sexta-feira, julho 03, 2009

A China na FLIP



FLIP 2009 dia 2 de julho

Perguntaram para Xinran: A Sra. se sente outsider na Inglaterra, onde mora com o seu marido inglês? Ela respondeu algo que eu não havia pensado.

Parênteses:
Ontem o CCalligaris também disse algo que eu não havia pensado sobre nós e as crianças, leiam no post de ontem. Pois é, estamos sempre aprendendo.

Bom, Xinran disse que não se sente muito chinesa na China e que fora do seu país não é reconhecida com sua história- algo assim, vejam ai.
Explico: na China tinha trabalho, ajudou muitas pessoas(ela disse assim), um reconhecimento público, fora da China é uma desconhecida.

Entendi isto, pode ser que tenha entendido errado. Ela diz que nem os chineses que vivem na Inglaterra a reconhecem.

Eu me identifiquei pensando que quando a gente se muda, recomeça tudo e se não há espaço para nos mostrarmos, hoje ninguém tem tempo para olhar o outro, ficamos num vazio, sem chão. Falta-nos referências. Há uma sensação de desrealidade. Vem a tristeza, a nostalgia, como se a solução estivesse lá onde deixamos a "vida toda". Eu sempre digo que vivi muinha vida toda no Rio, não é exatamente isto, mas é como sinto- lá fui feliz, tive filhos, fui infeliz, me separei do pai deles, amei muito, namorei muito, trabalhei bastante, tenho um nome, me reconhecem na rua, no meio psicanalítica, sou respeitada.

Agora quando eu digo: Sou psicanalista, trabalhei em consultório 30 anos no Rio.
Pode soar, para alguns, como autopromoção, mas não é, é tentativa desesperada de ser vista com uma história, passos percorridos há meio século.

Como fazer para que te vejam, se não há interesse nos outros?

Quando faço palestras, muda bastante o olhar das pessoas para mim, há respeito, até uma certa reverência- eu me sinto ótima, fico feliz, me dá muita energia.
Por que não faço mais palestras? Ando desanimada para ir atrás, e precisaria de uma pessoa para ir vender meu peixe, é desagradável falar de você. Há sempre um ar de desconfiança. Será que ela é boa mesmo?
Eu queria ter uma assessoria, falo sério, uma secretária eficiente...

"Fãs de Chico vão à FLIP mesmo sem ingresso". Deu no G1
Acrescento, mesmo sem ter lido nenhum livro dele. Conheço gente que não quer ler, já basta o compositor. Ele quer ser visto como escritor, eu já o ouvi dizer isto. É interessante o desejo das pessoas. Não basta ser o mito Chico Buarque é preciso ser mais, ser o escritor Chico Buarque. Pensei agora no pai dele. Perhaps, pois é, o pai grande intelectual, escritor, e mentor do filhos.

Conheço um cara famoso, e respeitadíssimo como um dos intelectuais na nossa época, ele não se contenta com isto, quer mais, quer ser reconhecido como escritor.

Chico é um grande escritor, podem crer, os livros não são como canções fáceis de agradar, mas são bons e não para todo leitor. Eu, por ex. não leio o Saramago, que dizem ser maravilhoso, não gosto do texto prolixo dele, li um livro só. O que não quer dizer nada, ele é um excelente escritor, eu sei. Clarice Lispector também não é para todos. Os meus textos tambem não são para todos, são pesados, densos, há quem não suporte- entendo. Um amigo querido, diz que há dias em que passa batido aqui, não aguenta :)

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