Às sextas-feiras, ele chegava com um botão de
rosa vermelha. Apenas um. Podiam ter brigado pela manhã, voltava do trabalho
com a rosa. Ela sentia que a flor representava algo. Ele lavava o vaso, trocava
a água e substituía a flor, num ritual que durava sete anos - o tempo de
casados. "Sete, número cabalístico", ela pensava.
Nesta sexta chegou sem a flor. Deu um beijo na sua
testa, perguntou pelos filhos, tomou banho e fechou-se no quarto. Ela aguardou,
não queria reiniciar a briga da manhã, mas como demorava muito, resolveu bater
na porta. Ele não queria abrir. Ela insistiu. Encontrou-o aos prantos, era
quase um uivo de dor.
- "O que foi?" Perguntou adivinhando a
resposta.
- "Câncer, é câncer".
Abraçada ao marido, sentia-se confusa. Nunca tinha
visto homem chorar. Desconhecia aquele menino frágil que se agarrava a ela.
Será que aprenderia a amá-lo?
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