quinta-feira, janeiro 10, 2008

Mini conto A escolha/ sem revisão

Acabo de fazer. Pensei numa imagem, mas acho que algumas histórinhas dispensam imagens, não acham? Pedem corrigir, viu? agradeço.


A escolha

Olha-se no espelho. O corpo magro deixa costelas expostas. Passa a mão no peito antes delineado. A pele sem viço, o nariz maior. Há manchas espalhadas, "manchas senis", disse o médico. Não há o que fazer.
Ele ri, vê os dentes amarelados e mal tratados. Ri mais ainda. Tantas possibilidades, tantas mulheres o desejaram... Ele nada. Travado. Esperava mais e mais delas. Ria, ria do amor delas. Todas loucas. Loucas de amor. Ele se escondia, se fazia de morto diante do fogo feminino. Elas enlouqueciam. Desesperadas se jogavam implorando afeto.
Uma delas se jogou, literalmente, pela janela. Olhou o corpo na calçada, a mancha de sangue enorme, e pensou: “Ela poderia ter esperado chegar em casa, a filha da puta me complicou. A louca, se jogou nua, nem uma roupa vestiu".
Ele lembra bem, ela levantou da cama e disse: "Não agüento mais, vou me matar". Ele disse:"Duvido..." rindo. Ela abriu a janela e voou. Não acreditou na fala dela, achava que todas fossem histéricas. Esta foi até o fim.
Não tem coragem para alçar vôo, ele pensa. Terá que esperar a morte, assim, definhando.

Nenhum comentário: