quinta-feira, abril 13, 2023

Dalai Lama, a espiritualidade e as redes sociais

 






Essa exposição do Dalai Lama num gesto asqueroso, mexeu com muitos de nós. Não que eu achasse o lama- com letra minúscula de propósito- o máximo, nunca tive muita admiração por ele, me incomodava a forma como se exigia, sempre rindo demais, brincando, coisas que, no meu ponto de vista, não refletem a seriedade e introspecção que acredito um líder espiritual deve ter. 

Quanto mais se mostram na mídia, mais desconfio. 

Assim como acredito que todos que se exibem demais, têm um excesso de ego ou narcisismo, se preferirem, e, na maioria dos casos, a vida real não é nada daquilo que parece. "Assim é se lhe parece", lembrando a peça de Pirandello. 

Vivemos um mundo de ilusões, cada vez maior depois da aparição das redes sociais. Tudo pode ser postado imediatamente, não existe o prazer de curtir o momento, mas fazer um clique para os outros verem. 

No tempo dos blogs, que vivi intensamente, eu dizia que era a janela onde nos debruçávamos para o mundo, hoje são outros canais 

A IA, o photoshop, retiram rugas, colorem rostos desbotados, afinam narizes e bochechas. Um recurso virtual, mas e quem faz harmonização e transforma o rosto em outro? Há pessoas que temos dificuldade de reconhecer após certo tempo, é impressionante como se submetem a essas transformações perdendo traços de identidade. 

Eu queria falar dos líderes e desviei para essa questão.

Mas, voltando à espiritualidade. Acredito que para o encontro com si mesmo ou com o divino, como alguns buscam através de meditação, da prece, do jejum, dos ritos- tudo é válido- é preciso silêncio. Não acredito, como disse acima, que um ser espiritualizado seja mundano, no sentido de estar mais no mundo externo.  O Dalai, disseram muito, trouxe ao ocidente o budismo tibetano, sim, mas...

A máscara caiu e foi ótimo.. É bom que caiam todas as máscaras, como caiu a do famoso sociólogo português. Que a lama venha à tona! Que as vítimas de assédio, TODAS, saiam do silêncio. 

Sou de uma geração que sofreu muito abuso, assédio, toda forma de agressão. Não havia a consciência que existe hoje, éramos silenciadas pela culpa. Culpa introjetada pelo cristianismo, enquanto nas alcovas muitos dos próprios líderes cometiam crimes. 

Conheço um número enorme de casos de assédio, de estupro, ouvidas no consultório. Triste demais. Aliás, o humano parece evoluir cientificamente, mas muitos ainda são animais como os nossos primos chimpanzés. 

O último governo incentivou o que há de pior no ser humano a despertar, é perceptível isso. Cada um de nós tem que tentar fazer algo para que isso reverta. E começa dentro de casa. Educando para o respeito ao outro, a compaixão e alertando sobre discriminação e desrespeito. 

Cada dia mais alertas.

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