sábado, julho 19, 2008

Mini conto: A secretária eletrônica




A secretária eletrônica

Ao amanhecer fazia calor. Revirou-se na cama. Que dia seria? Sábado. Nenhum compromisso. Desejo de se deixar até...
Levanta quando o corpo pede. Insiste para o gato deixar a languidez, finge alegria ao chamá-lo: “Vem, meu querido, vem comer.” Ele vem se espreguiçando. Ela pensa que hoje não se alongou. Dá comida e água fresca ao gato.
A casa silenciosa. A água ferve enquanto abre as janelas. Lá fora o vizinho lava o carro, como todos os sábados.
Olha a piscina azul e deseja mergulhar no azul. Sempre desejou mergulhar, mas nunca afundou na água por medo. Tem tantos medos. Também tem tanta força.
Enquanto o café côa, chora. Lembra dele. Nunca mais ouvirá a voz que tanto amou e a tranqüilizou. Poderia ligar para lá. Tem medo de ouvir a voz dele na secretária eletrônica e acreditar que ainda vive, apenas a deixou.

PS: queria viver numa casa assim. Impossível ser triste quem vive assim, não é?
Minha casa será salmão claro, janelas brancas de madeira, espero ser mais feliz lá.

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