domingo, julho 10, 2005
Os blogs, o mundo virtual e a intersubjetividade.
Transparencia.
Sempre fiquei intrigada e aflita com mal entendidos, talvez dai a minha escrita clara e simples. Gosto de transparência na vida e na escrita.
Ontem coloquei três pontinhos aqui depois de uma frase sobre as aulas do Garcia –Roza e ficou parecendo que as aulas dele eram...Foi um mal entendido que já corrigi no texto, os três pontinhos ... eram a minha ausência nas aulas que eu estava perdendo olhando as borboletas azuis pela janela, logo depois tranquei um semestre do curso, não fazia sentido estar lá e não assistir aulas, depois voltei melhor, é outra história que um dia conto quando fui procurar terapia.
É extraordinário poder da intersubjetividade. Eu escrevo algo, ou digo, você escuta, mais sua escuta ou leitura é impregnada pela sua bagagem psíquica e intelectual. Me assusta e fascina a maneira como eu posso me apresentar. Fiz muitas análises, com analistas diferentes, acredito que na hora que eu escolhia aquele analista inconscientemente eu escolhia a forma de me mostrar. Todo analista tem isto em mente quando recebe o cliente, sabe que existem muitas leituras para aquele discurso, há sempre dúvidas, não há certezas. Você pode contar a sua historia com tonalidades diferentes e o outro vai ouvir com os tons que ele possui. Eu posso me apresentar sofredora, vitima, algoz, sedutora, apaixonada, otimista, pessimista, são tantos os tons...Eu sou tudo isto, não estaria mentindo. No encontro com o outro as cores serão definidas inconscientemente, eu não penso: vou contar assim porque quero que me veja desta forma, não, apenas acontece, depende da química do encontro.
Aqui na internet acontece o mesmo, nossos tons vão se definindo nos encontros virtuais. Alguns me vêem sedutora, outros não, alguns me vêem narcisista, outros generosa e por ai vai.
Relações virtuais mais que reais, ao vivo e a cores, facilitam equívocos, por mais que alguns discordem, eu acredito que é mais fácil desfazer um mal entendido, uma leitura equivocada, se o outro está na sua frente, olho no olho. Por que usamos tanto os :)? porque é preciso mostrar a cara, não basta escrever, o sorriso diz:” estou brincando, viu? não me leva a mal”.
Mesmo com :):) esta semana me envolvi num mal entendido, uma história cheia de equívocos provocados pelo meu jeito espontâneo de ser, que alguns de vocês já conhecem.
Fui brincar de Lobo mal e assustei, mas não mordo ninguém muito menos devoro :) Foi um grande mal entendido, que pena. Ou seria como diz Warhol:” E daí?” :)
PS: todas as vezes que falo em intersubjetividade lembro do meu querido professor Horus Vital Brasil, que faleceu este ano em maio, uma perda enorme para o meio psicanalítico, assisti muitos cursos de psicanálise com ele, em todos falava do espaço intersubjetivo, desenhava no quadro negro. Horus deixa um número enorme de órfãos, foi psicanalista de muita gente, eu só fui aluna, tenho boas lembranças dele, eu o desenhava, depois no fim do curso dava de presente a caricatura, tinha várias, comprava meus cartões de Natal para mandar para os amigos de fora, gostava dos meus desenhos. Era um lorde o Horus e como o Garca-Roza um grande conhecedor de Teoria Psicanalítica, uma grande perda.E também foi um homem muito bonito e charmoso, tinha muitas fãs mesmo depois dos cabelos brancos, os elegantes nunca perdem o charme.
Bom domingo!
Escrevi agora, os erros me apontem, please.
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