segunda-feira, março 15, 2010

E-mail em destaque




Foto Apolônio Hilst(1896-1966)


Imitando meu amigo Eduardo vou colocar trecho de um e-mail que recebi de uma amiga paulista:

"Lindo poema! Acho que nunca contei que a Hilda Hilst e eu somos da mesma família, ainda que longe, e da mesma cidade. O pai dela era um intelectual "caipira", extremamente interessante. Morreu com o diagnóstico de esquizofrenia, mas hoje imagino que era um bipolar I, ou talvez um esquizoafetivo. Era muito amigo de um primo do meu pai, médico, que contava sempre muitas histórias interessantes...
Coloco um site sobre Apolonio de Almeida Prado Hilst, se você tiver curiosidade.

http://www.angelfire.com/ri/casadosol/apolonio.html "


Encontrei este poema do pai de Hilda Hilst no site.
Dizem:
"Um poema bem torneado em que ele compara a poesia parnasiana, a romântica e a futurista, com restrições às duas primeiras e clara preferência pela última. No entanto é significativo que o poema nada contenha da liberdade que reivindicava.:"

É alta e loira. E nem ouro e altura

estilizada.

Orgulhosa e soberana,

tem pose, gestos, figura

e formas de escultura

parnasiana.

Mais nada.

De olhos cor da cinza, tristonhos,

olheiras, spleen ou sono,

não sei se filha dos meus sonhos

ou figura de abandono.

Dizem que tem uma paixão atlântica

por certo moço louro e nunca

lhe diz nada.

É uma balada

romântica.

Não sei da cor, não sei da altura,

não sei do gesto.

Há nela tal mistura

de traços, cor, formas, posturas,

chipre e sândalo

que a estes meus olhos de burguês honesto

é um escândalo

de formosura!

É a mais mulher por ser a mais artista:

um poema futurista...

"Quem seria esse jovem agricultor ilustrado que, pitorescamente interessado em arte, buscava um ponto de contato para comunicar seu descontentamento com a situação da poesia? Outras cartas seriam disparadas mais tarde, antes e depois da Semana, todas datadas da Fazenda Olho da Itapuí, onde Apolônio cultivava 200 mil pés de café. Menotti logo saberia que se tratava de um fino intelectual do mato - filho de um francês de Lilly casado com brasileira -, alguém mais interessado na poesia que no café, particularidade que lhe custaria caro na quebradeira de 1929. [1]

Pelo lado materno Apolônio era um Almeida Prado, clã que dominava Jaú econômica e politicamente desde o advento da República. A cidade, em 1920, reunia uns 15 mil habitantes ao longo de suas 29 ruas. Já em 1894 todas as casas tinham água encanada e serviço de esgoto; o telefone e a eletrecidade vieram em 1906, em 1908 o calçamento das ruas. Por volta de 1928 circulavam em Jaú mais de dois mil automóveis, proporção altíssima mesmo para os padrões europeus da época. Apesar da precariedade das estradas o correio chegava diariamente. Apolônio foi com certeza um dos primeiros assinantes provincianos de Klaxon, a revista que os modernistas desovaram logo após a Semana, como atesta um rascunho de carta a Oswald de Andrade encontrada entre seus papéis:

Oswald. Alegria, saúde, Klaxon, que Deus exista. Klaxon existe. Klaxon vive. Klaxon é. Não precisa mais de paus nem de pedradas para ser. (...) Klaxon tem asa, é Vida, é Hoje - aeroplano, telégrafo, cinema. (...) Veio trazer-me o bom-dia do século XX.

Mais que as cartas (poucas) que escreveu aos arquitetos da Semana, a maioria delas aparentemente sem resposta, melhor..."

Mais aqui

2 comentários:

Anônimo disse...

Diz,

interessantíssimo post e história! Vou aguardar a volta de um amigo meu,que mora em Jahu, para falar sobre o assunto!

Obrigado pelo link!

Bjs e continue com ostagens como essa!

angela disse...

Muito legal essa "descoberta".
beijos