Manhã cinza
Olha o
céu chumbo. Não venta. Mormaço.
Estica
com as mãos as roupas recém penduradas. Pássaros
voam grunhindo.
Na
cozinha, desliga o fogão- o arroz cozinhará sozinho- tem receio de esquecer a
chama acesa.
Atravessa
a sala, observando coisas fora do lugar.
Varre a
varanda. Molha as plantas. A água da mangueira respinga nas pernas e vestido.
Enrola a bainha molhada e prende no elástico da calcinha. Joga água nos pés
descalços.
Olha em
torno- não há ninguém.
Sente
frio, despe-se e entra no chuveiro quente. Lava com prazer os cabelos.
A chuva
nas janelas a faz lembrar da roupa estendida. Corre enrolada na toalha para o
quintal.
Puxa com
força as roupas quase secas. Grampos alçam voo.
Sente
frio.
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