sexta-feira, novembro 18, 2005

Como é gostoso estar só. É?












Tenho uma nova leitora do além mar "Eu" que anda falando de solidão, aí vem Calligaris dizendo na semana passada aqui
que é melhor não conhecermos aquele que amamos e nesta entrevista da Revista Cult fala de solidão- eu ainda não li, só este trecho, (aqui onde moro, padaria e banca ficam longe uns 400 metros, para mim é um horror, acostumada a bancas em todas as esquinas).
Eu vivi só quase sempre, estive "casada" apenas cinco anos, agora vivo com meus dois filhos. Foi uma escolha, eu não quis casar aos vinte nem aos trinta, quando foi chegando perto dos quarenta eu queria viver com alguém, me sentia muito só, mas era por estar sofrendo muito uma perda amorosa importante, eu precisei desistir do meu sonho do amor ideal realizável, chorava muito, doía muito, pensei em morar com alguma amiga, não queria mais acordar só todos os dias, passear pela praia só. Fiquei muito triste. As amigas a esta altura casadas ou longe, foi aí que encontrei o pai dos meninos no enterro do Drummond, leia aqui, se não conhece a historinha, é divertida. Foi tudo muito rápido, engravidei, tive dois filhos e nos separamos, não diria que foi um equívoco, não, eu era consciente do que fazia, mas sofri muito, ele é muito diferente de mim, em muitos aspectos difíceis de se conviver, para começar o estilo de vida, completamente boêmio, eu adorava dormir tarde, estas coisas, mas todas as noites bar e restaurante, é impossível, trabalhava de dia e a noite queria estar em casa, acostumada a estar só, gosto de estar comigo, sempre gostei, se ficar muitas horas grudada com alguém,implico, quero estar só.
Estar só por opção é ótimo, há momentos de carência que poderiam, deveriam, ser suridos por amigos, amigos coloridos, namorados eventuais, amores clandestinos.
Eu acredito que o ideal é viver em casas separadas, não tenho dúvidas, infelizmente as pessoas não fazem isto, por não ficar bem ou por falta de grana, mesmo, viver no mesmo teto sai mais barato.
Jean Guillaume, meu querido amigo francês dizia isto sempre, ele nunca casou e me influenciou bastante na minha formação, eu era muito jovem quando convivi com ele, era um homem fascinante.
Calligaris fala do fascínio que o mistério traz, é verdade, aquele que é inatingível é fascinante, mitificamos... Precisamos colocar mais graça às nossas vidas buscando dentro de nós a riqueza, a beleza, sempre há, pode crer. E só então a solidão terá charme, aí sim. Liberdade, beleza, charme, amores... hummmm aí é bom, não é?
Estou ouvindo Billie Holiday
agora diga se é possível ouví-la e não se sentir só, é difícil. Vou mudar de estação :), não, está uma delícia, ouçam também.

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