Foto daqui
Ontem conheci o Miguel Nicolelis. Fui ao encontro dos blogueiros progressistas do RN.
Eu havia escrito outro dia que Nicolelis estava no Twitter. Eu não duvidei do @MiguelNicolelis – talvez por ter recebido a informação de fonte segura.
Sempre que alguém insinua que o virtual é um espaço cheio de bobagens e sacanagens, respondo que depende de quem usa- sou muito seletiva, e converso diariamente com pessoas muito interessantes.
Pois é, fiquei amiga virtual do Nicolelis e ontem tive o prazer de conhecê-lo num encontro super simpático na Livraria Siciliano no Midway.
O convite era para o nosso cientista falar sobre redes sociais. Nicolelis começou dizendo que falaria sobre algo que não conhece, pois está há apenas 13 dias no Twitter.
É um grande comunicador, em poucos dias conversou com muitos de nós, é rápido no gatilho, com respostas inteligentes e divertidas. Óbvio, que também fala dos projetos, responde sobre questões sérias. Algumas pessoas pedem orientação sobre problemas. Entrei num site onde havia uma entrevista dele e me surpreendi com a quantidade de gente em desespero, pedindo dicas sobre Alzheimer, Parkinson... Muito triste. E ainda há quem critique o cientista, dizendo que temos muito analfabetos, estas coisas... Há muita gente que não gosta de quem gosta do Brasil- ontem ele definiu os blogs progressistas como espaços de gente que ama o Brasil- talvez tenha toda razão- porque os outros torcem para que o país dê errado.
A teia social, como ele prefere à rede- é um conceito muito melhor, principalmente vindo de um neurocientista. Bom, a rede fisgou o Miguel, como ele prefere ser chamado. Logo que entrou algumas pessoas duvidaram, acreditaram ser um fake. Ok., há muitos fakes, mas quem o seguia e conhecia um pouco da vida dele, sabia que “ele é ele” . Miguel brincou muito com esta questão da identidade no Twitter e ontem na palestra usou como fio condutor de sua fala. “Como provar que eu sou eu?”. “Qualquer um pode ser eu, não importa”. E citou algumas coisas que ele disse para nós no TT (twitter), como: sou neto de Dona Lygia, filho de Dona Giselda e torcedor do Palmeiras... Miguel conta que foi fascinante alguém ter duvidado de sua identidade, nunca havia acontecido antes- ele sabia quem era e bastava. E por ai ele segue num papo muito inteligente e divertido. Diz que nós não somos quem pensamos que somos, que nosso self é frágil e não é isso tudo que pensamos ser.
Bom, eu não entrei com questões psicanalíticas- não era hora- mas Lacan, relendo Freud, diz isso. O nosso ser é dividido- somos sujeitos alienados desde o início, desde a primeira identificação- alienados neste sentido de pensar que sabemos quem somos e, no entanto, sermos um mix de influências culturais. O
cientista acrescentaria: e consangüíneas, suponho. Vejam o vídeo aqui.
Fiz uma pergunta que não foi ao ar por falta de conexão. Perguntei algo assim:
A gente sonhou com o impossível, íamos atrás, e hoje vemos os jovens com mais dificuldades, com adolescências tardias, muitos diante de vestibulares com poucas vagas disponíveis, num mercado cada dia mais competitivo e cada dia mais amplo- não sabemos que nova profissão haverá daqui há 3 anos. Citei um rapaz que tentou arquitetura e número de vagas é mínimo. Como orientar um jovem? Como despertar-lhe o desejo de perseguir seu sonho?
Miguel Nicolelis respondeu que ele não deve desistir, não ceda pelo caminho mais fácil, que faça a prova do ENEM e vá atrás do sonho onde for possível- pode tentar em outros lugares do Brasil- do Amapá ao RS.
Falamos também sobre os concursos. Ele disse que quem passa num concurso se aposenta na hora que entra para o órgão público- em troca de segurança, abdica de um provável sonho. É preciso arriscar.
Outro dia ouvi alguém dizendo que a nossa geração- os mais velhos- vimos os pais melhorarem de vida aos poucos, crescemos sentindo as mudanças lentas do padrão de vida dos pais.
Nossas férias, quando pequenos, eram na casa de um tio na praia, depois um hotelzinho, mais tarde uma casinha própria numa praia próxima. Hoje as crianças nascem de pais mais velhos- muitos já têm um padrão de vida alto- e acreditam que ao sair da Universidade- ou ao entrar na vida adulta- deveriam estar com casa, carro, celulares de última geração, cursos de línguas... coisas almejadas por todos no mundo capitalista.
Bom, a vida é muito mais difícil do que desejaríamos que fosse e é preciso saber superar os obstáculos- não desistir.
Miguel Nicolelis não precisa provar quem é, precisa mostrar por atos quem é. Foi isso que ele disse, eu entendi.
Para vocês verem que nem tudo na vida do Nicolelis é fácil, pelo contrário. Leiam aqui.
2 comentários:
Também queria ter conhecido o Nicolelis, que legal.
Vou segui-lo no twitter, tentar entrar em contato.
Beijo mãe!
gostei do cientista, falou coisas realistas pra gente como a gente, que sempre teve que batalhar pelas coisas, que não vem de mão beijada.
muito pertinente o seu questionamento, pra nós com filhos é sempre uma dúvida e angustia. Ele tá certo. E digo que temos que ajudá-los a encontrar o seu "sonho", e aí sim persegui-los e não desistir.
Converso com vários jovens e alguns deles querem ir infelizmente pelo caminho do status, que garanta um bom emprego e altos salários.
Enfim, beijos
madoka
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