segunda-feira, outubro 17, 2011

Miniconto: A flor



A flor

O sol a pino aquecia o pátio onde eles se protegiam na estreita sombra. Amontoavam-se recostados na parede encardida. Alguns jogados no chão, alheios. Talvez não sentissem o queimar.
Os homens, com canecas nas mãos, batiam ruidosos no portão de ferro, que se abriria em alguns minutos. Era hora do almoço.
A alegria do primeiro emprego desapareceu ao cruzar a porta para os alojamentos, que recendiam à urina.
Uma mulher lhe sorria sentada perto da entrada. Vigiava a passagem. Esperaria alguém? Boca desdentada, faces rubras, boca carmim borrada. Uma flor murcha caía de sua orelha esquerda. Retribuiu o sorriso.
No carro, de volta, chorou. Não sabe se por eles ou por ela.

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