sexta-feira, abril 11, 2008

O blog e eu II


Transparência. Posted by Hello

Este blog anda muito devagar. Poucos amigos. Eu acho que como eu não quero me abrir muito, de uns tempos para cá, está mudando o perfil e sumiram alguns amigos. Tenho visitado poucos amigos, ando cansada.
O blog está numa fase de mudança. Eu estou em fase de mudanças. Mas eu gostava mais de antes, quando eu fazia um diário, quando eu tinha um 'amor' que me fazia transbordar, quando colocava mais coisas minhas e menos informações. Eu sei que muitos não lêem blogs que não são pessoais, a Franka é uma.

Abri demais, muita gente lê, agora deu grilo.
Quem lê? a maioria vem gente do Google, 3 anos de posts diários acabam trazendo muita gente que não conheço.
Sinto falta dos amigos de sempre.
Ok, vocês estão em algum lugar, alguns eu vejo no 'site meter', outros dizem um alô, lêem via e-mail, eu tenho mania de enviar coisas por e-mail...Mas quem me lê?
Já pensei em dar um tempo, pensei em mudar de lugar, fiz outro, que esqueci até o nome. Eu amo este blog.
O nome poderia ser outro, mas eu fiz tudo até aqui com tanto cuidado que dificilmente deletaria o espaço- não consigo imaginar jogá-lo pelo espaço.
Mas tenho pensado nele, tem muito vídeo, muito cinema, menos contos e menos ainda minhas introspecções.
Será que vou fazer outro e botar pra quebrar? e avisar só os íntimos.
Sei lá, tudo mudou, dentro e fora. Algumas mudanças são boas, outras tão doídas que...


Isto aqui abaixo eu escrevi em 2005, ainda vale? não sei, eu era mais solta, mais transparente.

No momento em que se cria um blog ele passa a controlar sua vida. Você faz o primeiro post insegura, mas radiante. Não sabe como usar o blog, pensa que sabe, mas não sabe, a não ser que você o use profissionalmente.
Coloca o primeiro post e fica ansioso esperando que alguém apareça. Vai tateando na rede, procurando pares, gente com quem tenha afinidade, fecha rápido blogs que não tenham nada a ver com você, fica feliz quando encontra alguém que fale a mesma língua, nestes deixa um comentário, um alô, aguardando o retorno.
Já falei sobre isto, alguns dão retorno, outros não, e você fica se sentindo o próprio bobo da corte, com vontade de apagar seu comentário lá no blog do outro. Fazer o quê? Foi “demais” como diz o Barthes, agora agüente, afinal vai acabar percebendo que estas pessoas que estão ali atrás dos louros, mas incapazes de um gesto de delicadeza- generosidade- não são tão bacanas como você pensava. Vai tecendo sua teia com aqueles que valem a pena, “c’est la vie”.
Durante um tempo você ainda vai querer retorno daquela pessoa – do outro inatingível, depois passa e vê que foi uma bobagem insistir, deixe para lá e diga como o Warhol: “E daí?” *
Aos poucos você irá descobrindo a sua turma e muitos te descobrirão, a internet para mim, que sou iniciante, é sempre surpreendente, às vezes assustadora.
Mas, voltando ao blog te dirigir, eu comecei colocando um artigo do Calligaris sobre Michael Jackson, um conto do Raduan, outro conto, e percebi que as pessoas não querem ler artigos dos outros no nosso blog, te chamam de preguiçoso/a.
Coloquei um poema do Pimenta, meu amigo poeta, um poeminha meu, uma reflexão sobre a blogolândia, umas historinhas do Drummond, amigo querido, uns trechos de palestras, etc e tal. Acreditava que faria do blog um espaço de debate sobre educação de filhos, sexualidade, mas não senti receptividade, quando posto alguma coisa com sexo, meus caros amigos blogueiros, ficam caladinhos, fico sem saber se gostaram, será que eu, uma senhora, assusto quando falo de sexo? Sou uma senhora com cabeça de jovem, podes crer. O único que se levantou a favor do sexo aqui foi meu querido macaquito Simão, que está viajando, e não tem me trazido alegria. Simão é um cara generoso, eu não o conheço pessoalmente e está sempre me mandando recados super simpáticos. Como não gostar de uma figura assim? Eu adoro o Simão, ele nem vai ler isto.
Algumas manhãs eu estou super melancólica, eu já fui muito pior, e tenho vontade de pedir colo aqui, mas sinto que poucos querem te ver assim, é um espaço para dividir coisas leves, bonitas, nada de muitas nuvens e tristezas.
Os comentários destes dias me levaram a pensar estas coisas, vocês esperam a continuação da história da vizinha, e eu fico a pensar como vocês me encaminham para um caminho que eu não trafegava quase nunca, eu sempre escrevi poemas de amor, mas nunca crônicas, a primeira foi aqui lembrando Ipanema aos domingos,
“Hoje é dia de praia” fez muito sucesso, enviei para amigos não blogueiros Ipanemenses que adoraram.
Pois é, meus caros amigos, vocês estão forjando uma escritora, coisa que eu disse no inicio do blog que não pretendia ser. Já começo a gostar de escrever mini contos e crônicas, vocês me induzem a isto. Eu não disse que o blog nos dirige? Estou perdendo o controle. Socorro, eu que sou ex-neurótica obsessiva** não sei viver sem o controle nas mãos.

*"Às vezes as pessoas deixam que os mesmos problemas as tornem infelizes por anos à fio, quando deveriam dizer apenas e daí? Essa é uma das minhas expressões favoritas; e daí? minha mãe não gostava de mim. E daí? Meu marido não faz amor comigo. E daí? Não sei como consegui sobreviver aqueles anos todos, antes de aprender esse truque. Custei muito a aprendê-lo - mas uma vez que a gente aprende, nunca mais esquece".
Dos diários de Andy Warhol. Copiei do blog da Marina W.

**neurótico obsessivo é uma expressão freudiana para isto que hoje chamam, como se fosse novidade, TOC-transtorno obsessivo compulsivo.

Se você é como eu e adora ler sobre blogs, entre nos meus arquivos e leia o que escrevi antes, tem vários textos falando das relações virtuais.

Bom dia!

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