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de Leonilson
"Fazer o quê?"
"Não sei viver mais sem você", ela disse.
"Fazer o quê? Quer declaração amorosa com trilha sonora brega?" ele respondeu.
Ela se calou. Despediu-se com: "Um beijo ", a voz engasgada.
Ligou a TV. Ficou ali, olhos fixos na tela.
Não ouvia o que diziam, ressoavam dentro dela a voz dele- o som antes desejado, agora a feria.
Os olhos ardiam. Foi para a cama sem banho, sem comer, sem lágrimas.
Acordou mais cedo. No café da manhã o pão arranhava a garganta travada.
Deu comida para o cão, água, fez um leve carinho no bicho e saiu. Era seu ritual diário.
Nesta manhã não viu a paisagem. O tempo passou sem que ela percebesse. O tempo e a paisagem eram internos: uma voz e um rosto- hoje borrado. Ficará assim borrado até virar tela branca.
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