quinta-feira, fevereiro 27, 2014

O filho de Josué- crônica















Josué desliga a máquina de cortar grama, fixa o olhar em mim e diz:
- Quero que me responda como uma profissional que é. Uma pessoa que pensa que acontecem coisas que não existem tem o que?
- Não sei... pode ser delírio.
- É meu filho esta pessoa. Ele diz que imagina coisas porque foi estudar para ser padre e imaginava que lá era todo mundo santo, mas tem até sacanagem no seminário.
- Ele precisa ir a um psiquiatra.
- Ele já foi, está tomando três remédios.
- Há quanto tempo?
- Três meses. Vi no "Fantástico" que a pessoa precisa tomar o resto da vida.
- Não sei dizer, o médico saberá. Pode ser que sejam pensamentos persistentes e não delírio. Mas hoje existem remédios para tratar. E se precisar tomar... tem que tomar.
- Ele disse que desde menino tem estes pensamentos, foi menino ser padre.
O sol já estava a pino e eu precisava entrar. Pensava no homem a minha frente com certa ternura, tão mal cuidado... no filho que talvez tenha sofrido assédio sexual naquele ambiente.
- Você quer água Josué? Eu tenho coisas para fazer, preciso entrar.
- Aceito água.

PS: Diálogo real com nome fictício.

Um comentário:

Screamer disse...

Ótimo blog.