Fui á
cabeleireira- vou uma vez por mês para cortar- pinto em casa.
Hoje fui
para dar uma alisada com estes produtos novos. Atualmente detesto meu cabelo
curto crespo- já usei crespíssimo, mas bem maior, olho para trás e penso como
era ousada usando aquele cabelo- devo ter assustado muita gente. Mas vamos
mudar de assunto.
Lá, havia
uma mocinha sentada, quietinha, fingia ler revistas. Perguntei para A. se era
sua sobrinha: “Não, é mulher do meu irmão.” A menina tem 16 anos e está há um
ano casada ou “casada”, não sei. Imagino que o marido deva ter lá por 40 anos,
veio para cá porque é jurado de morte.
A história é
trágica: dois irmãos de A. foram assassinados por uma das irmãs por causa de
terras- a avó deixou como herança muitos hectares. O pai de A. atropelou a
filha assassina. Morreu pouco depois do coração. Mas os crimes podem recomeçar-
alguém segue a linha da irmã má.
O marido da
moça veio do interior e está sem trabalho- era fazendeiro- vendeu tudo, quer ser
jardineiro, porque gosta de mato, terra plantas. Não tem instrução.
Escrevo sem
elaborar o que conto, deem desconto- também não sei se a história é exatamente
esta. Não quis perguntar muito sobre, para não perturbar a cabeleireira, que é
uma pessoa sensível- há dias em que está perturbada, diz que está nervosa-
também...
Enquanto eu
estava sendo atendida, chegou uma grávida, entrou dizendo: “Hoje é a cesariana!”.
A. não ouviu, eu perguntei: “Você vai ter o bebê hoje?”.
Ela contou
que se internaria às 18 horas e a cirurgia seria às 20 horas. É uma jovem
linda, bem cuidada e preocupadíssima com a sua aparência- eu ri quando a mãe
dela disse que colocariam uma toca em sua cabeça assim que chegasse no hospital.
Lembrei da força que se faz e tal, mas ela fará cesária. É o primeiro filho,
tem 23 anos. O marido deve ter uns 38-40 anos e, como ela disse: “O chamam de
Jack Chan, aquele japonês”. Parece mesmo. Eu disse que sabia quem era e que ele
era chinês, mesmo, e filho de Charlie Chan- outro famoso. Contei para meu filho,
que é fã dos filmes do chinês e ele riu dizendo que aconteceram muitas coisas
lá hoje. E, olha, que fique apenas 2 horas.
Tem mais: A.
está com o braço roxo. Perguntei onde machucou,(eu a conheço há 10 anos, tenho
liberdade para), respondeu que foi a sobrinha que apertou demais- a moça de uns
20 anos- e estava ao lado fazendo uma escova no belo cabelo da grávida. Não sei
se ela ouviu. A. disse que mandou que ela tirasse o prato da mesa- moram
juntas- e ela a atacou, puxou cabelos... Depois, longe da sobrinha, eu disse
que ela não podia deixar acontecer isso, que a mandasse embora, disse que a
outra não quer ir e que paga tudo direitinho para ela- é uma “funcionária” rebelde-
não usa uniforme- estava de short. A é muito frágil, muito imatura, mesmo com
mais de 40 anos. Sempre saio de lá com histórias para contar.
Desvalorização
é triste.
Ah! O tal
produto tirou a cor do meu cabelo, o avermelhado. A. me avisou que aconteceria.
Está mais para louro cinza- nunca fui loura, tenho vontade de deixar grisalho-
acho chic, quando bem cuidado. Gosto. Falta a coragem para descolorir todo e
enfrentar os cinzas.
Um comentário:
marcou cesária e cabeleireiro no mesmo dia? hahaha é cada qual com suas loucuras cotidianas!
madoka
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