sábado, fevereiro 18, 2023

Filme As noites brancas de Luchino Visconti

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Baseado no conto homônimo de Dostoievski, o diretor transportou a história de uma São Petersburgo primaveril para o inverno de alguma cidade italiana com canais- portuária- talvez Livorno. Fugindo do realismo, fez uma cidade cenográfica no famoso Cinecittá. Senti o tempo todo uma atmosfera teatral e onírica. Muita bruma, chuva, neve. A prostituta, sempre presente, encostada nos muros úmidos à espera de um encontro. Outras através de um vidro embaçado a chamar atenção do rapaz.
Faz muito frio o tempo todo.. Pessoas miseráveis dormem à beira dos canais sente-se o desconforto da chuva, presente quase todo o tempo.
Mario, o protagonista é um jovem muito simples e pobretão que vive numa pensão. Gosta de caminhar à noite e na primeira noite- são quatro as noites dos encontros- vê uma mocinha a chorar com a cabeça baixa na  murada de uma ponte.
Passa por ela, mas volta-se ao ouvir seu choro. A moça o repete, sai correndo, ele a segue, mais à frente um velho bêbado tenta alcançá-la, correndo trôpego atrás dela. Mario se adianta e diz ao desconhecido que estão juntos. A moça reluta em aceitar a companhia do rapaz, mas acaba cedendo e marcando um encontro no mesmo horário no dia seguinte. No outro dia entenderemos o porquê dela ir à ponte naquele horário- dez da noite.
Segue-se uma amizade desencontrada porque Mario está enamoradíssimo por Nastenka, enquanto a jovem está apaixonada por um homem mais velho e culto, que foi inquilino de sua avó, e faz do rapaz seu confidente.
São bastante pobres, a avó, quase cega, conserta tapetes e, com medo que a jovem fuja, prende a saia das duas com um alfinete.  
Na esperança de conquistá-la, ele a ouve e dá conselhos, irritando-se com a ingenuidade de Nastenka, que acredita cegamente que o Inquilino voltará para resgatá-la daquela vida miserável, como prometera um ano antes.
Ficamos a pensar que ela está iludida, que o sujeito estranho jamais voltará, Nastenka crê que sim, até o quarto dia de espera na ponte, Nesse dia vai dançar pela primeira vez e se encanta com aquele mundo novo e cheio de alegria.
A primeira música que se ouve no bar é "Mulher, mulher rendeira, mulher, mulher rendá"... Que surpresa para nós, brasileiros. Tentam dançar rock, imitando os outros, se divertem.
No final, eu não contarei. É intrigante e surpreendente.
Apesar de ter achado Mario no livro muito mais interessante, porque está sempre a pensar, como todos os personagens de Dostoievski, que pensam obsessivamente, no cinema isso não é possível. Marcello Mastroianni parece menos tímido que o Mario do conto, no meu ponto de vista, porque tem uma beleza que seduz, está belíssimo! Maria Schell perfeita, passa a inocência e desamparo dos enamorados naquela circunstância. Jean Marais, mais velho que os protagonistas, tem um ar pouco confiável, misterioso.
Achei Marcello e Maria belos demais. Na minha fantasia eram seres mais comuns. Estão deslumbrantes na tela.
Um filme belíssimo! Talvez o mais bonito que vi! 

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