Nesta terça-feira tive um dia de cão. Acordei cedo porque precisava jejuar 4 horas para o exame de ressonância magnética às onze horas- neurologista pediu- tenho muita dor de cabeça, vocês sabem. Antes do exame precisava passar no Exército para pegar a autorização. No caminho o carro esquentou demais, acendeu a luzinha- parei num Posto de gasolina- o carro estava sem água alguma. Um rapaz deu um jeito e sai dali achando que havia resolvido o problema.
Minutos depois a caminho da Liga contra o câncer- onde fiz o exame- o carro já estava novamente sem água- fui até lá com medo, mas não queria perder o exame. Janela aberta, levei um banho de água suja de um carro que passou numa poça- fechei a janela, enxuguei o rosto e segui.
O exame é uma tortura, fiquei UMA hora numa câmara que lembra mortuária, gelada- me senti torturada- odeio frio- e não dá para se mover- nem engolir- só quando a máquina para. Abria os olhos e os via num espelhinho mínimo sobre minha cabeça- eu abria para me sentir viva. Sai com as mãos dormentes. O carro sem água à espera. Tinha um galão no carro- sou prevenida.
A Liga é o lugar onde se faz exames e tratamentos contra o câncer- vi tanta gente sofrida lá, muito triste, velhinhos, jovens... salas grandes de vidros mostram pessoas esperando para radioterapia ou quimioterapia- ai a gente pensa que tem que dar graças aos céus por não ter uma doença desta, e esperar que todos tenha forças. Na saída um homem muito velhinho, numa cadeira de rodas, com a cabeça enrolada num pano ou gaze- pobre homem!
Telefonei para o mecânico, disse que iria ao meu encontro, mas como o conheço,sabia que ficaria horas à espera, fui atrás de um mecânico por ali- bairro Alecrim- onde, dizem é tudo mais barato- achei um que me cobrou o dobro do que o meu conhecido disse que seria. Desisti deste, e fui até a oficina parando em postos para colocar água no veículo- o cano d ‘água estava furado.
Chovia. Passei a tarde numa loja de conveniência ao lado da oficina. Quando achei que o carro estaria pronto- lá por cinco e meia- a notícia de que o rapaz que traria a peça, esqueceu a peça sobre o balcão, trouxe outras. rs O carro ficou lá e vim para casa com carona do mecânico. Nenhum Gianecchini, para quem pensou logo em fantasias.
Foi um dia difícil, havia momentos em que tive vontade de chorar, tipo sentar no meio fio e chorar- tão estranha estava- talvez por eu andar muito fechada e triste, me expus logo demais e a situação estava muito difícil- muito medo do carro estourar no meio do caminho- há pistas onde não há nenhum posto, nada- tipo a via do Campus- onde passei.
O interessante foi a diversidade de gente que encontrei- a maioria cordiais- um deles foi grosseiro, um mecânico cara de nojento- cheirando a bebida, mas o velhinho, que estava junto dele, foi um amor comigo, colocou água no carro e desejou que Deus me conduzisse até a oficina bem. Tem coisa melhor? Vontade de voltar lá e agradecer. Passo sempre por ali- o velhinho pintava um barco. Uma das coisas que mais me comove é a solidariedade, em qualquer situação. E uma das minhas qualidades, e ser solidária- sei o que é solidão, abandono, desamparo.
Sempre digo que nosso povo, o povão, é cordial, afetuoso- vejo muito isso quando converso com balconistas, gente na rua. Agora ouço o ruído da conversa dos operários aqui ao lado, riem. Vêm do interior, vivem em condições precárias e sempre estão de bom humor. Quando cheguei aqui na casa, morria de pena deles, depois vi que para eles a adversidade não conta. Não dá para medirmos o que o outro sente por nossos parâmetros. O que é desconforto para mim, para outros não é- aprendi aqui observando os peões nas obras- estão muito próximos, alguns conheço desde que a casa era construída, sei o nome deles, vêm do interior. Ficam muito felizes, como pássaros em alvoroço, quando estão para serem liberados para viajar.
O carro? Já está bem de novo- é velho, mas é o que tenho e gosto dele.
5 comentários:
querida Diz,
é madrugada e estou sem sono, vc me comove nos relatos e é tão gostoso saber do seu dia, e é exatamente o que vc falou também sinto o mesmo, " o que mais me comove é a solidariedade, em qualquer situação." é o que mais me comove em ti é isso.
Se aqui levamos um banho de água que seja, e se tivermos uma prova (foto), ou anotado a placa do carro, tem sérias consequências, não fica impune. Imagine se é água suja então!
meu abraço com afeto
carinhos
madoka
Dias assim sao mesmo um estresse. Aqui em SP quando a pessoa nao é do tipo que aguenta a camera, eles dao sedaçao. Eu aguento bem, apesar de nao gostar,claro. Preciso so me assegurar que os caaras vao me atender se apertar a tal campainha.
BJOS e nao ha de ser nada!
Madoka e camille, vcs são tão qrdas, que vou colocar no mesmo comentário.
Vcs duas me comovem às lágrimas, vcs sabem. camille c as dificuldades, é uma guerreira, Madoka, sempre afeto, sempre atenta, generosa. Distantes as duas e tão perto do coração.
Bjs nas queridas e bons sonhos Madoka, e boa tarde, Camille.
Elianne(às x não dá p assinar laura, né?)
Oi Laura!!!Faz tempo que não aparecia por aqui...espero que tudo tenha acabado bem!!!É muito triste mesmo ver pessoas tão diferentes ali juntas no mesmo sofrimento,somos assim mesmo só damos valor ao que temos quando não temos mais...e com a sáude não é diferente.Pode parecer bobeira,mas um amigo que trabalha comigo disse que a enxaqueca dele foi curada com uma colher de azeite pela manhã e chá de picão,que ele tomava no decorrer do dia,também sei que chá de maça é bom,assim como colocá-la ao lado da cama.No caso da maça se não fizer bem,mal não faz.Espero que esteja muito bem!!!Bjs
Cristina agradeço as dicas, vc é generosa- volte sempre- vi q gosta de bichos lá no seu blog- aq tenho 2 gatos apenas.
Boa sorte e feliz 2011!
Bj Laura
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