quarta-feira, julho 18, 2007

O lado oposto/ Sem revisão














Michal Zaborowisk

O lado oposto

Vi quando apagou o cigarro no café frio. Não levantei os olhos. Continuei olhando para a xícara. Ele levantou, num ímpeto, e deu um soco na pequena mesa do bar. Olhei para a porta, queria saber para que lado iria- foi para o lado oposto à minha casa.
Permaneci no bar. Sabia que ele não voltaria, me faltavam forças para levantar. Pedi uma água para evitar olhares dos garçons sobre a mesa vazia. Era alta madrugada.
Quando me vi entre cadeiras empilhadas, levantei e saí. A rua deserta não me deu medo, o medo era outro. Meu estômago doía, caminhei devagar, braços cruzados. Um homem cruzou por mim, olhou curioso.
Em casa tirei as botas e deitei vestida, puxei o cobertor até a altura do rosto. Buscava o que eu teria dito para provocá-lo. Minha cabeça estava confusa pelo vinho e sono. Lembrava que dissera: "Por que você faz isso comigo?"
Sobre o que falavam? Provavelmente dos planos dele, da nova viagem... Não lembra. Talvez tivesse pedido para ajudá-la no projeto.

Não sabe o que acontecerá amanhã. Se a vigília ajudasse, ficaria assim, olhos grudados no teto, tentando rever o que aconteceu antes da mão dele vir, num gesto brusco, em direção à mesa. Se não estivessem no bar, talvez fosse em direção ao rosto dela.

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