terça-feira, julho 10, 2007
Cartinha de Pim/ Arquivo revisitado
Árvore solitária.Van Gogh.
Estou sem vontade de ficar aqui, de escrever, de nada.
Coloco este post antigo, mas que muitos não conhecem. Dói ler esta carta, dói lembrar Pimenta e seu amor por mim não correspondido, e por ironia, me dói o meu amor impossível, aquele a quem incensei a vida toda e para quem nunca fui prioridade, apesar de me saber amada. E doem amores outros inventados, imaginários. Dói mais ainda quando a imagem se quebra. Pois é...
Para quem ainda não leu os poemas de Pim no blog, vá ler, são ótimos, estão no início do blog. Pim foi um amigo querido que morreu antes dos 30 anos, estudamos o curso científico(médio) juntos. Depois eu fui par ao Rio e ele para Niterói, nos víamos pouco, mas nos correspondíamos várias vezes por semana- era tempo de cartas ainda, mas poucos escreviam, éramos exceções.
Niterói, 08 de abril de 1976.
Lian querida:
Estava lendo:
”são vendedores ambulantes
De flores, frutas, flanelas,
doces, beijus, vassouras,
jornais e todo um extravagante
acervo de bugigangas”.
Fiquei pensando se não sou um deles, um vendedor de bugigangas, que tempo a fora sobrevive, subsiste, para apenas ver o tempo maquinalmente passar.
O amor, tecido de impossível, como um alvo móvel, fugidio, tão cultivado- tão sem futuro, ah...
Venham-me dizer eu você perdeu a vida inteira a se fazer de surda, e eu perdi a minha a me fazer de cantor.
Existem muitas formas de se morrer, lembra-se? Uma delas é devagar, mantendo acessa a chama de esperanças tolas, erguendo altares e perfumando leitos.
Uma porta sempre fechada ao final do corredor.
Ora,não há maneira de evitar o dizer que a amo?
Abraços
do seu
~~~
PS: Perdoe-me antigas ironias.
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