domingo, novembro 23, 2008


Paris



Minha amiga diz que hoje está nevando um pouquinho lá. Meu coração está lá e cá.

Curiosidades sobre Paris: os motoristas andam muito devagar no centro. Não vi carros em alta velocidade, há gente por todos os lados. Em Portugal o limite de velocidade no centro é de 50 km. Aqui eu ando à 70 km numa avenida super movimentada que corta o bairro onde eu morava. Em alguns trechos pedem 50 km. Adoro dirigir.
Os pedestres parisienses, como os cariocas, não respeitam o sinal, ultrapassam no sinal vermelho, se não vier carro- se estiver alguém esperando o sinal abrir, esteja certo de que não é de lá. Até eu entrei no esquema. Os motoristas esperam a gente atravessar, são gentis. Diferente daqui, oh! Acredito que sejam assim pelo hábito com turistas, imaginem se atropelam um inglês, um americano...problemas à vista. Muitas vezes aconteceu de eu estar atravessando uma rua e o motorista esperar e me cumprimentar- alguns de moto.
Nos ônibus existe um letreiro luminoso dizendo quantos minutos faltam para o ponto x. Legal isto. O tempo todo diz onde está passando e quanto falta para o destino final.

Paris foi a cidade onde mais ouvi cumprimentos, eles se cumprimentam o dia todo, me senti em casa. Adoro dizer: Bom dia! Boa tarde. Sempre fui assim, me faz bem, acho que é de família, sempre nos cumprimentamos em casa e aos vizinhos, porteiros...Para mim ninguém é invisível, por isso detesto quando alguém me ignora, fico intrigada no porquê. Maluquice.

Há uma rua lá, Rue Beaubourg, onde caminhei em direção ao Centro Pompidou, cheia de lojas de chineses, ou seriam coreanos? Vendem bolsas e acessórios, centenas, milhares, é atacado. Demorei para entender, estava achando ótimo, vi algumas bonitas, só depois vi a placa com o limite para compras, na maior parte- cem euros. O que eu faria com tantas bolsas? Ocupam espaço. Eram baratas, fakes, óbvio, mas bonitas. Ali eram muito secos, não cumprimentavam, nem respondiam, provavelmente também não me entendiam.
A única vez que não entendi patavina do que alguém dizia lá, foi no diálogo com um indiano :) hihihi Era impossível entendê-lo, eu queria um cartão para o celular, ele me dizia algo, mas... entendi quando disse que alguém viria em breve e que falaria comigo em espanhol. Foi isso que entendi, mas agradeci e caí fora- foi numa estação de metrô, acho que a do Louvre, foi no dia em que fui ver a expo do Picasso no Grand Palais. E olhe que eu entendia o francês do africano, marido da minha amiga, que é do Congo e fala com sotaque. O Hig era tão gentil, falava devagar, me explicava, foi um amor comigo, tenho saudades dele também, me lembrava muito meu amigo Marcão, às vezes choro quando lembro Marcão, tão querido. Preciso contar da comida africana que ele fazia, um dia conto.

Quase todos os últimos dias em Paris eu chorei, acho que era despedida. Um dia eu chorava no ônibus, não segurava as lágrimas, um senhor oriental me olhava discretamente, quando se levantou para sair, me cumprimentou. Foi tão legal, era um velhinho japonês, eu acho. No avião chorei muito e o cara do meu lado me ignorou de tal forma que nem cumprimentar conseguiu- era um grosso, tinha passaporte espanhol, respondeu ao fiscal. Levou bananas e sanduíches enormes, logo que sentou comeu-os. Tive nojo dele. Viajamos mais de 9 horas sem trocar uma palavra, eu tentei, lhe ofereci chocolate, não aceitou.

Tenho uma história divertida que se passou no elevador do prédio da Syl, mas conto outro dia hihihi No elevador só cabem duas pessoas...

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