Foto André Paiva
Não sabe o porquê da inquietude. A mãe dizia: “Esta é lenta, não queria nem nascer. Anda Inês!”. Odeia o nome. “Pior se fosse Sebastiana”, retrucava a mãe. Nasceu no dia da mártir, um dia depois do dia do santo.
Quase menina, foi trabalhar no corte da cana. Lá conheceu Sebastião- ironia- gostou do nome. Ele era pouco mais velho e tinha olhos cor de amêndoas. Encabulou-se no primeiro encontro- ele a despiu com o olhar. Voltou para casa coberta de fuligem e atordoada. Mirou-se no espelho sobre a pia da cozinha. Tirou-o da parede, tentou ver o resto do corpo- “mais ossos que carne”, pensou.
Os irmãos brincavam no terreiro. No banho tocou o sexo. Apressada esfregou-se até um arrepio. Sabia que agora era mulher- os olhos dele o disseram.
...
Anoitece. Observa a duna- lembra da areia morna, a perna úmida de sêmen, o corpo de Sebastião sobre o dela. Tenta enxergar mais longe. Não, ele não virá. Melhor entrar e fazer a janta para os netos.
4 comentários:
Oi Laura,
Não sei se vc lembra de mim, nos falamos uma vez ano passado, no seu blog.
Senti sua falta no blog da Cia., pensei que estava viajando.
Adorei esse mini-conto, que é grande de significado e ternura.
Muito bonita a passagem do tempo.
E obrigada pelas rosas que deixou aos leitores.
Seus textos e agradecimentos são muito suaves, como rosas mesmo.
Essas flores têm o seu jeito.
Um abração e felicidades!
Adriana de Godoy
Oi Laura!
Lindo, triste e cheio de dor e verdade de tantas Marias, Inês, Joanas e Sebastianas... mas tem um toque de amor e isso vale tudo.
beijos querida e obrigada pelas flores lindas.
Adriana, claro que lembro de vc- te conheci lá no blog da Cia.
Vc sempre gentil com todos.
Feliz 2011 para vc, que tenhamos um ano produtivo e feliz.
Um abração, Elianne- Laura
Tina, minha querida, um bjão para vc, depois te visito. Ando atrapalhada, vc sabe.
:)
Laura,
Você é que é muito gentil, suave, um anjo.
Que 2011 seja lindão, produtivo e feliz pra nós!
Pois pra mim 2010 também melhorou a partir de novembro e agora está tudo ótimo. Tem ano que é assim, as coisas precisam se resolver, a gente vivencia, toca a bola e no seguinte é mais feliz.
Prazer falar contigo, sempre.
Um abraço apertado,
Adriana
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