Fiquei surpresa com o sucesso do texto sobre o Drummond, eu até brinquei que se soubesse teria sido o primeiro post. Guinha, nos comentários de ontem, diz que eu o mostro como pessoa comum. Ele era um homem especial, todos sabemos, mas eu mostro um lado dele que poucos conhecem, um lado sacana, sapeca, talvez seja isto. Eu conhecia pouco sua poesia, como a maioria de nós. Conhecia o mito Drummond, impossível não conhecer, mas gostava mesmo era do Neruda. Drummond eu gostava, mas não era paixão. Quem já leu os dois sabe do que estou falando, Neruda é o eterno apaixonado. Mas o encontro com Drummond mudou minha vida mais tarde, radicalmente- outro dia conto.
Ganhei dois livros dele, comprei a “Poesia Completa” e reconheço o mérito dele como O Poeta Brasileiro.
Um dos livros que me deu tem a linda dedicatória:
“Quanta ternura cabe em um abraço?
Receba o meu e conte”
Receba o meu e conte”
Realmente o homem transpirava poesia. Mas era um homem como os outros homens da geração dele-nasceu em 1902, início do século, mineiro... Quem conhece os mineiros sabe do que estou dizendo, os mineiros se escondem, acostumados à proteção das montanhas continuam a se proteger na vida.
Drummond tinha uma namorada que visitava diariamente há 30 anos, a moça era de boa família, segundo as palavras dele, e deixou a casa dos pais para poder recebê-lo. Manteve o casamento para sempre.
Ao telefone um dia me disse que à noite ele cuidava da mulher e de manhã era ela quem cuidava dele, que dormia tarde, bebia um licorzinho, ouvia música clássica.
Há 18 anos ele morreu e tenho saudades da voz dele, frágil, dizendo poemas engraçados no telefone para mim, naqueles dias em que eu me encontrava muito triste.
Lembro apenas deste:
Tertuliano
Tertuliano, frívolo peralta,
Paspalhão desde fedelho,
Incapaz de ouvir um bom conselho;
Tipo que, morto, não faria falta.
Mas um dia deixou de andar à malta.
E indo à casa do pai, honrado e velho,
Mirou-se diante de um espelho,
E à própria imagem disse em voz bem alta:
Tertuliano, és um rapaz formoso,
És rico, és talentoso.
Que na vida se te faz preciso?
O pai, sisudo,
Que por trás da cortina ouvia tudo,
Serenamente respondeu: JUÍZO!...
De Artur Azevedo
Imaginem, este era Drummond.
3 comentários:
o poema TERTULIANO , ao que me parece, não é de Drumond. Tenho quase que certeza que é de Emilio de Menezes. Mas vou pesquisar.
Em tempo; como fazem muitos anos , fiquei na duvida , se não e de Artur Azevedo......
Correção
O soneto TERTULIANO, é na verdade de autoria de Artur Azevedo
O soneto TERTULIANO é de autoria de Artur Azevedo
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