sábado, julho 07, 2007

Eu não preciso de você, sua tola! (Atualizado, mas sem revisão)







Uma mulher jovem e bonita, vestido leve de verão, chapéu, um sorvete na mão, entra no pequeno quarto de um homem, que fuma deitado.
Diz dando uma volta sobre si mesma, faceira:
- C'est moi.
-Eu sei que é você.
E ele começa a falar sem parar, ( um cigarro no canto da boca), que sabia que era ela, é uma tola, tinha certeza que ela voltaria, voltaria para pedir perdão, sabia que ela não vive sem ele, que é idiota, que todas as mulheres são idiotas. Desde o começo sabia que ela voltaria, tinha certeza que ela deixaria o outro.
"Ele é um canalha,conheço, é o pior dos canalhas. Não sabe transar...coloque o joelho aqui...O que fazem juntos?"
-Nada. Ele me toca. Ela responde.(uma das poucas falas dela).
Ele fala caminhando no quarto pequeno, deita-se de novo. Fala sem parar.
Ela, coquete, ouve sem interromper com leve sorriso, como se não o ouvisse. Refresca-se no pequeno ventilador, levanta o vestido para ventilar as pernas, faz um carinho nos ombros dele. Num certo momento, ela vai até a janela e joga o que restou do sorvete. Depois ouve-se uma buzina, ela olha, há um homem no carro à espera. Mas ela continua ali, ele falando sem pausas.
Atrás de um rosto está uma alma, o importante não é o amor, nem a guerra, nem o dinheiro, nem as mulheres, nada, apenas as sutilezas importam.
"Sabe o que Picasso disse para Cocteau? que por milagre não derretemos na água."*
No final ele inverte o discurso e diz que não vive sem ela, que precisa dela, que ela é surpreendente, mas precisa de um pouco de inteligência. Mulheres são idiotas por definição.
Diz que mulheres devem apanhar, "o certo é bater".
Diz que vai fazer cinema, a arte ilusória...
Estou chateado, não. Não estou chateado. Estou desamparado...vou me matar. Sou um covarde, um lixo".
Ela diz uma frase que eu perdi algo com "chercher'', pega algo(uma escova de dentes?) e sai.
Encontrou o que queria e saiu.

FIM

PS: *Ou foi Cocteau para Picasso? Tenho que rever.
O monólogo não é exatamente assim, óbvio, não fiz a tradução, nem saberia fazer bem. Este filminho eu vi ontem na Tv e achei agora aqui, é um curta metragem em homenagem a Jean Cocteau feito por Godard e o homem que fala sem parar com o cigarro na boca, é Belmondo, muito jovem, não lembrava dele tão jovem. Foi filmado no quardo de Godard, num hotel. Delícia de filminho, precioso!
E Cocteau devia ter razões fortes para destestar as mulheres.

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