domingo, julho 16, 2006
Sonho carioca. Arnaldo Bloch.
Foto do Blog do Jôka
Pois é, o Arnaldo diz o que todo carioca que tem um olhar sensível vê no Rio.
Nesta esquina eu tive meu último consultório num prédio velho, exatamente ai, de frente à Pizzaria Guanabara, eu não curtia, era muito agitado ali, prefiro Ipa, vocês sabem.
A Letras e Expressões era onde eu ia tomar café olhar os livros, meus filhos aprenderam a gostar de livrarias ali, no fundo tem um mesão onde as crianças podem manusear os livros livremente, era muito bom. Agora continuo meu hábito de freqüentar livrarias aqui na A & S, não tem o charme de Ipanema, mas é o lugar que mais vou.
E aqui também vejo a lua, o pôr do sol, as nuvens deslizando no céu- estou me sentindo melhor aqui, não é?
Sonho carioca
Arnaldo Bloch
Parecia sonho mas não era: na esquina da Aristides, bem em frente ao Diagonal (aquele bar-restaurante cujas paredes têm reproduções do desenhista francês Jano), um rapaz e uma moça, muito jovens, tocavam “Carta ao Tom 74”. Semanas antes, quando os vi pela primeira vez, a flautista ainda errava muito, estava era estudando como fazem tantos diletantes pelas praças e metrôs do mundo, viola de Romeu sustentando compasso de Julieta. Agora, da segunda vez que os via, eram raras as notas que batiam na trave, e já tinha pessoal em volta cantando junto, tudo garotada meio zona-sulista, meio verde, sem muito sambalanço, algo constrangida de estar bossanovando diante da azaração mais roquenrol da Pizzaria Guanabara defronte, ou do fervilhar do B.B Lanches, point de todo um Riô profond que passa pelo Leblon. Mas continuava, tímida obstinada, a bossinha juvenil, ao abrigo da zoeira, à sombra também do tétrico espigão na esquina do lado oposto, triturador oficial da memória do Real (Astória).
Aqui você lê até o fim.
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