quinta-feira, junho 21, 2018

O Barba Ruiva- filme de Akira Kurosawa



Vi "O Baraba Ruiva", filme de Akira Kurosawa. Filme fantástico. Interessante pois não é considerado um dos melhores dele, eu amei. Talvez por me identificar com o personagem, com a densidade da narrativa.
Um médico dirige uma pequena clínica social num lugarejo extremamente pobre,na antiga cidade de Edo, hoje Tóquio, sec XIX.  A verba é insuficiente. Como assistente ele recebe um médico, recém formado com a empáfia dos ignorantes.
Toshiro Mifune faz o barba ruiva, apresentado pelo assistente que está a abandonar o posto, como um ditador.  Mas percebe-se que tem algo a mais, que o outro não alcança- a sabedoria do grandes mestres. O jovem médico se revolta com as condições precárias do lugar e se rebela no início, porque acreditava que deveria ser médico de um Shogun e não de pessoas miseráveis. Ele se nega a usar a roupa apropriada, que o identificaria, e a dar ao superior suas anotações anteriores sobre as doenças- vinha de um lugar mais avançado. À medida que a história flui, os personagens vão se desconstruindo, se transformando- todos, exceto o mestre, que tem semblante de sábio. Toshiro tem presença extraordinária, foi premiado por este personagem.
Através das narrativas dos pacientes, a arrogância do jovem vai desbotando. A visão do mundo mudando.
Filme de um humanismo comovente, como muitos filmes do mestre e diretor. A história original não é dele, mas poderia ser.
Mostra a vida e a morte de forma crua. O mestre diz numa fala que a morte é digna e nos faz assistir a agonia de um homem nos últimos momentos. E suportamos. A morte seria um alívio para aquele ser.
Os personagens são apresentados com traços sutis- como em tantos outros filmes dele. Vamos conhecendo os dramas de cada um. Me lembrei de "Dodeskaden", dos personagens miseráveis da periferia da cidade.
Um filme imperdível. Recomento enfaticamente. Foi o último filme em preto e branco que ele fez.
Belo filme.

Veja o trailer aqui