Sábado no ônibus
Entrei no
ônibus com dificuldade, o motorista me olhou enviesado.
Não
havia onde sentar, a mão engessada doía, o braço onde fui furado,
doía. Era preciso me equilibrar na
barra.
Senti o olhar de uma mulher. Senti vergonha, queria
me esconder. Todos fingiam não me ver, exceto a mulher que
olhava discretamente. Ouve um momento que senti que ela ia levantar e
me dar o lugar. Podia ser minha mãe, talvez me visse como filho,
talvez me visse através daquela roupa suja de sangue que
fedia.
Ela não se
levantou, ainda bem, eu
sentiria mais vergonha.
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