sábado, maio 31, 2008

"...mi alma no se contenta con haberla perdido"

Eu cantei estas últimas semanas, e ainda canto, sem voz,( calou):
"Eu sei que vou te amar"...

Eu chorei sem saber porquê. Me senti mal, pensei que fosse morrer. Precisei parar a aula de francês, pedir água, enquanto uma angústia me consumia. Na volta para casa chorei no carro sozinha. De tarde, desmarquei o que tinha para fazer e deitei.
Chorei e dormi. Dei uma parada, no meu rítmo acelerado, sentia que se continuasse ansiosa, sem saber porquê, morreria.
Mas eu não morri, só por dentro, uma parte, a outra contínua fazendo tudo que tem que fazer.

Ontem foi aniversário de Luc, meu filho mais velho, fez 20 anos. Teve festinha aqui até quase duas horas, uma moçada bonita e saudável. Fiquei contente por ele.
Chorei ao acordar de manhã pensando que o dia em que ele nasceu foi um dos mais felizes, senão o mais da minha vida, e que, agora, vivo os dias mais tristes da minha vida. E peço aos deuses que protejam meus filhos- arrimos. Gracias a la vida por me ha dado hijos.



Vinte Poemas de Amor
(Se você não lê em espanhol, leia aqui a tradução)
Poema 20

PUEDO ESCRIBIR LOS VERSOS...

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Escribir, por ejemplo: "La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos".

El viento de la noche gira en el cielo y canta.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.

Ella me quiso, a veces yo también la queria.
Como no haber amado sus grandes ojos fijos.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.

Oir la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocio.

Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.

Eso és todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.

La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Ya no la quiero, es cierto, pero cuanto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.

De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.

Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.
Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.



ou aqui:

Posso escrever os versos mais tristes esta noite

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: “A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros, ao longe”.
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu o quis, e às vezes ele também me quis...
Em noites como esta eu o tive entre os meus braços.
O beijei tantas vezes debaixo o céu infinito.
Ele me quis, às vezes eu também o queria.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não o tenho. Sentir que o perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ele.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Que importa que o meu amor não pudesse guardá-lo.
A noite está estrelada e ele não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
Minha alma não se contenta com tê-lo perdido.
Como que para aproximá-lo meu olhar o procura.
Meu coração o procura, e ele não está comigo.
A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores.
Nós, os de então, já não somos os mesmos.
Já não o quero, é verdade, mas quanto o quis.
Minha voz procurava o vento para tocar o seu ouvido.
De outra. Será de outra. Como antes dos meus beijos.
Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos.
Já não o quero, é verdade, mas talvez o queira.
É tão curto o amor, e é tão longe o esquecimento.
Porque em noites como esta eu o tive entre os meus braços,
minha alma não se contenta com tê-lo perdido.

Ainda que esta seja a última dor que ele me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.

[Pablo Neruda]

Nenhum comentário: