quarta-feira, junho 06, 2007
Mini conto: Casulo
Dormiu mal à noite, fazia calor. Lembrava dele.
Esperou às onze horas para ligar. Ele dorme tarde, prefere trabalhar de madrugada.
- Feliz aniversário, meu amor! Estou saindo para te dar um beijo.
- Ok. Venha.
Ele abriu a porta sorrindo, meio encabulado. Ela o abraçou apertado, beijou suas faces.
Trazia nas mãos um envelope e uma caixinha.
- O que é isso?
- Para você. Abra com cuidado, pode quebrar.
Enquanto abria, ele sorria. Sacudiu a cabeça e disse:
- Meu Deus! Você não tem jeito... É muito bonito. Onde arranjou isto?
- Catei à beira mar.
Abriu o desenho: um casal enroscado.
Então, ela, que mal se continha, jogou-o para trás no sofá e beijou seus olhos, sua boca, suas faces. Gemia de prazer.
Aí, levantou de repente e disse:
- Já sei, você tem que trabalhar. OK., nos vemos de noite ou vai dar para almoçarmos juntos?
- Não, querida, não vai dar.
Enquanto ela saía, ele pensava em como dizer-lhe que vai viajar no final do mês. Não gostaria de magoá-la, ao mesmo tempo não quer levá-la.
Pegou a caixa com o tubo de ensaio, observou aquelas conchinhas, que não são conchas na verdade, são casulos de alguma espécie marinha. Tão belas e tão frágeis. Lembram madrepérolas. Pensou nos presentes que ela lhe dá, sempre bonitos e frágeis, como ela. E no amor-casulo que os envolve.
E se entristeceu.
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