quinta-feira, fevereiro 04, 2010
Aquele conto que foi traduzido, lembram?
Picasso
O homem menos estranho
Pega o primeiro ônibus que para no ponto, o vento corta seus lábios. Há dias não vê a rua, não quer.
O ônibus está abafado, gosta daquele cheiro de gente, tanto tempo não vê gente. Havia lugares vazios nos últimos bancos, escolhe o que tem o homem menos estranho e senta, perna encostada na perna do homem, nem viu a cara, não importa. A perna revestida de seda dá sensação de segunda pele, desliza, sente prazer em roçar disfarçadamente no estranho. Fecha os olhos, inspira o ar misto de cheiros. Final do dia, cada cheiro uma história, de olhos fechados adivinha que o homem ao lado tem mulher e filhos a espera.
Faz isto sempre, pega um ônibus qualquer, escolhe os dias cinzentos, aqueles que intui não suportará ficar tão só. Estar colada ao homem a esquenta, ele não se afasta, mas pressiona mais a coxa, coxa apertada contra coxa. Finge não sentir a mão que sobe pela sua perna, deixa que o homem a toque, se arrepia, não consegue se mexer, é preciso dizer não, abre os olhos, ele se aproxima e a beija violentamente, morde, machuca, ela não sente prazer, nem medo, apenas vida.
Este conto foi selecionado num concurso de contos do site italiano www.domist.net e foi traduzido para o italiano. Veja aqui.
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2 comentários:
Que legal! Parabéns.
O conto é lindo e cheio de vida desesperada em um pequeno texto.
Olá. Convidamos vc a nos visitar e ver o post da paradisíaca “ Ilha de Zakynthos ou Zante “ na Grécia...
www.viagemafora.blogspot.com
bjs
Antonio & Ellen
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