eu vi aquela lua mágica :)

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