domingo, março 13, 2011

O Japão é longe daqui...



Estou com tanta saudades do meu filhote lá no lado do Pacífico. E o medo do tsunami foi grande- felizmente lá chegou sem alterações.

O Japão é do outro lado do mundo, a dor está longe, deve ser isso que a maioria pensa. Ou, como disse, Fipok, meu amigo, "as pessoas têm suas próprias tragédias". A vida precisa seguir sem qrandes lamentos, pensam os japoneses, que sabem o que é recomeçar do zero.

É, mas estas catástrofes acabam comigo, ontem fiquei tão triste que precisei fazer coisas para distrair- vi filminhos bobos, um atrás do outro-, cuidei do jardim e fui à piscina no final do dia- só consigo ir depois de 4:30 da tarde- antes me enrolo e penso que está muito quente. Há muito não pego sol- estou bronzeada por pendurar roupas no varal. O sol é muito quente, não agüento- e na beira da piscina está sem guarda-sol- o vento arrebenta todos e o síndico... bom, melhor evitar falar.

Estou ouvindo a rádio Sky, é legal- jazz, óbvio- só ouço esta estação ou a de bossa-nova. Amo ouvir João Gilberto, vocês sabem, me acalma. Pois é, eu não sou normal, preciso de coisas para me aplacarem a angústia, a ansiedade, a dor. As manhãs são quase sempre difíceis- penso que há algo metabólico, à tarde melhoro muito- de manhã sinto como se um elástico fosse distendendo e poderá romper.

Hoje amanheci melhor, sem esta sensação- deve ser porque é domingo e não preciso resolver nada- todos os dias preciso telefonar para resolver uma chateação- quase sempre pendências que adio pelo sofrimento em resolvê-las- tipo ir ao advogado para colocar a empresa x no pau. Odeio. Mas de uns tempos para cá, têm me sacaneado, as pessoas pensam, eu acho, que eu ameaço mas não mordo- não me conhecem... Ano passado me sacanearam no consultório... deixa pra lá, nem quero lembrar.

Filho muito jovem não quer resolver pendengas, e eu, que sempre fui uma mulher objetiva- é verdade- sou prática- tenho sentido cada dia mais horror, uma certa fobia, em enfrentar situações de confronto.
Vida...

A casa:
O jardim está legalzinho, mas preciso de um jardineiro, o meu sumiu. Ontem arranquei raízes de grama. É delicioso, me agarra na raiz e puxo até vir tudo, vem como se fosse uma corda, dá sensação de vencedora- eu venci a grama. Fiquei horas lutando corpo a corpo, houve um momento em que caí para trás, ri sozinha- lembrei de Flávia, minha amiga virtual há anos- a gente ri disto- ela também gosta de jardim. Nem ligo as unhas, faço sem luvas, tem mais graça- é preciso evitar formigas, tem uma preta que arde demais- outro dia me pegou.

Tem aparecido beija- flor por aqui por causa da helicônias. Tadinhas das minhas flores preferidas,as lagartas rasgaram suas folhas- mas deixei pra lá, não mato mais em consideração à natureza e a minha amiga Flávia- ela fica chocada quando conto que esmaguei uma lagarta.

O filho diz que vai cortar a grama, mas no tempo livre vai surfar(diz que é a melhor coisa do mundo- deve ser, deslizar na água, mergulhar, jamais o faria) e namorar- como dizer não faça isso- eu também adoraria surfar e namorar.

É a vez dele, deles. Acho que eu me abandono um pouco pensando nisto- que a minha hora já passou. Onde viver um romance? Só platônicos, à distância... ainda bem que tenho amores perdidos por ai- estou falando de amigos que eu amo, também- não há ninguém que me tire o sono, talvez eu prefira assim, Medo de sofrer? Pode ser, passei a ser medrosa. Ou medo de mudar? Pode ser- sempre tive- faço mudanças externas, mas...

Entrou um camundongo na área de serviço, está, suponho, num armário- colocamos- o filho- uma ratoeira, mas o bicho não está nem ai, ou não está mais ali... os gatos ficaram doidos para pegá-lo- foi assim que o descobri. O bicho é pequenino, ainda bem, se fosse ratazana, eu sairia de casa- tenho horror. Lembrei de Horus Vital Brasil, vou contar:
Ele dava aulas de psicanálise no curso da SPID(Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle) e algumas vezes um ratinho aparecia,ele se mantinha impassível, fingia que não via o movimento dos alunos- eu colocava os pés numa cadeira, outros faziam o mesmo. Ele nada, continuava dando aulas. O Horus era um lord- acho que foi o homem mais requintado que conheci- era natural nele- nada de faz de conta. Bons tempos aqueles de aulas de psicanálise no prédio onde eu trabalhava, bastava descer uns andares. Saudades dos papos com Cinézia. Preciso ir ao Rio vê-la e outros amigos.

Bom domingo para vocês, hasta la vista. Vi estes dias um final de faroeste- ouvi esta frase. Também vi MM cantando sobre um piano, muito jovem, ai vem Robert Mitchell e a carrega ‘à força’. Happy end.

Ontem Shirley Maclaine contracenando com o Robert M. também- ela linda, muito linda, magrinha, corpo delineado- naquele tempo não havia recursos para mexer na imagem. E vi na sexta, acho, “Dama das camélias” com Greta Garbo- ulalá, bela. O que o tempo faz... MM não viveu para envelhecer. Pensei m mim, óbvio, também já fui... deixa pra lá. Dama das camélias ainda comove- o amor é atemporal, os conflitos sociais e familiares ainda perduram, Alexandre Dumas publicou o livro é de 1848 e é algo autobiográfico.

Mon dieu, Billie Holiday na rádio- divina, me comove.
Fui.

Um comentário:

Adriana disse...

Querida Elianne, sinto que é chegada a hora de ir surfar e perder o sono à noite ( e falo por mim, mas se ajudar a solidariedade de uma amiga...).
Eu penso nessas coisas, e penso, se eu fosse viver só esta semana, faria esse monte de bobagens e adiaria a felicidade? Acho que não.
Já viu um filme chamado As férias da minha vida? É uma comédia, não tem nenhum ator estrela, mas tem uma ideia bacana: a de viver agora e não depois. A gente adia por receio e quando vê não vive.
Quando me sinto como vc, leio Drummond...vc já sabe. Um homem que me põe nos eixos.
Em breve tb espero só namorar a surfar...trabalho intensamente para isso...como é bom viver.
Beijos, qrda. Um dia vou conhecer seu jardim e arrancar mato contigo...rs.