domingo, julho 31, 2011

Na vitrine- conto ainda não acabado

Na vitrine



Com o coração descompassado atravessou a rua correndo. Um motorista freou, buzinou irritado. Era ele do outro lado da rua, sabia. Vestia uma camisa xadrez por dentro da calça e cinto de couro. “Está diferente, mas é ele”. Temia que desaparecesse. Diante de uma vitrine, tocou levemente o seu braço. Ele virou-se, disse desconcertado:

- "Minha mulher está ai dentro, não posso falar com você". Virou-se e dirigiu-se à porta de entrada.

Olhar turvo perdido nas manequins, não via nada. Saiu, passos lentos, esbarrando nas pessoas.

Na esquina, no meio fio, alguém perguntou se precisava de ajuda.

- “Não obrigada”. Não queria nada.

Tempo interminável até a penumbra da sala.

Adivinha uma jovem ao seu lado que o obriga a se cuidar. Ela não saberia dizer: "Não beba mais por hoje". Bebiam juntos, se amavam embriagados, jurando amor eterno.

Deixou-se estar no sofá até que o cão viesse, esfomeado, pedir comida. Ela não precisaria comer estes dias, sabia.



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