segunda-feira, abril 18, 2005
Gravidez precoce.
Gravidez.
Ontem vi o programa da GNT com a Sue Johanson no Brasil, foi muito gostoso, ela é muito viva, rápida nas respostas, inteligente. Durante o programa do Serginho Grossman a Sue ficou espantada ao saber que as jovens apesar de informadas, saberem que é preciso se prevenir contra a gravidez, muitas engravidam. Sue ficou com cara de espanto, quando o Serginho perguntou para a platéia se conheciam alguma jovem adolescente que tenha engravidado, praticamente todos conheciam.
O que acontece? Por que nossos jovens apesar de informados não usam camisinha ou outro tipo de cuidado?
Vou copiar aqui o trecho de uma palestra que faço para pais de adolescentes. Como é uma palestra para pessoas de todos os níveis sociais eu escrevo e falo numa linguagem acessível a todos.
Gravidez precoce.
Uma mocinha que engravida aos 13/14 anos, na maior parte das vezes, não acreditava que ficaria grávida.
Vocês se lembram dos seus pais dizendo : “cuidado com a bicicleta” ou cuidado para não cair e você estar certo de que o pai ou a mãe estava exagerando, pois tinha certeza que não ia acontecer nada. Muitas vezes, não aconteceu, mas noutras aconteceu. O mesmo se dá com a gravidez, a jovem não acredita que aquela relação vá levá-la à gravidez, ou pensa que com ela não irá acontecer, este pensamento nós chamamos de mágico, onipotente, só porque pensa não irá acontecer, é assim que o jovem pensa. O rapaz geralmente não está nem aí, para ele o problema é dela. Ele está errado porque no caso de uma gravidez ele também será responsabilizado, mas a sociedade coloca o problema maior para a mulher, quem não se preveniu foi ela, quem foi leviana foi ela, mas ela não estava fazendo sexo sozinha.
Muitas vezes a moça fica grávida na primeira relação, que é uma relação difícil para os dois, uma relação tensa, cheia de ansiedades, na maior parte das vezes. Ele sem querer usar camisinha para não falhar e ela ansiosa, não quer fazer nada que possa aborrecê-lo, também não quer parecer mais experiente que ele- “viu a safadinha, já sabia usar camisinha...” ou para mostrar que o quer de qualquer forma mesmo correndo risco. Adolescente gosta de desafios e jogar com a possibilidade de engravidar ou não, pode ser uma jogada inconsciente na sorte.
Quantos de vocês devem ter tido a primeira relação atrapalhada, apressada, às vezes em lugares impróprios.
Como resolver esta questão? Não é fácil, mas também não é impossível, tudo se resolve.
Quando acontece a gravidez geralmente fica escondida até não poder mais, tentam coisas para abortar, pulam,tomam aspirinas, coisas que as amigas ensinam.
As jovens não têm coragem de falar com os pai o que ocorre, até que fique tão evidente que não há mais como esconder. Então o que os pais devem fazer?
Tentar não se desesperar nem fazer escândalo, tudo tem saída.
Os pais geralmente gritam, esperneiam até verem que não há outra saída a não ser tentar ser razoável.
Vem a culpa, “a culpa é tua, devia ter falado com ela!” “é tua, sempre distante, não toma conhecimento com os filhos!” e por aí vai...
Não adianta tentar encontrar os culpados, é hora de conversar, o que não foi conversado antes, procurar ajuda de gente mais esclarecida, mais madura e procurar um médico.
O pai do futuro bebê já sabe? Precisa saber, precisa ser responsável também, no caso do seu filho ser o homem, o pai, precisa assumir a paternidade, ser responsável. Se não se amam é melhor que não oficializem a relação, são muito jovens, terão outras relações amorosas.
Se a moça não quer o filho será necessário o apoio de um psicólogo/a, um médico para orientar.
Os avós serão sempre avós, não devem assumir o neto/a como se fosse seu filho, isto trará problemas futuros, os jovens precisam assumir suas responsabilidades, aos pais cabe ajudar no que for preciso, mas não assumir completamente a criança.
Aceitar as mudanças na vida é fundamental e todo adolescente nos colocará diante de situações novas. As crises são boas para melhorarmos, para crescermos, aproveitem as crises e se renovem.
Como vocês vêm eu não falei em aborto, nem educação sexual, deixo para outro dia.
Aborto é um tema que preciso abordar com cuidado nas palestras, nesta última palestra que fiz no dia 7 de abril, 90% da cidade era de evangélicos, tenho que ser cuidadosa ao abordar estes temas, mesmo camisinha, mas camisinha eu abro o jogo, falo que é preciso usar, que há risco de doenças, etc e tal. As funcionárias da Camanor me disseram que o pastor não recomenda que vão às palestras, ele sabe que falarei de sexo, faz restrições. A moça inclusive me disse que por eu ser psicanalista assusta mais, pode? pode.
Deus do céu, socorro!
Bom dia!
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