sexta-feira, dezembro 14, 2007

E nada /sem revisão

Chagall maravilhoso! Adoro.


E nada

Ela pediu um abraço, ele disse: "Ah! sempre o abraço, quer sempre mais..."
e a envolveu.
Ela o viu colocando o casaco em silêncio. Fechou a porta e jogou-se no sofá. Não se lavou nem chorou desta vez. Encolheu-se no espaço exíguo e dormiu.
O sol ainda não nascera quando despertou. Tinha fome. No frio do amanhecer, pensou nele. Uma faca amolada a cortou. Queria lhe dar o presente que fez- míninos caracóis num frasco de vidro transparente. Transparente como ela, ele pensaria. Esqueceu o pacote envolvido no papel de festa. Não se lembrará mais, ela sabe.
Ela marcava os encontros, ele apenas acedia. Muitas vezes dizia: “Mais tarde te ligo, assim que for possível, irei". E nada, nem uma palavra.
Há dias não o vê. Lembra sua fala, sua voz, tem medo.
Sabe que ele não virá atrás dela.
Ela não chora, está seca.

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