sábado, junho 28, 2008
Não importa a sombra!
Antonio Canova- Louvre.
Estes dias sonhei com o príncipe. Ele falava francês, eu não entendia, ele se aproximava, repetia. Eu disse:
-Só você mesmo, é tão gentil...
Ele me dava um beijo na bochecha.
É assim que eu gosto dele, com beijos na bochecha.
C'est vrai.
Sonhei, num outro dia, que eu dizia, para meu amigo que morreu, ao telefone, que a casa ficava no lado da sombra. Ele caia na risada e dizia:
-Não importa isto!
No sonho eu não me aborrecia com a frase dele, pelo contrário, eu o via sorrindo- tinha o sorriso lindoooo.
A imagem me aliviou a dor.
Agora penso que pode ter várias leituras, a gente sabe disto, uma delas seria de que ele, morto, não importa se tem sombra ou não. Era muito tranqüilo quanto à morte, falava com naturalidade.
Eu lhe dizia:
- Se cuide, por favor, minha vida vai ficar pior sem você.
Ele ria e dizia que fazia a parte dele, o resto era com os médicos. Ah! os médicos... ai ai
Eu havia pensado, também, que como na última vez, ou penúltima, que nos falamos, eu falei bastante da casa- metragem, localização perto da duna, etc e tal. Ele havia me orientado na compra, sobre terreno, sobre pegar recibos. Nos conhecíamos desde sempre, sabia que eu não tenho prática em compra e venda. Vou sentir muita falta do meu querido amigo quando precisar decidir estas coisas de novo. Havia um interesse natural nele em me ajudar. Por me amar, e por ser uma pessoa que me acompanhou desde 80.
Não havia necessidade de muitas palavras. Estávamos sempre perto. Vocês sabem que eu era mais espontânea, óbvio, ele não, era contido, mas sempre amoroso.
Quando li o texto do Contardo na quinta feira, lembrei dele- do seu silêncio amoroso.
Ai ai
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