O avião parte para Lisboa. Faz frio em Paris- 13°. Vou ao encontro de M., um amigo ou mais que amigo, saberei quando o encontrar.
Estou cansada. Cheguei ao Charles de Gaulle bem, aí veio o estresse, eu tinha bagagem a mais, tive que voltar ao guichê de check in e pagar a pequena mala de rodinha, além dela, carrego uma mochila e a bolsa de mão. Na passagem pela fiscalização, o homem de cara má, separou o meu perfume George Armani, comprado na véspera, separou meus cremes e colocou-os num plástico. No Brasil eu paguei o saco, ele não cobrou. Ao lado um casal falava francês, muito, franceses falam muito, amam as palavras, penso eu, vide Lacan e cia.
Esqueci de trazer um livro, fico perdida sem nada para ler. Sinto certa tristeza- algo que não alcanço- me sinto meio amorfa.
A viagem sonhada não me traz alegria- prazer sim. Onde a minha alegria? Por que a tristeza no sonho alcançado?
Uma sensação de estar só no meio de tantas pessoas. Não é exclusão, é como se a vida delas fosse mais real que a minha, que estaria suspensa num sonho.
Em Paris vejo peças de arte que amo. Ao entrar no jardim da casa de Rodin, chorei copiosamente. Uma emoção incontrolável me trazia lágrimas. A amiga, Sylvie, que me hospedava, telefonou na hora e dizia: Chorando por quê? Queria tanto ir ai!
Tomei um café com pássaros na mesa próxima, me recostei numa chaise lounge no belo jardim, senti conforto, observei cada detalhe, senti o ar fresco da tarde. É difícil não compartilhar o belo. Algumas vezes, eu exclamei para a pessoa ao lado, num museu: "Olhe, que maravilha!", esperando um retorno, mas nada. Sim, restava-me a beleza da arte para me salvar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário