sábado, janeiro 04, 2014

E a vida segue...






Dias movimentados. Desde a véspera do Natal tivemos convidados cinco vezes. Para quem vive quase isolado, é muito.

A noite do dia 31 eu jantei com uma amiga- fiz uma ceia, e depois que ela foi dormir, lá por onze horas, eu, morrendo de calor, entrei na banheira e fiquei no escuro pensando, quase dormindo. Fui para a cama e uns quinze minutos depois começaram os fogos. Levantei, olhei a janela, estavam espaçados, em vários condomínios. Voltei a dormir. Um dos réveillons mais estranhos, porque eu estava sem emoção alguma. Não senti nada, a TV estava ligada e eu, na hora dos fogos no Rio, estava dando comida para o Dersu. Desliguei a TV sem lamentar, alheia a tudo. Não tenho mais expectativa nenhuma em relação à tempo marcado- balela. Acho que a frieza vem da ausência do outro- do amor- ele se foi, não tenho mais em quem pensar na hora da virada- que virada? Bobagem, acho que os jovens devem festejar, é legal, o rito de passagem de um ano para o outro, os planos, os beijos à meia noite. Passei disto.

No dia seguinte teve almoço com filhos, mãe, irmã. Foi bom. Comida gostosa, vinho bom. Sem conflitos, sem dores.

Ontem meu filho Dan  trouxe amigos para um jantar com comida japonesa- fiquei super orgulhosa, caprichou, fez tudo que aprendeu num curso. Como ajudante um amigo muito querido dele A., superaram minha expectativa, ficou delicioso.

Estou cansada, mas feliz com as visitas. Amigos meus e dos filhos. Encontro com Gustavo de Castro, sempre amoroso- pena que viva longe. Os meus queridos, quase todos, estão longe. Trouxe 2 livros para mim, poemas, ele é poeta dos melhores, preciso ler. Ando com dificuldade para, espero que o conforto daqui do escritório facilite. Sinto que algo mudou, eu me sentia meio peixe fora d'água, sem meu espaço. Escrevia na sala, não gosto- além de mais quente, fico mais dispersa lá.

Uma alegria íntima foi arrumar meu escritório- estava em desordem desde o ano passado, primeiro virou quarto de minha mãe, depois o filho que faz arquitetura se apossou para fazer trabalhos, maquetes, então vieram os pintores. Tudo no chão, poeira. Prometeram arrumar, mas ninguém teve tempo- eu arrumei. Estou com dor no pulso, misto de pancadas para abrir as janelas- emperradas pela pintura- com pegar livros, penso eu.
Mas consegui. A faxineira ajudou a colocar um sofá que sobrava na sala, coloquei uma poltrona. O escritório ficou uma delícia- falta consertar o bureau e a luz. Aqui é tão ventilado, venta tanto, que às vezes é preciso fechar a janela, deixar que entre apenas pelas venezianas.

Estou com sono resistindo para dormir mais tarde.

Os filhos foram a um casamento- quase não vão- os amigos ainda não entraram nesta de casar. É melhor, aqui casam muito cedo.

Preciso mentalizar um projeto para este ano- ano passado foi um desastre, fiz muito pouca coisa relevante- além do trabalho, claro, no consultório que me satisfaz muito.
A verve de escritora ferve e eu não escrevo- tenho ideias, escrevo na mente e não coloco no papel. Outro dia percebi que o que mentalizo é pesado, triste, talvez eu queira fugir disto. O Facebook nos faz mais superficiais, ali agrada quem é gracioso, fala coisas leves. A superficialidade venceu. Também gosto de futilidades, me distraio com bobagens, mas sinto falta de textos densos. 

O A., amigo dos meus filhos, sentou aqui no escritório comigo e contou que está a ler(como dizem patrícios e eu adoro dizer), Garcia Marques, O amor no tempo do cólera. Mostrei os meus exemplares aqui- tenho em português e espanhol- li na língua original, comprei antes de sair em português. Eu era assim, hoje leio pouco. Um post que li hoje dizia que é culpa da internet, das leituras rápidas, curtas e fragmentadas, da quantidade de leitura diária on line. Pode ser, eu ando impaciente com textos não enxutos. Também porque me identifico, como escritora com autores não prolixos- não estou conseguindo ler detalhes em excesso.
Talvez eu hoje não conseguisse ler Cem anos de solidão. 

Sei que dispersão e ansiedade são sintomas de depressão. A minha, como disse, Jorge Salomão, o psiquiatra, e eu concordo, é existencial. Me coloquem num lugar com amigos, gente para bater papo e esqueço a tristeza. 
O que fazer? Voltar para o Rio? É, hoje, uma possibilidade remota, pode ser que um dia...
Gosto da minha casa. Gosto de viver nesta casa, do jardim, dos bichos. 
Dan chegou ontem com um gatinho bebê lindo. Não quis ficar com ele, não tenho como dar mamadeira para gatinhos, não aguento cuidar de mais um bicho, casa, plantas e tal. A namorada de Luc levou-o para cuidar, mais tarde eu fico com ele, fiquei encantada com o bichinho. Estava no meio da rua, quase foi atropelado.
L, namorada de Luc, é generosa, melhor que eu, vai cuidar para mim enquanto ele mama. Também seria difícil porque o Dersu e Seinfeld não iria deixar o bichinho em paz. Tenho medo que o machuquem, é muito pequeno.

PS: Não reli para corrigir. Perdoem os erros, apontem- caindo de sono. 












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