sexta-feira, julho 16, 2010

Miniconto: A rosa vermelha










Às sextas-feiras, ele chegava com um botão de rosa vermelha. Apenas um. Podiam ter brigado pela manhã, voltava do trabalho com a rosa. Ela sentia que a flor representava algo. Ele lavava o vaso, trocava a água e substituía a flor, num ritual que durava sete anos - o tempo de casados. "Sete, número cabalístico", ela pensava.
Nesta sexta chegou sem a flor. Deu um beijo na sua testa, perguntou pelos filhos, tomou banho e fechou-se no quarto. Ela aguardou, não queria reiniciar a briga da manhã, mas como demorava muito, resolveu bater na porta. Ele não queria abrir. Ela insistiu. Encontrou-o aos prantos, era quase um uivo de dor.
- "O que foi?" Perguntou adivinhando a resposta.
- "Câncer, é câncer".
Abraçada ao marido, sentia-se confusa. Nunca tinha visto homem chorar. Desconhecia aquele menino frágil que se agarrava a ela.
Será que aprenderia a amá-lo?

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