quinta-feira, junho 14, 2007

O crente e a aposta


















Ontem aconteceu um fato engraçado comigo. Vou contar:
Estava na fila de uma lotérica, era a última da fila, quando um rapaz, aspecto de gente simples me disse:
"A sra faz esta aposta para mim? Eu lhe dou as moedas a sra faz."
Eu disse: Por que eu? Não tem fila...
Ele: Mas eu lhe dou as moedas, não custa nada...
Eu: Mas por que você não faz a aposta?
Ele: Não posso fazer.
Eu: Você é crente?
Ele: Sim, sou. É para um amigo, ele me pediu.
Eu: O problema é seu...
Ele: A sra tem toda razão, o problema é meu. Foi bom a sra me dizer isto... disse meio assustado com minha resposta inesperada.
Eu: Então reflita sobre isto, aprenda a dizer não.
Ele: Foi Deus que me mandou a esta fila e encontrar a sra, vou orar pela sra, vou refletir...
Eu: Pois é, a gente tem que viver atento com o que acontece para aprender sempre mais.
Hihihi
Putz, o cara depois não parava de me agradecer, dizer que ia orar por mim, no início achei que ele havia dito o orar para salvar minha alma impiedosa hihihi
Achei tudo meio estranho. Eu estava com grana, mais de seiscentos reais, tinha acabado de tirar no caixa eletrônico, fiquei meio cabreira.
Quando saí dali fui ao quiosque em frente da lotérica ( estava no Praia Shopping onde vou sempre) tomar um café. O cara veio de novo falando no assunto, aí eu lhe disse que estranhei o pedido esdrúxulo dele (não usei esta palavra), afinal estava pagando contas- agora eu já não tinha mais o dinheiro. Ele disse que me compreendia e que ia orar... Tudo de novo, um saco. Muitas pessoas assistiram a cena e sorriam sacudindo a cabeça, tipo: "eu hein?" Ele deve ser meio lelé da cuca, porque sentou lá e tomou café, comeu algo, nem olhei mais para o lado dele, preferi ficar no balcão, me sentia mais segura, as moças ali me conhecem, nunca se sabe... É ali que eu vejo aquele homem, aquele que se parece com o Trintignant, - nunca mais vi, tenho ido muito pouco lá- a livraria, que era o meu canto preferido nesta cidade, está fechada ainda, nem reformando não está. Estou sem chão, não tenho um lugar para ir, infelizmente. É difícil viver numa cidade onde você não tem um canto que você goste- não conheço, deve ter algum, em algum lugar. Será?

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