sexta-feira, novembro 06, 2009

Minha mãe, Helena, Eni e eu



Fotos de Helena Kolody, foi linda.


Tenho que sair, escrevi às pressas, os erros, perdoem :)

Realmente tenho lembrado mais os sonhos, ou seria por que conto aqui e por isso retenho. Estes dias tive um sonho interessante que se esvaiu.
Esta noite foi brabo.
Encontrava minha prima Ana e ao perguntar: Todo bem? Ela respondeu: Não, mamãe morreu.
Ai eu digo: Poxa, a vó Lulu morreu, tão querida.
Parênteses: vó Lulu não é a mãe de Ana, mas a avó, que já morreu- a mãe está viva com mais de 80 anos- como a minha- são da mesma geração.

Depois sonhei com Chico Buarque, que ele estava por perto e que nós nos encontraríamos num grupo que antes já havia se reunido. Eu lhe dizia que mais tarde nos veríamos. Ele entra numa salinha para imprimir letra de música.
Eu estava à espera de Ana Maria, que, como eu, é apaixonada por ele. Quando morava no Rio quando ele aparecia na TV uma avisava a outra por telefone.
Ana é amiga desde o início de 70. Meio irmã- talvez mais que irmã- porque com ela não há conflitos  só afeto.

Bom, o Chico depois desistia de esperar as pessoas- ficou tarde. Não fiquei triste.

Um detalhe que ficou na minha memória: na sala onde ele estava havia alguém, um homem, com o cabelo preso em mechas com alicates pequeninos- como grampos- mas eram mini alicates.

Sonhei que minha mãe havia morrido, eu chorava diante do espelho e pensava que agora seria a minha vez. Dizia para minha irmã que precisávamos avisar os amigos todos dela e ela respondia que a mãe já não tinha amigos e era melhor não avisar ninguém. Eu pensava que seria pior avisar quando a pessoa telefonasse, seria mais triste.
Olhava a correspondência de minha mãe sobre uma cômoda e pensava na quantidade enorme de coisas que deixou.

Minha mãe está voltando para Natal, chega domingo e virá passar uns dias aqui em casa com minha irmã.

Acordei e pensei nas cartas que minha mãe tem. Uma quantidade enorme. Era amicíssima de Helena Kolody, lembro da letrinha dela no envelope branco que chegava toda semana. Antes, em Curitiba, era uma festa quando ela nos visitava. Minha mãe fazia os doces que ela gostava, reunia as amigas mais próximas. Helena com aqueles olhinhos muito azuis, sempre a voz baixa e delicada. Nasceu em 12, meu pai era de 13, minha mãe é de 26, logo, era da geração do meu pai- alguns anos mais velha que a mãe – foi professora dela. Morreu em fevereiro de 2004, meu pai em setembro do mesmo ano. Tenho um poema dela para mim, fez quando eu era menina. Está no meio das minhas cartas guardadas. Agora não lembro... eu sabia de cor. Vou procurar.

Penso que perdi o convívio com ela, fui para o Rio aos 16 anos. Elas eram amigas de Eni caldeira, uma outra intelectual interessantíssima. Eni reencontrei no Rio, éramos vizinhas em Ipanema- olhava para mim e dizia: Tão linda, lembra Léa mocinha. Eu lhe dizia: Adoro a encontrar, sempre levanta meu ego. Ela sorria. Andávamos de braços dados, ela velhinha, mas muito elegante, sempre com uma echarpe- eu também adoro.
Ela sempre acompanhada por Noêmia, fiel escudeira. Queria conviver com pessoas assim ainda hoje. Onde? Sei que existem.
Eni trabalhou com Anísio Teixeira, criou um método de ensino através da arte. Deve ser usado por ai. Pois é, minha mãe também é muito interessante, quem conhece sabe. Mulher forte, inteligente e cultíssima. Muitooooo mais que eu.

Tantas coisas...Tantas cartas de Carlinhos... lindas, falando de NY, Portugal, descrevendo as cidades com seu olhar sensível.

Penso o que será feito disto, tenho muitas cartas, fotos, desenhos, escritos em cadernos, aqui no computador... OK. Eu sei que não vou morrer agora, mas já pensei nisto várias vezes. É apego? Yes, mas também é uma sensação de que há papéis preciosos que ninguém viu- como os poemas e cartas de Pimenta, o amigo que morreu na década de 70 e me amava- amor imaginário idealizado e nunca possível. Já falei nele, principalmente no início do blog, em março de 2005. Tenho um apasta enorme com poemas e cartas do Pim. Ai ai ...

2 comentários:

Anônimo disse...

a história do Pimenta, tão bonita e triste. Coloca no blog os poemas e cartas dele também. Ou já pensou em fazer um livro em homenagem a ele?
bjs
madoka

JOAO PAULO disse...

Olá,

Sou professor do Instituto de Educação do Paraná e aluno do mestrado em História da Educação na UFPR.
Minha pesquisa é sobre a trajetória da professora Eny Caldeira, que como bem coloca em seu blog foi uma mulher de muita cultura e que viveu uma vida dedicada à educação. Tenho 31 anos e moro há apenas 5 anos em Curitiba (sou paulista).
Vasculhando informações da professora Eny achei teu blog.

Você tem mais informações sobre Eny Caldeira (fotos, cartas, etc.) ou alguma pessoa da família que tenha interesse em recuperar a sua memória ?

Meu trabalho será apresentado em outubro do próximo ano e posso garantir que meu único interesse é mesmo o de valorizar a memória dessa intelectual, pouco conhecida em sua própria terra.

Obrigado

João Paulo
jpaulodesouza@hotmail.com