A vida
continua com novidades:
A maior é minha mãe aqui de novo- muda um pouco nossa
rotina e eu preciso ‘cuidar’ dela- ficar de olho. Não gosta de ajuda, diz que
ainda não está senil, mas hoje quando acordei o gás estava escapando ai ai . Ainda bem que a casa é muito ventilada. Levantei
às 6 hs para lhe dar um remedinho para tireoide. Amanhã virá uma ajudante, não
dou conta de casa, bichos- tem um cão agora também- jardim, atenção aos filhos,
consultório e viver- preciso de espaço, de silêncio, ler, vocês sabem.
Tenho
acordado muito cedo- quem me conhece sabe que isso seria inimaginável há alguns
anos, não coloquei cortinas no quarto de propósito, então acordo com a
claridade. Gosto. São tantas coisas para fazer que preciso ter mais tempo. E
falta tempo para fazer o livro, para meditar rs isso é uma fantasia, assim como
viver em Paris um tempo- quero conseguir meditar e nem sento para tentar-
ansiedade e dispersão, juntas.
Quando paro
pego algo para ler. Esta semana só hoje, domingo, fui ler o artigo do Calligaris,
que gosto de ler no dia e publicar- sai às quintas- feiras.
Hoje
almoçamos- filhos, namorada de um deles, mãe dela e minha mãe- no restaurante de sempre- Chinatown, no Shopping,
depois um café expresso e ela, um sorvetinho. Digo que ela é meio camelo, come bastante aos domingos e durante a semana belisca como passarinho- vai ver está certa-
tem 86 anos e está sem alteração de saúde nenhuma- apenas um hipotireoidismo que
resolve com medicação- e ranhetice, que não cura- é assim há anos. Saiu do
canto preferido dela e reclama de tudo. O lugar onde cresceu foi Curitiba,
depois Cabo Frio, onde viveu desde 60 e alguma coisa.
Eu a entendo. Perdeu seu espaço, vive na casa dos filhos,
eles se cansam dela, vai de um lugar para outro. Poderia ficar aqui, se
quisesse, mas não gosta, diz que é o fim do mundo, deserto demais: "Não se vê
viv’alma aqui como é silencioso...”.
Esta é minha mãe. Uma intelectual frustrada. Tem muita cultura, estudou literatura no Mackenzie, deu aulas de literatura na faculdade de Letras, leu muito, estudou muito, agora passa o dia reclamando da vida.
Sabe tudo de literatura, conserva bem a memória sobre isso. Se perde em algumas
coisas- aqui em casa ela fica melhor porque é mais estimulada- conversamos
bastante com ela, vemos filmes.
É isso, até
outro dia. Voou dar uma dormidinha :)
*Faltou a foto do cão, que é um Schinauzer- é a cara deste, mas não é ele.
Um comentário:
Nossa Elianne, frustrada por quê gente? Fez de um tudo na vida? Se bem que ela deve ter se aposentado né? mas então, se quer continuar dando aulas, sei lá, porque não formar grupos de estudo, tem tanta gente aí ,nova que ia gostar não acha?
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